Lacunas nas políticas globais
Agência Onu News - 13/11/2025 18:32:30 | Foto: © UNICEF/Antti Helin
Quatro entidades da ONU uniram-se para colocar a saúde mental de crianças e jovens no centro das políticas públicas internacionais; agências alertam que, apesar dos avanços, a ausência de compromissos específicos continua a deixar milhões de jovens sem apoio adequado.
A saúde mental e o bem-estar de crianças e adolescentes devem ser prioridade nas agendas e políticas públicas. A recomendação é de quatro agências da ONU que divulgaram um apelo conjunto, na semana passada, pedindo mais investimentos para a área.
O documento é assinado pela agência da ONU para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, o Escritório da Juventude e a Organização Mundial da Saúde, OMS.
Lacunas nas políticas globais
O apelo sublinha que, embora o tema tenha ganhado espaço nas políticas globais, faltam uma narrativa unificada e investimentos consistentes, especialmente em prevenção e intervenção precoce.
Apesar do crescente reconhecimento da importância da saúde mental, as crianças e os jovens continuam amplamente ausentes dos compromissos internacionais e dos sistemas de financiamento e fiscalização.
A ausência de uma resolução dedicada à saúde mental infantojuvenil, a falta de compromissos específicos por faixa etária e a inexistência de mecanismos que garantam a participação ativa de jovens na criação de políticas públicas são algumas dessas falhas.
Dados recentes mostram que apenas 56% dos países possuem políticas ou planos específicos para esta faixa etária, e menos de metade oferece serviços comunitários ou escolares de apoio psicológico.
Um apelo à ação coordenada
O comunicado insta os Estados-Membros a adotarem e implementarem estratégias nacionais de saúde mental alinhadas com o Plano de Ação Integral de Saúde Mental da OMS e o Programa Conjunto Unicef-OMS sobre Bem-Estar e Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes.
As agências também pedem a criação de uma plataforma interinstitucional global, que una governos, redes juvenis e a sociedade civil, para harmonizar diretrizes técnicas, mecanismos de financiamento e prestação de contas.
Participação e prevenção no centro das soluções
As entidades da ONU sublinham que as crianças e os jovens devem ser parceiros ativos, não apenas beneficiários das políticas.
O objetivo é promover ambientes seguros e inclusivos, tanto nas escolas como nas comunidades e espaços digitais, onde a saúde mental seja apoiada de forma integral.
O comunicado defende um modelo de prevenção e promoção baseado em ecossistemas, que conecte serviços de saúde, educação, cultura, desporto, artes e proteção social, criando redes de apoio acessíveis e sustentáveis.
Rumo a uma nova agenda global de bem-estar juvenil
O apelo conjunto propõe ainda integrar indicadores de saúde mental nos sistemas nacionais de informação e em inquéritos populacionais, como forma de reforçar a responsabilização e o acompanhamento do progresso.
Para a ONU, investir em políticas inclusivas e sustentáveis é essencial para garantir que nenhuma criança ou jovem seja deixado para trás, num contexto em que 1 em cada 7 adolescentes entre 10 e 19 anos enfrenta condições de saúde mental que permanecem, em grande parte, sem diagnóstico e tratamento adequados.
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