Em troca de pagamento de 7,07 milhões de reais a políticos do MDB incluindo Michel Temer, Caixa liberou empréstimos a empresas do grupo
Exame - 13/05/2019 18:45:02 | Foto: Gol-Divulgação
Henrique Constantino, cofundador e membro da família que controla a companhia aérea Gol, assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal confessando o pagamento de propina a políticos em troca de financiamentos da Caixa Econômica Federal para suas empresas, segundo o jornal O Globo. As ações da Gol despencaram 7%, para 23,71 reais, na bolsa brasileira B3 hoje.
De acordo com o jornal, o acordo, que é sigiloso, foi assinado em 25 de fevereiro e homologado pelo juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª. Vara Federal do Distrito Federal.
Na delação, Henrique confessou ter pago, em 2012, 7,07 milhões de reais ao operador financeiro Lúcio Funaro. O dinheiro seria repassado a políticos do MDB incluindo Geddel Vieira Lima, na época era vice-presidente do departamento de pessoa jurídica da Caixa, e o então vice-presidente da República Michel Temer. A negociação também envolveu os então deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (MDB-RN), que participaram de uma reunião na qual a propina foi pedida.
Em troca, o banco liberou um financiamento de 300 milhões de reais do fundo de investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) para a concessionária de rodovias Via Rondon e de uma cédula de crédito bancário de 50 milhões de reais para a Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários. As duas empresas são de propriedade da família Constantino.
Henrique não ocupa atualmente nenhum cargo de liderança na Gol e nem na administradora do programa de fidelidade da companhia aérea, a Smiles. Seus irmãos Constantino Junior, Joaquim e Ricardo são diretores de ambas as empresas. A título de reparação pelos crimes cometidos contra a Caixa, Henrique se comprometeu a pagar 70,7 milhões de reais ao banco.
Procurada pelo jornal, a equipe de defesa de Temer disse que desconhece o depoimento. Os advogados de Cunha e Alves negaram as acusações. A de Lima não respondeu.
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