Livros de colorir viram febre na Bienal após explosão de Bobbie Goods nas redes

Os livros de pintar voltaram agora a ser tendência.

Livros de colorir viram febre na Bienal após explosão de Bobbie Goods nas redes
Livros de colorir viram febre na Bienal após explosão de Bobbie Goods nas redes

Walter Porto, Rio De Janeiro, Rj (folhapress) - 15/06/2025 19:32:09 | Foto: Reprodução/ Amazon - Luiza Alvarenga

Na tarde ensolarada do sábado de Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, uma criança dançava perto dos pais no espaço da roda-gigante enquanto repetia, saltitante: "eu vou levar Bobbie Goods!"

Eram palavras que se ouviam com frequência entre os corredores apertados do evento literário mais popular do ano. E não, elas não se referem a um doce com alto teor de açúcar nem a um novo brinquedo, mas a um livro de colorir que tomou o mercado editorial como um tsunami.

Só na HarperCollins, que adquiriu os direitos da marca no Brasil há menos de um ano, as vendas já chegam perto dos 2 milhões de exemplares.

Os livros de pintar voltaram agora a ser tendência cerca de dez anos depois do primeiro ápice, época do "Jardim Secreto", que tomou de assalto todas as listas de mais vendidos. Assim como naquele momento, os livros são menos voltados a crianças que a adultos. E suas editoras não conseguem esconder a empolgação com a volta.

"Bobbie Goods chega a ser um termo mais pesquisado que Anitta e Neymar no Brasil", diz Daniela Kfuri, diretora de marketing e vendas da HarperCollins, ressaltando que os livros dessa série são mais populares aqui que em sua terra natal, os Estados Unidos.

A editora divide os direitos da Bobbie Goods com a Sextante, que publica apenas os guias de desenho da mesma marca, que ensinam o leitor a criar ele mesmo as ilustrações ao mesmo estilo do fenômeno.

Mas a maior onda é pintar mesmo, mas de um jeito um pouco diferente daquele de uma década atrás –se antes eram mais comuns os traços detalhados das ilustrações e a atividade estava mais ligada a relaxamento, agora os livros priorizam contornos maiores para dar vazão à criatividade e a diferentes habilidades de pintura.

Kfuri frisa que o interesse por colorir hoje está mais ligado ao cansaço das telas, com os compradores buscando atividades para exercer longe da internet –e até se profissionalizando mais nisso. Agora há briga no mercado pelas melhores canetinhas e influenciadores que explodem nas redes sociais ensinando a pintar com estilo.

Outros se destacam nas redes sociais por criar narrativas em cima dessas obras conforme elas vão ganhando cor. É o caso do designer Lucas Monteiro, que angariou 1 milhão de seguidores em suas páginas –com destaque absoluto para o TikTok– e agora lança seu próprio livro de colorir pela Sextante.

"O mercado nacional foi aquecido com as grandes editoras trazendo livros de fora do Brasil. Eu, como artista e ilustrador, também queria participar desse movimento", diz ele. "O artista brasileiro passou a se sentir apoiado para produzir, sentindo o mercado aberto para ele. Vários começaram a entrar na onda e pôr suas próprias ilustrações nos livros."
Foi ele quem se aproximou da Sextante com a ideia de publicar o recém-lançado "Jardim Mágico", que vem com a marca de sua rede social "Cores do Lucas". A editora abraçou a oportunidade, até porque a autora de Bobbie Goods, a americana Abbie Goveia, é reclusa e um tanto misteriosa. Com nomes brasileiros, fica mais fácil fazer eventos agitados de "conheça o autor".

A HarperCollins também fez esse movimento investindo, por exemplo, num livro de colorir de Guilherme Karsten, já um ilustrador experimentado e vencedor do Jabuti, com a personagem "Capí, a Capivara Aventureira".

Assim, as obras de colorir vão se multiplicando em autoria e estilo, de acordo com as maiores demandas do público, que não dão sinais de arrefecer. As editoras ressaltam que, por mais que crianças possam se empolgar com a brincadeira, não tratam esses livros como um produto para o público infantil.

É algo que Lucas Medeiros também reforça. "Faixa etária não existe no livro de colorir. O desenho tem que atender a todos."

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