Bolsa fecha em alta e dólar em queda, de olho em decisões de juros do Brasil e dos EUA
São Paulo, Sp (folhapress) - 01/02/2024 08:33:02 | Foto: Marcello Casal - Agência Brasil
Copos corta Selic em mais 0,5 ponto, para 11,25% ao ano
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS0 - RENATO MACHADO O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31) reduzir em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), para 11,25% ao ano.
O comitê manteve, em seu primeiro encontro de 2024, o ritmo de alívio nos juros aplicado desde o ano passado. Este foi o quinto corte consecutivo na taxa básica, movimento iniciado em agosto de 2023.
Em seu último encontro do ano passado, o Copom havia sinalizado reduções na mesma intensidade nas próximas reuniões.
O órgão afirmou também na ocasião que os membros avaliaram de forma unânime que essa é a cadência apropriada para manter a política monetária contraindo a economia em um nível necessário para o processo de desinflação.
Analistas apontavam antes do encontro que um novo corte era a medida aguardada, considerando os indicadores de inflação.
O boletim Focus, divulgado nesta terça-feira (30), indicou que o mercado espera que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) termine 2024 em 3,81% –na semana anterior, a previsão era de 3,86%.
A taxa básica de juros passou por um ciclo de 12 altas consecutivas de março de 2021 a agosto de 2022, respondendo ao aumento nos preços de alimentos, energia e combustíveis. Depois disso, ela ficou congelada no patamar de 13,75% ao ano até agosto do ano passado.
Os juros foram durante grande parte do ano passado motivo de discórdia entre o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central.
O mandatário desferiu diversos ataques contra o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, a quem chamou repetidas vezes de "cidadão", se recusando a pronunciar seu nome, questionou suas intenções e disse que ele não tinha compromisso com o Brasil.
A situação começou a mudar após as primeiras reduções na taxa básica de juros. O primeiro encontro entre Lula e Campos Neto ocorreu apenas em setembro do ano passado, em uma reunião no Palácio do Planalto.
O momento que selou a pacificação aconteceu poucos dias antes do Natal, quando Roberto Campos Neto foi convidado e participou do churrasco de fim de ano de Lula, na residência oficial da Granja do Torto, com a presença de todos os ministros do governo.
Antes da decisão do comitê, no entanto, integrantes do partido de Lula, o PT, pressionavam o Copom para que efetuasse um corte mais arrojado na taxa de juros.
Em suas redes sociais, a presidente da legenda, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), havia afirmado que o cenário econômico era favorável a uma redução maior e que 0,5 ponto percentual era "muito pouco".
"O Brasil está pronto para retomar o crescimento com pujança, estimulado pelos investimentos do PAC, da Petrobras e da Nova Indústria Brasil, entre outros. Falta o BC fazer sua parte e começar a reduzir para valer a indecente taxa de juros", escreveu a parlamentar.
"Cortar só 0,5 ponto da Selic outra vez, como antecipam a mídia e o mercado, é muito pouco. Está na hora de o BC pensar em suas responsabilidades com o país e fazer sua parte no esforço de reconstrução e crescimento", afirmou.
Bolsa fecha em alta e dólar em queda, de olho em decisões de juros do Brasil e dos EUA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Bolsa fechou em alta de 0,28%, aos 127.752,31pontos, nesta quarta-feira (31), dia de decisões de juros dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos.
Já o dólar fechou em queda de 0,19%, cotado a R$ 4,935.
O mercado esteve atento às decisões de política monetária do Banco Central do Brasil e do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), em dia apelidado de "superquarta".
O Fed decidiu pela manutenção da taxa de juros entre 5,25% e 5,5% -movimento já amplamente esperado pelos operadores, que aguardavam sinalizações do banco central norte-americano para apostar sobre quando o ciclo de corte de juros poderia começar: se em março ou em maio.
A taxa norte-americana é sempre observada de perto, já que, em geral, há uma preferência dos investidores pelos ativos do Tesouro dos EUA (Treasuries), os de menor risco no mundo.
