Bolsa recua e dólar sobe para R$ 4,98 após dados do IPCA

Bradesco perde R$ 24,1 bi em um dia, novo capítulo da disputa entre Paper e J&F e o que importa no mercado

Bolsa recua e dólar sobe para R$ 4,98 após dados do IPCA
Bolsa recua e dólar sobe para R$ 4,98 após dados do IPCA

São Paulo, Sp (folhapress) - Artur Búrigo - 08/02/2024 10:42:51 | Foto: Reprodução Sindicato de Santos e Região

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar abriu em alta ante o real nesta quinta-feira (8). Às 10h47, a moeda americana sobe 0,24%, a R$ 4,9799. Já o Ibovespa cai 0,15%, a 129.744 pontos.

Investidores repercutem o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de janeiro. A inflação oficial do Brasil desacelerou para 0,42% após marcar 0,56% em dezembro, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã.

A expectativa de analistas consultados pela agência Bloomberg era de uma variação menor, de 0,34%, no primeiro mês deste ano.

"De forma geral, a inflação segue controlada, mas há alguns sinais de alerta; a composição do IPCA teve uma leve piora qualitativa", disse Gustavo Sung , economista-chefe da Suno Research. "Para a política monetária, esse dado não deve alterar o plano de voo já anunciado pelo Banco Central, de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões."
Participantes do mercado têm dito que a perspectiva de manutenção do ritmo de afrouxamento monetário pelo BC, sem espaço para aceleração dos cortes, pode jogar a favor do real, uma vez que, desta forma, a Selic permanecerá em nível restritivo por um bom tempo, apesar da flexibilização.

Juros altos no Brasil tornam o real mais atraente para uso em estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimo em país de taxas baixas e investimento desse dinheiro em praças mais rentáveis.

Outro ponto de atenção no mercado é a posição de membros do Fed (banco central dos EUA) sobre o corte nos juros americanos.

Na véspera, autoridades do Fed reforçaram que são necessários mais dados para haver certeza sobre a trajetória da inflação e espaço para cortes de juros.

Recentemente, após sinais mais cautelosos dos membros do Fed, incluindo o chair Jerome Powell, e dados de emprego norte-americanos mais fortes do que o esperado, operadores de futuros dos juros dos EUA reduziram as apostas de que o início do afrouxamento monetário seria em março. Isso por sua vez, tem fortalecido o dólar globalmente.

Na quarta (7), a moeda norte-americana fechou com alta de 0,11%, cotada aos R$ 4,967. A sessão de quarta-feira foi de relativa estabilidade, conforme operadores esperavam mais informações sobre a política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) para mudar de posição.

Adriana Kugler, diretora da autoridade monetária, afirmou que está "otimista" quanto à queda da inflação, mas que os formuladores de políticas precisam ter mais certeza de que a trajetória se confirma antes de reduzir os juros.

"Permanecerei focada no lado da inflação de nosso mandato duplo até que esteja confiante de que a inflação está retornando de forma duradoura à nossa meta de 2%", disse Kugler em seu primeiro discurso sobre política monetária desde que entrou para a diretoria do Fed em Washington, em setembro.

Os recados não trouxeram grandes novidades, e a sessão acompanhou o noticiário externo, onde a moeda norte-americana apresentava sinais mistos.

Já no mercado acionário, a Bolsa fechou em queda de 0,36%, aos 129.952,56 pontos, puxada pelo derretimento de 15,66% dos papéis do Bradesco após a divulgação do balanço de 2023 frustrar investidores.

O banco anunciou um lucro líquido recorrente de R$ 16,297 bilhões em 2023. O número é 21,2% menor que o registrado em 2022, quando o resultado da companhia também encolheu 21%, para R$ 20,7 bilhões, e também veio abaixo das estimativas do mercado, de R$ 18,09 bilhões. O Bradesco perdeu R$ 24,1 bilhões em valor de mercado no pregão.

O Itaú também fechou em baixa, a 0,72%. O movimento reverteu parte dos ganhos de terça-feira, quando anunciou lucro líquido de R$ 35,6 bilhões no último ano em balanço corporativo.

Entre as altas de quarta-feira, destaque para Petrobras (0,95%) e Vale (0,19%), as duas empresas de maior peso no Ibovespa.

A petroleira avançou depois que o presidente da estatal, Jean Paul Prates, afirmou planejar investir mais de US$ 100 bilhões na exploração e produção offshore. Segundo disse ao Financial Times, o foco no negócio principal da petrolífera será mantido. A valorização do barril do petróleo tipo Brent no exterior também ajudou a impulsionar as ações da Petrobras e de pares do setor.

Já a Vale surfou na alta dos futuros do minério de ferro na China, depois que Pequim sinalizou que as autoridades estão intensificando esforços para apoiar os mercados.

Lideraram as altas Petz (9,49%), Locaweb (4,95%), Atacadão (4,39%) e Casas Bahia (4,35%).

Bradesco perde R$ 24,1 bi em um dia, novo capítulo da disputa entre Paper e J&F e o que importa no mercado

Bradesco perde R$ 24,1 bi em um dia, novo capítulo da disputa entre Paper e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (8).

