Segundo o mercado financeiro, a economia brasileira crescerá 1,52% em 2024. Caso a previsão se confirme, será o menor resultado em 4 anos.
Agência Xinhua Brasil - 31/12/2023 18:57:15 | Foto: Agência Xinhua Brasil
A economia brasileira registrou em 2023 um desempenho melhor que o previsto inicialmente, embora ainda não tenha conseguido deixar para trás todos os riscos que pesam sobre a maior economia da América Latina e que ameaçam frear os avanços em 2024, segundo explicaram à Xinhua especialistas locais.
Todas as previsões indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá cerca de 3% este ano, resultado muito parecido aos 2,9% registrados em 2022, mas superior às previsões do mercado no início do ano, coincidindo com a chegada à presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.
"O crescimento econômico do Brasil este ano não se explica sem o desempenho positivo da agroindústria, acima das expectativas e pela geração de emprego, com 1,9 milhão de vagas com carteira assinada criadas até novembro. Além disso, a inflação se manteve baixa após a recuperação mundial ocorrida depois da pandemia", explicou à Xinhua o professor de economia da Universidade de São Paulo, Paulo Feldmann.
Segundo Feldmann, "o vigor das exportações garantiu a entrada de divisas e a cotação nacional do dólar baixou em comparação com o real, ajudando a controlar os preços. A queda dos tipos de juros nos últimos meses do ano no Brasil e no exterior animou também os mercados de ações no mesmo período, levando a Bolsa de Valores de São Paulo a seu maior patamar histórico".
O professor de economia ressaltou que "embora não sejam resultados espetaculares, se percebe um ambiente muito menos turvo do que a princípio do ano, quando declarações de Lula semearam insegurança, com ataques ao equilíbrio orçamentário, à autonomia do Banco Central e aos objetivos da inflação".
Segundo Feldmann, uma parte significativa das boas surpresas econômicas do ano não esteve relacionada ao impacto direto da política econômica nacional. O exemplo mais evidente é a safra recorde de cereais, que provocou um aumento de 12,5% do PIB agrícola no primeiro trimestre.
"Este impulso se estendeu aos segmentos industriais e de serviços da competitiva agroindústria brasileira, que representa cerca de 25% dos ingressos do país e é independente da proteção estatal", comentou.
Em nível internacional, embora os preços das matérias-primas tenham baixado, o volume de exportações cresceu, mitigando em parte a queda dos ingressos causada pela redução dos preços.
Por sua vez, o professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles, comentou que a principal novidade por parte do governo este ano foi a chegada de uma nova regra fiscal para substituir o já desfigurado teto de gastos, que estabelecia limites formais à expansão dos gastos. A situação orçamentária, porém, está longe de ser cômoda e aqui é onde começam as ameaças à saúde econômica e social do país nos próximos anos.
Para Cícero, "as novas regras são insuficientes para frear a escalada da dívida pública do país", que em sua visão, aumentará nos próximos anos.
Para 2024, o economista previu que a economia brasileira esfriará, tal como já se pode ver no PIB do terceiro trimestre e afirmou que caso isso se confirme, colocará em cheque o objetivo do déficit zero, prometido pelo governo este ano.
Segundo o mercado financeiro, a economia brasileira crescerá 1,52% em 2024. Caso a previsão se confirme, será o menor resultado em 4 anos.
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