Em comunicado, o Fed não deu qualquer indício de que um corte nos juros é iminente, afirmando que não considera "apropriado reduzir a faixa de juros até que tenha adquirido maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção [à meta de] 2%".
Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, as sinalizações empurraram o início do afrouxamento para maio, "especificamente quando o Fed diz que só vai cortar juros quando tiver mais confiança que a inflação está indo para 2%."
"Ou seja, ele não tem essa confiança ainda. Os dados da economia norte-americana estão bons, de varejo, produção industrial... Os dados de mercado de trabalho também foram razoáveis. Acredito que o Fed não quer arriscar de cortar os juros e ver um repique na inflação."
Já Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, acredita que a expectativa de um corte em maio ainda é "audaciosa" por parte do mercado.
"Não vejo juros caindo tão cedo. O Fed mencionou que a situação é incerta, que precisa ficar atento à inflação. Acredito que esteja dando sinais de que não vai cair por agora, assim como fez na semana passada Chris Waller, importante membro do Fed", afirma ele.
Após a divulgação, a Bolsa seguia na toada altista, até a coletiva de imprensa com o presidente do Fed, Jerome Powell, rejeitar a ideia de corte em março.
"Não acho provável que o Comitê (Federal de Mercado Aberto) atinja um nível de confiança até a reunião de março" para reduzir a taxa básica, "mas isso é o que se verá", disse Powell, acrescentando que um corte em março não é o cenário base para os formuladores de política monetária.
A Bolsa, que beirou alta de 1,60% após a divulgação, perdeu força na última hora do pregão.
Já no Brasil, é praticamente consenso de que a Selic vai voltar a ter um corte de 0,5 ponto percentual, indo a 11,25%.
Em nota, Sérgio Goldenstein, estrategista Warren Investimentos, afirma que o comunicado do BC (Banco Central) deve repetir a mensagem de que os membros do Comitê anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões, avaliando que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.
"Desde a última reunião, não houve alterações relevantes da dinâmica inflacionária, das expectativas, das projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos que justifiquem uma sinalização divergente das anteriores."
Na cena corporativa, Grupo Soma e Arezzo lideraram as altas com 17,55% e 12,37%, respectivamente. Além do otimismo com o Fed, as empresas estão prestes a anunciar fusão, de acordo com o jornal NeoFeed.
Natura&Co também fechou no sinal positivo, com ganhos de 3,94% após um relatório do Citi elevar a recomendação de ações para "compra/alto risco". Os analistas do banco afirmam que a fabricante de cosméticos está mais enxuta e focada na integração Avon/Natura na América Latina, após a venda da The Body Shop em novembro.
Na contramão do preço do petróleo no exterior, Petrobras avançou 1,07%, com o presidente da estatal, Jean Paul Prates, mirando aproximação com investidores internacionais no encontro "Deep Dive Petrobras" em Nova York.
Entre as baixas, Raia Drogasil caiu 3,62%, após Citi rebaixar a recomendação de "neutra" para "venda", sob a justificativa de que a desaceleração na receita da rede de farmácias vai pressionar os lucros.
Também era destaque o Santander Brasil, que recuou 1,99% com a repercussão do balanço de 2023. O banco reportou lucro líquido recorrente de R$ 9,383 bilhões no ano, uma queda de 27,7% em relação a 2022.
Vale reduziu 1,15%, engatando mais um dia de perdas com o pessimismo sobre os futuros dos preços do minério de ferro na China. Lá, dados de produção industrial fracos golpearam a confiança dos investidores, ainda em meio a preocupações sobre o setor imobiliário da segunda maior economia do mundo.