O QUE DEU ERRADO NO BRADESCO
O Bradesco perdeu R$ 24,1 bilhões em valor de mercado nesta quarta, dia em que o banco divulgou seu balanço e detalhou um plano de recuperação para os próximos anos -as duas coisas desagradaram aos investidores.

A reação negativa do mercado, com tombo de 15,9% das ações preferenciais e de 13,02% das ordinárias, ilustra o tamanho do desafio que Marcelo Noronha, novo CEO do banco, terá pela frente.

Ele assumiu o cargo em novembro, no lugar de Octavio de Lazari Junior, que ficou no comando da instituição por seis anos.

O QUE EXPLICA A REAÇÃO DO MERCADO
↳ No balanço, o banco registrou lucro líquido de R$ 16,297 bilhões em 2023, um queda de 21,2% ante 2022 -ano em que já havia recuado 21%.

O resultado veio abaixo das estimativas do mercado (R$ 18,09 bilhões) e teve como destaques negativos a queda na rentabilidade -a pior desde, pelo menos, 2007- e a alta inadimplência -que, apesar de ter caído, é maior que a dos rivais.

O banco tem maior exposição ao público de baixa renda, considerado de maior risco e cuja inadimplência tende a aumentar em ciclos de alta de juros.

No plano de reestruturação, a visão dos analistas é de que a recuperação das margens do banco vai demorar para acontecer. O próprio Noronha confirmou que 2024 será um ano de transição, e os primeiros resultados devem vir só no ano que vem.

COMO O BRADESCO PLANEJA SE RECUPERAR
- Corte de custos: eliminação de cargos executivos intermediários entre diretoria e presidência.

- Digitalização: contratação de 3 mil a 4 mil novos funcionários que serão voltados para a estrutura digital do banco, também com o objetivo de diminuir custos operacionais.

- Redução de riscos: o banco trabalha para calibrar melhor sua análise de crédito e, dessa forma, reduzir sua taxa de inadimplência sem cortar a oferta de empréstimos.

NOVO CAPÍTULO DA DISPUTA ENTRE PAPER E J&F
O MPF pediu à Justiça a anulação do acordo de 2017 que transfere o controle da Eldorado, empresa de celulose e papel da J&F, para a Paper Excellence.

A Procuradoria citou a lei de restrições à propriedade de terras por estrangeiros e mencionou preocupações com "soberania" e "segurança nacional", de acordo com a agência Reuters.

Em dezembro, o Incra emitiu uma nota técnica dizendo que o acordo daria à Paper o controle de 14.486 hectares de terras rurais pertencentes à Eldorado e que ela precisaria pedir ao Congresso Nacional aval para tal aquisição.

O que diz a Paper: que adquiriu um complexo industrial de celulose e que "não tem interesse em comprar ou explorar terras rurais no Brasil".

O que diz a J&F: que está pronta para cumprir a recomendação do Incra e devolver R$ 3,77 bilhões à Paper Excellence em troca de uma participação de 49,41% na Eldorado.

Os últimos acontecimentos são novos episódios de uma das maiores disputas judiciais corporativas em curso no Brasil. Ela envolveu acusações de extorsão, roubo de emails, espionagem e hackeamento de servidores.

De um lado está a Paper, de origem canadense e malaia, de propriedade do bilionário indonésio Jackson Wijaya. Do outro a J&F, holding dos irmãos Batista.

ENTENDA
O acordo para a Paper comprar da J&F a Eldorado por R$ 15 bilhões foi fechado em setembro de 2017.

Após resolver pendências da empresa com fundos de pensão, estatais e fazer parte do pagamento pela compra, a companhia estrangeira ficou com 49,41% das ações.

Ela tinha um ano para liberar as garantias dadas pelos Batista em dívidas da Eldorado e ficar com os 50,59% restantes.

A J&F alega que a rival não cumpriu o combinado e perdeu o prazo para liberar as garantias.

Para a Paper, a holding não colaborou com as negociações (quebrando regra do contrato) e deliberadamente trabalhou para atrapalhar a concretização do negócio.

IPHONE DOBRÁVEL?
A Apple retomou os planos de lançar um smartphone com tela que dobra, publicou o site Information nesta terça.

Mas não espere a novidade para um futuro próximo. A empresa ainda tenta encontrar um modelo que encaixe em seus padrões de qualidade e não deve fabricar o dispositivo para o público pelo menos nos próximos dois anos.

O QUE SE SABE
- A Apple procurou pelo menos um fabricante na Ásia atrás de componentes para iPhones dobráveis de tamanhos diferentes;
- Os engenheiros da companhia tiveram dificuldades com o design porque o dispositivo pode quebrar facilmente;
- A ideia é desenvolver um smartphone tão fino quanto os modelos atuais do iPhone, mas ela esbarra no tamanho de bateria e em alguns componentes de tela.

Não é a primeira vez que a maior fabricante de celulares do mundo pensa em fabricar modelos dobráveis. Os primeiros planos surgiram em 2018, mas eles foram suspensos em meio a dificuldades de design e dúvidas sobre sua durabilidade.

