A entidade que administra a casa arrecada de R$ 18 mil a R$ 20 mil por mês.
Naief Haddad, Diamantina, Mg (folhapress) - 07/07/2025 10:56:29 | Foto: Prefeitura Municipal de Diamantina
A Casa de Juscelino Kubitschek, imóvel histórico em Diamantina (MG) onde o presidente do Brasil de 1956 a 1961 passou a infância e a adolescência, completa quatro décadas como um museu e enfrenta problemas de conservação.
Construção de pau a pique erguida há mais de cem anos, a residência de estilo colonial passou por uma ampla reforma em 1985 e abriu para o público, com um acervo, em 12 de setembro daquele ano, dia do aniversário de JK.
Localizado no centro da cidade tombada como patrimônio histórico da humanidade pela Unesco, o espaço reúne boa parte da biblioteca que pertenceu ao político mineiro, além de fotos, manuscritos e itens pessoais, como o avental de médico, profissão que ele exerceu dos anos 1920 à década de 1940.
O projeto foi uma iniciativa de Serafim Jardim, assessor do ex-presidente em seus últimos nove anos de vida -Juscelino morreu em um acidente de carro em 1976. Então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves desapropriou a casa em 1983 e a cedeu por um contrato de comodato para a entidade sem fins lucrativos dirigida por Serafim.
Na estrutura de madeira que sustenta o telhado da casa, pelo menos duas vigas estão deterioradas, uma delas em avançado processo de apodrecimento.
O pequeno quarto usado por JK dos 3 aos 19 anos está razoavelmente bem conservado, diferentemente do cômodo ao lado, onde se vê uma rachadura de pelo menos dois metros de extensão, na parede e no teto.
Em 1994, um anexo foi construído em um terreno nos fundos da casa. Uma das salas do anexo reconstitui o consultório de Juscelino, que expõe, entre outras curiosidades, um aparelho de anestesia dos anos 1930. Por outro lado, chama a atenção a infiltração que domina uma das paredes do espaço.
Infiltrações também saltam aos olhos em outra sala do anexo, a que homenageia Sarah Kubitschek, com quem JK se casou em 1931, e em um dos muros do local.
A entidade que administra a casa arrecada de R$ 18 mil a R$ 20 mil por mês, segundo Serafim. São apenas duas fontes de renda: a venda de ingressos -a entrada custa R$ 20, e estudantes de Diamantina não pagam- e as doações, principalmente de duas pessoas físicas que doam regularmente.
O dinheiro obtido é usado para pagar os três funcionários, além dos impostos, de acordo com o diretor. Não há orçamento para obras de reparo. "Chegamos a um ponto que não dá mais", lamenta Serafim, prestes a completar 90 anos.
Ao contrário das gestões estaduais anteriores, o governo de Romeu Zema (Novo) não tem feito repasses à casa, segundo o diretor. Ainda de acordo com ele, o prefeito de Diamantina, Geferson Giordani Burgarelli (MDB), "estuda uma forma de ajudar a casa".
Os deputados federais Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel, ambos do PSDB mineiro, também "estão dispostos a me ajudar", diz Serafim.
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo afirma que a casa "apresenta, desde 2018, pendências na prestação de contas relativas a repasses efetuados pelo governo de Minas em exercícios anteriores".
"Em função dessa inadimplência, a entidade encontra-se atualmente impedida de receber novos recursos por meio do Sistema Integrado de Administração Financeira de Minas Gerais (Siafi-MG), conforme determinações legais e normativas vigentes", completa a pasta.
"Tenho todos os documentos de prestação de contas", contesta Serafim.
A assessoria da prefeitura confirma que pretende contribuir com a manutenção do espaço por meio de um termo de cooperação. Diz aguardar o envio de alguns documentos, como o estatuto da entidade, para firmar um acordo.
Aécio está "empenhado em buscar uma forma de contribuir para a manutenção das atividades" da casa e "ainda estuda as alternativas para que isso possa ocorrer o mais brevemente possível", segundo a assessoria do parlamentar.
A assessoria de Abi-Ackel diz que o deputado "vai ajudar [a casa], mobilizando amigos e parceiros da iniciativa privada".
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