Olhando para o dólar, a sessão foi marcada pela briga entre investidores pela formação da Ptax de fim de mês.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
No fim, a Ptax foi fixada pelo BC em R$ 4,953 para venda
Números do mercado financeiro
DÓLAR
compra/venda
Câmbio livre BC - R$ 4,9529 / R$ 4,9535 **
Câmbio livre mercado - R$ 4,9338 / R$ 4,9358 *
Turismo - R$ 4,9683 / R$ 5,1483
(*) cotação média do mercado
(**) cotação do Banco Central
Variação do câmbio livre mercado
no dia: -0,19
OURO BM&F
R$ 304,998
BOLSAS
B3 (Ibovespa)
Variação: 0,28%
Pontos: 127.752
Volume financeiro: R$ 27,009 bilhões
Maiores altas: Grumpo Soma ON (17,55%), Arezzo ON (12,37%), Magazine Luiza ON (5,56%)
Maiores baixas: Raia Drogasil ON (-3,62%), Assaí ON (-2,21%), WEG ON (-2,09%)
S&P 500 (Nova York): -1,61%
Dow Jones (Nova York): -0,82%
Nasdaq (Nova York): -2,23%
CAC 40 (Paris): -0,27%
Dax 30 (Frankfurt): -0,4%
Financial 100 (Londres): -0,47%
Nikkei 225 (Tóquio): 0,61%
Hang Seng (Hong Kong): -1,39%
Shanghai Composite (Xangai): -1,48%
CSI 300 (Xangai e Shenzhen): -0,91%
Merval (Buenos Aires): -0,52%
IPC (México): -0,26%
ÍNDICES DE INFLAÇÃO
IPCA/IBGE
Dezembro 2022: 0,62%
Janeiro 2023: 0,53%
Fevereiro 2023: 0,84%
Março 2023: 0,71%
Abril 2023: 0,61%
Maio 2023: 0,23%
Junho 2023: -0,08%
Julho 2023: 0,12%
Agosto 2023: 0,23%
Setembro 2023: 0,26%
Outubro 2023: 0,24%
Novembro 2023: 0,28%
Dezembro 2023: 0,56%
INPC/IBGE
Dezembro 2022: 0,69%
Janeiro 2023: 0,46%
Fevereiro 2023: 0,77%
Março 2023: 0,64%
Abril 2023: 0,53%
Maio 2023: 0,36%
Junho 2023: -0,10%
Julho 2023: -0,09%
Agosto 2023: 0,20%
Setembro 2023: 0,11%
Outubro 2023: 0,12%
Novembro 2023: 0,10%
Dezembro 2023: 0,55%
IPC/Fipe
Dezembro 2022: 0,54%
Janeiro 2023: 0,63%
Fevereiro 2023: 0,43%
Março 2023: 0,39%
Abril 2023: 0,43%
Maio 2023: 0,20
Junho 2023: -0,03%
Julho 2023: -0,14%
Agosto 2023: -0,20%
Setembro 2023: 0,29%
Outubro 2023: 0,30%
Novembro 2023: 0,43%
Dezembro 2023: 0,38%
IGP-M/FGV
Dezembro 2022: 0,45%
Janeiro 2023: 0,21%
Fevereiro 2023: -0,06%
Março 2023: 0,05%
Abril 2023: -0,95%
Maio 2023: -1,84%
Junho 2023: -1,93%
Julho 2023: -0,72%
Agosto 2023: -0,14%
Setembro 2023: 0,37%
Outubro 2023: 0,50%
Novembro 2023: 0,59%
Dezembro 2023: 0,74%
IGP-DI/FGV
Dezembro 2022: 0,31%
Janeiro 2023: 0,06%
Fevereiro 2023: 0,04%
Março 2023: -0,34%
Abril 2023: -1,01%
Maio 2023: -2,33%
Junho 2023: -1,45%
Julho 2023: -0,40%
Agosto 2023: 0,05%
Setembro 2023: 0,45%
Outubro 2023: 0,51%
Novembro 2023: 0,50%
Dezembro 2023: 0,64%
SALÁRIO MÍNIMO
Janeiro 2024: R$ 1.412
Cotação das moedas
Coroa (Suécia) - 0,4793
Dólar (EUA) - 4,9535
Franco (Suíça) - 5,774
Iene (Japão) - 0,03389
Libra (Inglaterra) - 6,3083
Peso (Argentina) - 0,005996
Peso (Chile) - 0,00532
Peso (México) - 0,2884
Peso (Uruguai) - 0,1267
Yuan (China) - 0,6911
Rublo (Rússia) - 0,05532
Euro (Unidade Monetária Europeia) - 5,3805
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