Inflação fecha 2023 em 4,62% e fica abaixo do teto da meta
São Paulo, Sp (folhapress) - 11/01/2024 11:36:39 | Foto: Painel da B3 . Divulgação
A Bolsa brasileira operava queda e do dólar caía na manhã desta quinta-feira (11), após divulgações de novos dados de inflação nos Estados Unidos e no Brasil, que apresentaram leve aceleração de preços em dezembro.
O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla inglês) americano, indicador mais esperado pelo mercado nesta semana, fechou 2023 em 3,4%, levemente acima dos 3,2% projetados pelo mercado. Na variação mensal, o índice ficou em 0,3%, ante previsão de 0,2%.
Apesar da surpresa para cima, o dado veio praticamente em linha com o esperado e não altera o cenário projetado pelo mercado para os juros americanos. Com isso, investidores se mantêm em compasso de espera, e a Bolsa brasileira ronda a estabilidade.
Às 10h58, o Ibovespa caía 0,27%, aos 130.483 pontos, enquanto o dólar recuava 0,07%, cotado a R$ 4,887.
No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta manhã que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do país, fechou 2023 em 4,62%, dentro do teto da meta do Banco Central.
Foi a primeira vez em três anos que a inflação terminou o acumulado anual dentro da meta da autoridade monetária, o que livrou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, da obrigação de escrever uma nova carta aberta ao ministro da Fazenda.
Apesar disso, o indicador também surpreendeu para cima. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam variação de 4,55%.
"Em linhas gerais, a surpresa resultou de uma inflação mais elevada de alimentos e de serviços. Por outro lado, mantemos a nossa visão de que ela segue em uma dinâmica benigna", afirma João Savignon, chefe de pesquisa econômica da Kínitro Capital.
Ele afirma que riscos para alta na inflação, como o El Niño, que eleva riscos de estragos no campo e ameaça reduzir a oferta de alimentos, seguem no radar, mas que um arrefecimento nos preços é possível.
Já analistas do Itaú BBA destacam que as maiores pressões nos preços vieram de bens industriais e de alimentação no domicílio, o que reforça o impacto que o El Niño deve ter no primeiro trimestre do ano. A equipe afirma, no entanto, que o movimento deve ser devolvido posteriormente ao longo do ano.
"Para 2024, projetamos continuidade do processo de desinflação em curso, com o IPCA em 3,6% no fim do ano", dizem os analistas.
Inflação fecha 2023 em 4,62% e fica abaixo do teto da meta
LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), fechou o acumulado de 2023 em 4,62%, apontou nesta quinta-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com o resultado, o índice encerrou o ano passado abaixo do teto de 4,75% da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). O IPCA havia estourado o limite superior da meta nos dois anos anteriores, em 2022 (5,79%) e 2021 (10,06%).
Na mediana, analistas do mercado financeiro consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 4,55% para o acumulado de 2023, período que marcou o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No recorte mensal, o IPCA acelerou de 0,28% em novembro para 0,56% em dezembro, segundo o IBGE. Analistas esperavam taxa de 0,50% para o último mês de 2023, conforme a mediana da pesquisa da Bloomberg.
Ao longo do ano passado, o IPCA perdeu força com a trégua dos alimentos, após a disparada da inflação desses produtos em meio aos reflexos da pandemia, da Guerra da Ucrânia e de choques climáticos.
Em 2023, o aumento da oferta de mercadorias a partir da ampliação da safra agrícola ajudou a frear os preços da comida. Também houve maior disponibilidade de alimentos como carne e leite no país.
"A safra do ano passado foi muito boa. Melhorou a inflação e melhorou o PIB também", afirma o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Segundo ele, outro fator que ajuda a explicar a inflação menor de 2023 foi o impacto dos juros elevados. O crédito caro desestimulou a demanda por bens duráveis e, assim, freou os aumentos dos preços desses produtos, diz Braz.
Bens duráveis são mercadorias de maior valor agregado, cuja venda está associada a financiamentos, como veículos e eletrodomésticos.
Ainda de acordo com Braz, a desaceleração dos preços de parte dos serviços completa a lista de componentes que atenuaram o IPCA em 2023.
Por outro lado, afirma o economista, os preços administrados, que incluem gasolina e energia elétrica, impediram uma perda de força mais intensa do índice de inflação.
A pressão dos monitorados veio na esteira da retomada da cobrança de tributos que haviam sido congelados pelo governo Jair Bolsonaro (PL) às vésperas das eleições de 2022. "Como os impostos voltaram, os monitorados tiveram protagonismo", diz Braz.
O centro da meta de inflação, referência para a política monetária do BC, era de 3,25% em 2023. O intervalo de tolerância era de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%).
CENÁRIO PARA 2024
Em 2024, a expectativa de analistas é de que o IPCA desacelere a 3,90% no acumulado do ano, conforme a mediana da edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda-feira (8) pelo BC.
O centro da meta é de 3% em 2024, 2025 e 2026, sempre com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais (4,50%) ou para menos (1,50%).
Conforme analistas, o cenário deste ano deve trazer alterações em relação a 2023. Uma das prováveis mudanças diz respeito aos alimentos, cujos preços tendem a subir em 2024 após a trégua no ano passado.
O principal fator por trás dessa estimativa é o El Niño, que eleva os riscos de estragos no campo. O fenômeno climático ameaça reduzir a oferta de alimentos, com eventual repasse para os preços finais. Assim, a comida pode impedir uma desaceleração mais intensa do IPCA no acumulado de 2024.
Entenda por que a inflação que você sente pode ser maior ou menor do que o IPCA
LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta quinta-feira (11) que a inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), fechou o ano de 2023 em 4,62%.
Isso, contudo, não quer dizer que todos os brasileiros sentiram a alta dos preços na mesma proporção. Cada família pode ter uma sensação de inflação diferente, que pode ser maior ou menor do que a taxa apontada pelo IPCA.
Essa diferença está associada ao fato de que o índice oficial mede a variação de uma ampla cesta de produtos e serviços, que podem estar presentes em maior ou menor escala no dia a dia de consumo de cada brasileiro.
"Sua cesta de compras, ou seja, os produtos e serviços que você consome regularmente, pode ser bem diferente da cesta média da população brasileira. Com isso, o seu índice pessoal de inflação pode ser maior ou menor do que o IPCA", afirma o IBGE em seu site.
"Por exemplo, uma família que não consome carne vermelha e não tem filhos em idade escolar terá, com certeza, um índice de inflação pessoal diferente do oficial, cujo cálculo coloca peso considerável na variação do preço da carne e da mensalidade escolar", acrescenta o instituto.
Produzido pelo IBGE desde 1980, o IPCA capta a inflação para famílias com rendimentos diferentes, de 1 a 40 salários mínimos. A cesta do índice é composta por 377 subitens (produtos e serviços).
O instituto define a composição do IPCA a partir da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), que mostra o que as famílias consomem e o peso de cada gasto no orçamento. Os dados mais recentes da POF são de 2017 e 2018.
Individualmente, a gasolina tem o maior peso no IPCA. Isso significa que uma forte alta ou uma baixa dos preços do combustível tende a gerar impacto relevante no resultado do índice.
Porém, as formas como os consumidores percebem as variações da gasolina são diferentes. Uma família com carro tende a sentir mais o efeito direto da alta ou da baixa dos preços nos postos de combustíveis do que uma família sem o veículo.
Para levantar os dados do IPCA, o IBGE coleta preços em dez regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Belém, Salvador, Fortaleza e Recife), além de Brasília e outros cinco municípios (Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju).
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