Moraes reabre processo de Ramagem pelo 8/1 após cassação do deputado

Alexandre de Moraes concede prisão domiciliar para Augusto Heleno

Moraes reabre processo de Ramagem pelo 8/1 após cassação do deputado
Moraes reabre processo de Ramagem pelo 8/1 após cassação do deputado

Lucas Marchesini, Brasília, Df (folhapress) - 23/12/2025 07:57:03 | Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes reabriu o processo contra o deputado cassado Alexandre Ramagem. A decisão pode levar a um aumento na pena do ex-parlamentar, que fugiu do Brasil e está nos Estados Unidos.

O julgamento de alguns dos crimes da trama golpista ocorridos após a diplomação de Ramagem havia sido suspenso pela Câmara enquanto ele ainda era deputado federal.

Trata-se dos tipos penais ligados ao 8 de Janeiro: dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

Ramagem foi condenado a mais de 16 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

A fuga, por sua vez, o levou a perder o mandato de deputado federal, o que aconteceu na última semana após decisão da mesa diretora da Câmara dos Deputados.

Com a reabertura do processo, Moraes determinou a realização de audiências de instrução com a oitiva de testemunhas de acusação e de defesa.

Ainda nesta terça, a Câmara dos Deputados cancelou os passaportes diplomáticos de Ramagem e do ex-deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), que também está nos Estados Unidos.

O cancelamento dos passaportes não afeta de maneira imediata a permanência dos dois nos EUA, segundo fontes diplomáticas do governo americano. Esse direito é concedido, geralmente com prazo definido, no momento da entrada do cidadão de outro país em território dos Estados Unidos.

Ramagem chegou aos EUA em novembro. Eduardo viajou ao país em março, mas já saiu para viagens internacionais e voltou ao território americano mais recentemente, também em novembro.

Além disso, o governo do Brasil pede a extradição de Ramagem. O pedido já foi encaminhado pelo Ministério da Justiça ao Itamaraty.

Alexandre de Moraes concede prisão domiciliar para Augusto Heleno

LUCAS MARCHESINI,MBRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concedeu prisão domiciliar para o ex-ministro Augusto Heleno. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (22). Heleno foi condenado a 21 anos de prisão pela corte por tentativa de golpe de Estado.

"A adoção de prisão domiciliar humanitária mostra‑se razoável, adequada e proporcional, sobretudo porque, além dos graves problemas de saúde e da idade avançada, não há, e jamais houve até o presente momento, qualquer risco de fuga causado pelo comportamento do apenado", diz Moraes em sua decisão.

Heleno deverá usar tornozeleira eletrônica e entregar o passaporte. Além disso, Moraes proibiu visitas, com exceção de seus advogados e de sua equipe médica além de pessoas previamente autorizadas pelo STF. O ex-ministro também está proibido de qualquer comunicação por telefone, celular ou redes sociais.

A defesa de Heleno afirmou em nota que "a decisão representa o reconhecimento da necessidade de observância dos direitos fundamentais, especialmente o direita à saúde e à dignidade da pessoa humana".

"Desde o início, a defesa demonstrou a incompatibilidade da prisão em ambiente carcerário", prosseguiu.

A nota afirma ainda que Heleno "cumprirá todas as medidas cautelares impostas e permancerá ao lado de sua família".

O descumprimento de qualquer um desses itens acarretará a volta de Heleno para o regime fechado. "O condenado deverá requerer previamente autorização para deslocamentos por questões de saúde, com exceção de situações de urgência e emergência, as quais deverão ser justificadas, no prazo de 48 horas, após o respectivo ato médico", determina a decisão.

A cúpula do Exército esperava por uma decisão nesse sentido de Moraes, conforme revelou a Folha. General da reserva, Heleno foi levado para o Comando Militar do Planalto para cumprir a pena após ter sido condenado na trama golpista.

A defesa de Heleno apresentou no processo uma linha do tempo segundo a qual o general tem histórico psiquiátrico desde 2018 (transtorno depressivo grave), com remissão em 2020, voltou a apresentar sintomas de ansiedade e queixas cognitivas em 2022, passou a registrar falhas de memória progressivas ao longo de 2023; fez uma avaliação neuropsicológica em 2024, que já sugeria processo demencial.

Após exames especializados, como ressonância, líquor e testes cognitivos, teve então o diagnóstico definitivo de demência mista (Alzheimer e vascular) apenas em janeiro de 2025. A doença não foi trazida à tona pela defesa do militar ao longo da tramitação do processo.

Em novembro, a PGR (Procuradoria-Geral da República) se manifestou favoravelmente à concessão da domiciliar. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que a medida seja autorizada em caráter humanitário.

O ministro Alexandre de Moraes determinou no início deste mês uma perícia médica para avaliar a situação de Heleno. A decisão de hoje vem depois da perícia confirmar o diagnóstico do militar.

O ex-presidente Jair Bolsonaro também aguarda uma decisão de Moraes sobre sua situação médica. A defesa dele pediu a realização de uma cirurgia para corrigir um problema no intestino. O STF aguarda que os advogados de Bolsonaro apresentem uma data para a realização do procedimento.

Heleno foi condenado por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado. Ele foi acusado de ser um dos responsáveis pela construção da narrativa de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.

A denúncia diz que o general, em conjunto com o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem, preparou o discurso de Bolsonaro e anuiu com espionagens ilegais favoráveis ao ex-presidente. A defesa do general negou todas as acusações.

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