Acessibilidade global a vacinas é solicitada à medida que ocidente descarta doses vencidas

Menina mostra comprovante após ser vacinada em um local de vacinação contra a COVID-19 no East Lynn Park em Toronto, Canadá, no dia 12 de agosto de 2022.

Acessibilidade global a vacinas é solicitada à medida que ocidente descarta doses vencidas
Acessibilidade global a vacinas é solicitada à medida que ocidente descarta doses vencidas

Agência Xinhua De Noticias - 07/02/2023 08:40:28 | Foto: Por  Zou Zheng/Xinhua

O mundo luta contra o problema da distribuição desigual de vacinas contra a COVID-19 entre países ricos e de baixa rendas. No entanto, anos após o início da pandemia, as promessas feitas por muitos países ricos continuam não sendo cumpridas.

Londres, 4 fev (Xinhua) -- Como a pandemia da COVID-19 continua sendo uma ameaça à saúde pública global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu no mês passado que o ímpeto da vacinação seja mantido para atender melhor a doença nos grupos de alta prioridade.

A aceitação da vacina em países de baixa e média rendas ainda é insuficiente, o que se tornou uma preocupação com o risco contínuo, segundo a OMS.

O mundo luta contra o problema da distribuição desigual de vacinas contra a COVID-19 entre países ricos e de baixa rendas. No entanto, anos após o início da pandemia, as promessas feitas por muitos países ricos continuam não sendo cumpridas.

"Ninguém está seguro até que todos estejam", disse Seth Berkley, CEO da aliança global de vacinas Gavi.

PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS

Segundo dados do Our World in Data, em dois anos os países desenvolvidos já haviam conseguido doses suficientes para vacinar a população com mais de uma dose cada. Mas mesmo agora, muitos países ocidentais desenvolvidos ainda não cumpriram suas promessas de entregar vacinas a países de baixa renda.

Atualmente, há quase 400 milhões de doses de vacinas anunciadas pelos Estados Unidos, mas ainda não doadas, segundo os dados. Para Reino Unido e Suíça, o número é de 41 milhões e 6,2 milhões.

Comentando sobre as baixas taxas de vacinação em países de baixa renda, Richard Hatchett, CEO da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias, disse à Xinhua em uma entrevista que "o atraso nas vacinas é inadmissível".

No mês passado, na Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial de 2023 em Davos, Suíça, Hatchett pediu que os países e fabricantes priorizem o fornecimento de vacinas para o programa global COVAX.

VACINAS DESCARTADAS

De acordo com um relatório do qz.com em outubro passado, o Canadá descartou quase 14 milhões de doses de vacina da AstraZeneca no início de 2022. A Suíça também fez isso com mais de 14 milhões de doses, o que foi mais de quatro vezes as quantidades doadas para países de baixa renda.

O que também piorou a acessibilidade global das vacinas é que alguns países de baixa renda tiveram que recusar a oferta de doses de vacinas que deveriam vencer em breve ou tiveram que descartá-las.

Em maio de 2021, o Malawi descartou quase 20.000 doses de vacinas da AstraZeneca, que chegaram ao país no final de março, mas venceriam em 13 de abril.

Em um artigo publicado no jornal Sunday Mirror em 2021, o embaixador da OMS para o Financiamento Global da Saúde, Gordon Brown, disse que o estoque ocidental de vacina contra COVID-19 cresce diariamente, mas muitos países menos favorecidos não estão recebendo.

"Precisamos agir imediatamente", disse o ex-primeiro-ministro britânico.

DIFERENÇA NA DISTRIBUIÇÃO

A óbvia diferença na distribuição de vacinas entres países ricos e pobres chamou a atenção de muitos especialistas. Vários alertaram que por quanto mais tempo a distribuição desigual da vacina continuar, mais amplo o COVID-19 ficará e novas variantes surgirão.

A distribuição extremamente desigual de vacinas caracterizou a disponibilidade de doses entre os países, disse um estudo publicado em agosto de 2022 na revista britânica Communications Medicine. "Em um mundo desigual com economias abertas, as pandemias vão além das nas fronteiras nacionais", destacou.

Como cerca de 85% da população global reside em países de baixa e média rendas, a maior parte da humanidade continua exposta a surtos contínuos, disse o estudo, acrescentando que essa situação aumenta o risco de novas variantes do vírus, possivelmente reduzindo eficácia das vacinas.

A maioria das pessoas nos países menos favorecidos do mundo pode não ter acesso às vacinas contra COVID-19 até pelo menos meados de 2023, afirmou.

"Só impediremos novas variantes se conseguirmos proteger toda a população, não apenas os ricos", disse Berkley.

Enquanto grande parte da população mundial não for vacinada, as variantes continuarão surgindo e a pandemia continuará se espalhando, disse ele.

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