Desde então, porém, os lançamentos da Samsung -versões Fold e Flip- ajudaram a aumentar a credibilidade sobre esses modelos e trouxeram outras fabricantes para o mercado. Entre elas, estão o Google a as chinesas Huawei e Oppo.

EM NÚMEROS
- 21 milhões de celulares dobráveis foram vendidos em 2023, segundo o grupo de pesquisa IDC.

- 48 milhões de unidades é a projeção do instituto para esses modelos em 2027.

UNIÃO DE GIGANTES
ESPN, Fox e Warner Discovery anunciaram que irão lançar uma plataforma conjunta de streaming esportivo para os consumidores dos EUA.

Juntas, elas detêm os direitos de transmissão das principais modalidades do país, como a maioria dos jogos da NFL (futebol americano), NBA (basquete), MLB (beisebol) e NHL (hóquei) e dos esportes universitários.

- Também estão no catálogo a Fórmula 1, a Copa do Mundo de 2026, três dos quatro principais torneios de tênis e o circuito de golfe.

Os impactos da nova plataforma
↳ Para os consumidores: ficará mais fácil encontrar onde um jogo está sendo transmitido, além de pagar por apenas um serviço de streaming. O preço de assinatura, porém, não será barato.

↳ Para as ligas esportivas: o trio terá um poder maior para negociar a renovação dos direitos -que hoje funcionam em uma espécie de leilão entre diferentes canais.

↳ Para a TV a cabo: é a maior ameaçada pelo negócio. O principal atrativo do modelo é justamente a integração de transmissões esportivas em um só lugar.

O que o Brasil tem a ver com isso? Por mais que a integração seja no primeiro momento apenas para os consumidores americanos, o modelo de negócio pode ser replicado por aqui.

A "divisão" de campeonatos que é comum por lá também já acontece aqui. São exemplos a Copa do Brasil (direitos divididos entre Globo e Amazon) e campeonatos estaduais (TV aberta, fechada e YouTube).

POR FALAR NISSO...

A Globo fechou nesta quarta a compra dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro dos clubes da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) de 2025 a 2029.

Falta um acordo com os clubes da LFF (Liga Forte Futebol), mas ainda não houve proposta formal. Explicamos aqui por que duas ligas disputam os direitos do Brasileirão no país.

O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER

PIB
Dívida pública volta a subir no 1º ano de Lula, e analistas veem trajetória de alta em 2024. Indicador observado por investidores na hora de avaliar saúde das contas públicas atinge 74,3% do PIB.

BNDES
Lula diz que papel do Estado não é atender megaempresários que 'só servem para pedir bilhões'. Presidente traçou paralelo entre quem compra fiado e ricos que pedem empréstimo ao BNDES. Declaração vai de encontro à programa do governo para indústria.

CARREIRA
Maternidade ainda é grande dilema para mulheres que ambicionam cargos de liderança. Fora do campo das preocupações dos dirigentes homens, os filhos adicionam desafios para as executivas de empresas.

Inflação fica acima das projeções em janeiro com pressão de alimentos

A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 0,42% em janeiro, após marcar 0,56% em dezembro, apontam dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da perda de força, o índice ficou acima da mediana das projeções do mercado financeiro. A expectativa de analistas consultados pela agência Bloomberg era de variação de 0,34% no primeiro mês de 2024.

Com o novo resultado, o IPCA atingiu 4,51% no acumulado de 12 meses, diz o IBGE. Nesse recorte, a alta dos preços era de 4,62% até dezembro.

Conforme o IBGE, a inflação de janeiro foi puxada pelo grupo alimentação e bebidas. A alta dos preços desse segmento acelerou a 1,38%, após marcar 1,11% no mês anterior. Com o resultado, o grupo exerceu o principal impacto no IPCA de janeiro (0,29 ponto percentual).

"O aumento nos preços dos alimentos é relacionado principalmente à temperatura alta e às chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país", disse o gerente da pesquisa do IPCA, André Almeida.

De acordo com o IBGE, esta é a maior alta de alimentação e bebidas para um mês de janeiro desde 2016 (2,28%).

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) é de 3% para o acumulado de 2024. A tolerância é de 1,5 ponto percentual para menos ou para mais. Assim, a meta será cumprida se o IPCA ficar no intervalo de 1,5% (piso) a 4,5% (teto).

Na mediana, projeções do mercado financeiro apontam que o IPCA fechará 2024 em 3,81%, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC na terça-feira (6). A previsão está abaixo do teto da meta (4,5%).

Nos últimos meses, o Brasil atravessou eventos climáticos extremos, como ondas de calor no Sudeste, seca no Norte e tempestades no Sul. O país vive os reflexos do fenômeno El Niño, conhecido por afetar a distribuição das chuvas.

Segundo analistas, os episódios climáticos tendem a pressionar em 2024 os preços dos alimentos, que afetam principalmente o bolso dos consumidores mais pobres. As famílias com renda menor destinam uma fatia maior do orçamento, em termos proporcionais, para a compra de comida.

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