Festival traz ao Distrito Federal espetáculos de dança de três países

O Homem na Prancha, solo do bailarino Edson Beserra, da Bahia, é um dos destaques na programação do festival, que segue até 12 de outubro

Festival traz ao Distrito Federal espetáculos de dança de três países
Festival traz ao Distrito Federal espetáculos de dança de três países

Agência Brasília* | Edição: Rosualdo Rodrigues - 06/09/2021 10:46:39 | Foto: Divulgação

Realizado de forma híbrida (presencial e on-line), com apoio do FAC, o Movimento Internacional de Dança (MID) começa na terça (7) sua sexta edição

Com apoio do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), começa na terça-feira (7) a sexta edição do Movimento Internacional de Dança (MID), considerado o maior e mais representativo festival de dança do Centro-Oeste.

O evento, com apresentações virtuais e presenciais, traz coreografias da França, México e Brasil (participações de grupos do Ceará, Paraná, Rio de Janeiro e Brasília).

As atividades presenciais serão na área externa do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), com transmissão ao vivo no canais do Banco do Brasil e do MID do YouTube.

O evento, que vai até 12 de outubro, recebeu R$ 400 mil do FAC Áreas Culturais de 2017 e gera 140 empregos diretos, com estimativa de 300 postos de trabalho indiretos. Tem ainda patrocínio do Banco do Brasil e apoio da Embaixada da França e Instituto Francês.

“Nosso papel é o de ser um lugar para a gente ver todas as danças, para dançar todas as danças. Possibilita assim ao público interessado em um tipo de dança a oportunidade de conhecer outro”Sérgio Bacelar, diretor-geral do MID

Diretor-geral do evento, Sérgio Bacelar aposta na capacidade do MID de ampliar a percepção do público para o universo da dança. “Quando você pensa na dança de forma segmentada, ela não tem muita força, mas na hora que se reúne o universo dos diferentes estilos, ela toma um fôlego difícil de dimensionar.”

Bacelar acredita também no conceito: “O nosso papel é o de ser um lugar para a gente ver todas as danças, para dançar todas as danças. Possibilita assim ao público interessado em um tipo de dança a oportunidade de conhecer outro.”

Destaques

Em Homem na Prancha , o bailarino Edson Beserra, mestrando em dança pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), explora o que denomina “a difusão como qualidade de movimento, o cambalear das águas e do vento, a névoa e a utilização das cores”.

Ele parte de evocações da tela do pintor pré-impressionista inglês William Turner, Naufrágio de um Cargueiro , para se encontrar com o personagem principal do conto de terror do escritor francês Guy de Maupassant, O Horla – e dança o desconforto físico que experimenta com esse ensaio.

Rosa Primo e Clarice Lima representam o Ceará com Iracema, em que dão voz à personagem de José de Alencar | Foto: Guilherme Silva

“Por ser do candomblé, o meu olhar se desviou para o navio negreiro, que é muito forte”, conta ele. Com Maupassant, o bailarino teve contato com outra embarcação misteriosa que desce o rio Sena. “Então faço uma ponte entre esses dois navios e passo a dialogar intimamente com a presença do invisível, seja o vento, a água, o fog ou a presença sobrenatural.”

Mulher

Rosa Primo e Clarice Lima representam o Ceará com Iracema . Trata-se de um espetáculo de dança voltado para o público infantil, a partir da personagem feminina do romancista conterrâneo José de Alencar. Elas propõem pensar e discutir questões que atravessam a figura da mulher a partir do lugar do feminino entre os povos originários do Brasil.

“Eu, Clarice Lima, Carolina Wiehoff e Raisa Christina – quatro mulheres, todas com filhos entre 1 a 4 anos, na ocasião – nos unimos em busca de ouvir Iracema; já que em sua história, escrita por José Alencar, ela não tem voz e expressa-se na fala de todos os outros personagens: homens”, diz Rosa.

R$ 400 milfoi o valor destinado ao evento pelo FAC Áreas Culturais 2017

Acredita que, ao se voltarem para Iracema, exaltam “o processo de violência colonial, que estuprou mulheres e exterminou etnias não brancas. Lidando com nossos filhos, tendo em vista essa imagem impregnada na cultura cearense, o incômodo nos colocou no mundo, com o jogo de forças que o sustenta, e nos fazendo nos deslocar de nós mesmas. A potência dessa escuta veio das crianças.”

“Fazer um trabalho de dança para crianças a partir da figura de Iracema foi um grande desafio. Durante o processo, olhamos criticamente para o livro de José de Alencar e também para como a imagem de Iracema foi e é utilizada não só na cidade de Fortaleza, mas em todo país”, complementa Clarice Lima.

“Quanto mais a gente se debruçava sobre a obra, as questões como o extermínio e a colonização dos povos indígenas, o machismo e o feminicídio chegaram bem fortes para a equipe de criação. Com esse trabalho, nosso maior desejo era imaginar que outras histórias de Iracema pudessem ser dançadas”, diz Clarice.

Ägô usa imagens do passado e do futuro para falar do presente | Foto: Renato Mangolin

Ägo

Considerada uma superatração nacional, Ägô – solo da bailarina Cristina Moura – se propõe a compartilhar ideias, imagens, palavras e movimentos. Cristina diz que “ Ägô transita por linguagens artísticas e evoca imagens de passado e futuro para falar do tempo de hoje, questões contemporâneas e urgentes”.

Alerta que seu trabalho não trata de religião, mas visita símbolos e ancestralidade, tratados sempre de forma contemporânea. “ Ägô é um compartilhamento, um jogo cênico onde intérprete e plateia constroem juntos a cena”, afirma.

Os ingressos para os espetáculos do MID podem ser adquiridos pelo site ou aplicativo da Eventim; a capacidade dos teatros foi reduzida em 50%, de forma a evitar aglomerações. Os organizadores informam que não há previsão de fila de espera por desistência.

A temperatura dos visitantes será aferida nas entradas dos espetáculos, o distanciamento recomendado entre as pessoas será de 2 metros, com uso de máscara cobrindo boca e nariz durante todo o tempo, e haverá disponibilidade de álcool em gel.

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Garantem ainda que todos os envolvidos na realização dos espetáculos, como dançarinos, técnicos e produção, serão testados regularmente. Também haverá supervisão de um profissional da área de saúde.

Serviço
Movimento Internacional de Dança (MID)
De 7 de setembro a 12 de outubro de 2021
No Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB)
Informações: (61) 3108-7600 e no site do MID.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF

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