Estes médicos poderiam ter sido chamados para atuar e cuidar do nosso povo
Alexandre Padilha - Brasil De Fato - 13/03/2021 08:53:26 | Foto: Romeu Escanhoela / Fotos Públicas
O governo têm uma atitude de desprezo aos médicos brasileiros. Uma atitude de agressão, dizendo que 'se eles querem cuidar das pessoas, eles que voltem para os países onde se formaram'
No meio do crescimento de casos e de mortes, no meio do surgimento de novas variantes do vírus que infecta mais jovens - e que têm maior capacidade de transmissão e possívelmente associadas à maior letalidade - o governo Bolsonaro continua ignorando a presença de cerca de 15 mil médicos brasileiros formados no exterior e os impedindo de atuar aqui no nosso país pelo programa Mais Médicos.
Estes médicos poderiam ter sido chamados para atuar e cuidar do nosso povo.
Faz muita falta essa força de trabalho de médicos e médicas em todo o país. São profissionais que já atuaram nas áreas mais pobres do país, nas comunidades mais vulneráveis, nas áreas mais remotas e que poderiam estar cuidando da população brasileira neste momento tão difícil.
A lei existe, que é a lei do Mais Médicos, mas o governo federal se nega, desde o começo do governo Bolsonaro, a chamar estes profissionais.
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Inclusive, o governo têm uma atitude de desprezo a eles. Uma atitude de agressão, dizendo que "se eles querem cuidar das pessoas, eles que voltem para os países onde se formaram".
Essa é uma agressão inadimissível a jovens brasileiros que buscaram realizar seu sonho de serem médicos, se formando em outros países.
Estes jovens querem voltar para cuidar do nosso povo - e mesmo diante da maior trajédia humana nesta pandemia - o governo Bolsonaro se nega a chamá-los.
Outro episódio desta crueldade com esses médicos e com o povo brasileiro é o que o governo Bolsonaro faz com o Exame Nacional de Revalidação. O Revalida foi criado na gestão do governo Dilma, quando eu era ministro da Saúde e o Fernando Haddad era ministro da Educação.
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Desde o governo Temer não se realizam as provas do Revalida até o final. Ou seja, não concedem a oportunidade de validação do diploma de médicos formados no exterior de atuarem no Brasil.
Em 2019, o governo federal passou a ser obrigado a realizar, no mínimo, dois exames Revalida por ano. Inclusive têm projetos e emendas minhas, que passaram no Congresso Nacional, que contribuem para essa obrigatoriedade.
Nem em 2020, em plena pademia, o governo federal cumpriu isso. Fez apenas uma edição que até agora não se encerrou, ou seja, a segunda fase ainda não existiu.
Fizemos no meu mandato de deputado federal uma ação peticionando, junto ao Ministério da Educação, para que esclareça o mais rápido possível aos vários jovens que já fizeram a primeira fase da prova do Revalida e que estão esperando até agora as informações sobre a segunda fase, como edital, data e local.
Mas nada, o governo federal deixa milhões de brasileiros sem médicos e milhares de médicos brasileiros sem poderem cuidar do nosso povo.
*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial da redação
Edição: Leandro Melito
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