Associações médicas criticam decisão de não incorporar emagrecedores no SUS

Queixam-se ainda de que a Conitec negou cinco vezes a incorporação de medicamentos para obesidade, tendo como justificativa os altos custos.

Associações médicas criticam decisão de não incorporar emagrecedores no SUS
Associações médicas criticam decisão de não incorporar emagrecedores no SUS

São Paulo, Sp (folhapress) - 24/08/2025 18:50:40 | Foto: Reprodução Nicardio

Três associações médicas se manifestaram contra a decisão da Conitec (Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias) de não incorporar os emagrecedores liraglutida (Saxenda) e semaglutida (Wegovy) no SUS (Sistema Único de Saúde).

Em nota conjunta, a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), a SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) e a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) afirmam que, nas análises da Conitec, não foi observado o custo-efetividade das substâncias, que são aplicadas em canetas emagrecedoras.

Os dirigentes Fabio Trujilho, da Abeso, Ruy Lyra, da SBD, e Neuton Dornelas, da SBEM, argumentam que hoje o acesso aos tratamentos é exclusivo para quem consegue pagar e que a indisponibilidade no sistema público fere os princípios de equidade, universalidade e integralidade do SUS.

A semaglutida, na dosagem 2,4 mg semanal, foi submetida para tratamento de pacientes com obesidade grau 2, sem diabetes, com idade a partir de 45 anos e com doença cardiovascular estabelecida. Já a liraglutida, 3 mg uma vez ao dia, foi avaliada para o tratamento de pacientes com obesidade e diabetes tipo 2.

A incorporação da semaglutida foi solicitada pela farmacêutica Novo Nordisk, produtora do Wegovy, da Saxenda e do Ozempic. Já a liraglutida foi um pedido dessas sociedades médicas.

Apesar de reconhecer a semaglutida 2,4 mg (Wegovy) como uma tecnologia inovadora, a decisão foi pautada por restrições orçamentárias e fiscais, disse a farmacêutica Novo Nordisk em nota à imprensa.

Segundo os relatórios do Ministério da Saúde sobre os medicamentos, o custo anual estimado por paciente representaria um impacto significativo: R$ 9.885,60 para a liraglutida e R$ 17.584,80 para a semaglutida. O impacto financeiro foi estimado em R$ 8 bilhões por ano.

Em nota após a negativa, a pasta afirmou que as decisões da Conitec sobre a incorporação de medicamentos no SUS consideram as melhores evidências científicas disponíveis, abrangendo eficácia, segurança e análises de custo-efetividade.

As sociedades argumentam que a estratégia de condicionar o tratamento medicamentoso no SUS à implementação de medidas populacionais de prevenção é inadequada e que os pacientes do sistema público continuarão "assistindo à elitização do tratamento e permanecerão indefinidamente sem assistência".

Queixam-se ainda de que a Conitec negou cinco vezes a incorporação de medicamentos para obesidade, tendo como justificativa os altos custos. Também afirmam que a Conitec negou avaliar a incorporação da sibutramina, solicitada pelas sociedades em dezembro de 2024.

Medicamento emagrecedor com registro válido mais antigo no Brasil, a substância foi envolvida em polêmicas depois que um estudo demonstrou sua relação com um aumento de riscos cardiovasculares. Depois, ficou demonstrado que o seu benefício era maior que o seu risco, e foram estabelecidas regras para maior controle da sibutramina, como exigência de receita controlada.

"Não é aceitável que não seja disponibilizado sequer um medicamento de baixo custo que é amplamente utilizado. Também não é aceitável que, frente ao claros benefícios dos medicamentos de nova geração, como a liraglutida e a semaglutida, os mesmos também não sejam disponibilizados para alguns pacientes de grupos específicos de maior risco, com contraindicação ao medicamento de baixo custo."
A Novo Nordisk disse em nota que o parecer negativo se deve ao "histórico subfinanciamento do SUS", somado ao "contexto de desequilíbrio fiscal, restrições orçamentárias e obsolescência dos mecanismos de incorporação vigentes".

A empresa afirmou compreender que tais desafios impedem a oferta de tecnologias inovadoras, "mesmo quando estas são evidentemente custo-efetivas", e reafirmou seu compromisso em atuar como parceira estratégica no combate à obesidade no Brasil.

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