Ultraprocessados já respondem por quase um quarto da dieta do brasileiro, aponta estudo realizado

Estudo acompanhou a evolução do consumo desses alimentos no país e revelou que os índices mais que dobraram desde a década de 1980

Ultraprocessados já respondem por quase um quarto da dieta do brasileiro, aponta estudo realizado
Ultraprocessados já respondem por quase um quarto da dieta do brasileiro, aponta estudo realizado

Redação Com Informações De Agência - 15/12/2025 19:13:15 | Foto: iStock / Hispanolistic

Desde os anos 1980, a participação dos alimentos ultraprocessados no cotidiano dos brasileiros mais que dobrou, passando de cerca de 10% para 23% do total da dieta. O alerta aparece em uma série de artigos científicos publicados por mais de 40 pesquisadores, liderados por estudiosos da Universidade de São Paulo (USP).

Nesse sentido, eles analisaram a evolução do consumo no país e no mundo e reforçaram a importância de políticas públicas de promoção da alimentação adequada e saudável. Além disso, em um levantamento com 93 países, o consumo cresceu em praticamente todos, com exceção do Reino Unido, onde se manteve estável em torno de 50%.
Já nos Estados Unidos, esses produtos ultrapassam 60% da dieta. Em paralelo, países como Espanha e Coreia do Sul triplicaram o consumo em cerca de três décadas, enquanto a China saltou de pouco mais de 3% para cerca de 10%.
Quais fatores explicam o aumento do consumo de ultraprocessados?
Os artigos mostram que esse crescimento ocorre em nações de baixa, média e alta renda. Enquanto os países mais desenvolvidos já tinham consumo elevado, as regiões de menor renda registraram saltos mais acelerados nos últimos anos.

Dentro dos próprios países, o padrão se repete. Inicialmente, os ultraprocessados passaram a fazer parte da rotina de famílias com maior poder aquisitivo. Com o tempo, no entanto, esses produtos se popularizaram e chegaram a diferentes faixas da população, principalmente devido à praticidade, ao preço e à ampla distribuição no mercado.

Ademais, os especialistas destacam que fatores culturais exercem forte influência nesse cenário. Países com níveis econômicos semelhantes apresentam comportamentos distintos.

Enquanto o Canadá registra índices elevados de consumo, outras nações desenvolvidas, como Itália e Grécia, mantêm proporções bem menores, reforçando o papel dos hábitos alimentares tradicionais.

Quais são os alimentos ultraprocessados?
Para entender o que são alimentos ultraprocessados, é necessário conhecer o sistema de classificação NOVA, criado por pesquisadores da USP. Esse modelo não classifica os alimentos pelo tipo, mas, sim, pelo grau de processamento industrial. A divisão ocorre em quatro grupos, que vão dos alimentos naturais até os ultraprocessados.

No caso dos ultraprocessados, o destaque está nas formulações industriais com pouco ou nenhum alimento inteiro em sua composição. Em geral, esses produtos incluem diversos aditivos, como:
● realçadores de sabor;
● corantes artificiais;
● espessantes;
● conservantes.

Entre os exemplos mais comuns de alimentos ultraprocessados, estão salsichas, biscoitos recheados, molhos prontos, misturas para bolo, barras energéticas, sopa e macarrão instantâneos, refrigerantes, salgadinhos tipo chips, além de pizzas, hambúrgueres e nuggets congelados.
Em contrapartida, alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, legumes, carnes, peixes e grãos, mantêm a estrutura original e passam por transformações simples, como congelamento ou embalagem.

Problemas de saúde relacionados a alimentos ultraprocessados
Revisões publicadas na revista científica The BMJ analisaram mais de 30 anos de dados e identificaram aumento do risco de mortalidade geral, além de maior probabilidade de mortes por doenças neurodegenerativas.

Entre os principais problemas de saúde associados ao consumo frequente desses produtos, destacam-se:
● doenças cardiovasculares e hipertensão;
● diabetes tipo 2 e hiperglicemia;
● obesidade;
● cânceres, como mama, colorretal, pâncreas e próstata;
● transtornos mentais, como ansiedade e depressão;
● distúrbios do sono;
● doenças inflamatórias intestinais.

Além dos impactos metabólicos, o consumo excessivo de ultraprocessados também afeta a saúde bucal. Com isso, o tema ganha espaço em diferentes áreas do conhecimento, como na faculdade de odontologia (https://cursos.udf.edu.br/grad-odontologia-udf/p).
Afinal, segundo o Ministério da Saúde, uma dieta com consumo excessivo de açúcares e alimentos ultraprocessados, como bolachas recheadas, salgadinhos, balas, pirulitos e chicletes, aumenta o risco de problemas bucais, especialmente a cárie dentária, o que reforça a importância de escolhas alimentares mais equilibradas.

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