Leonildo, artesão pernambucano, representa um santo festivo, cercado por andorinhas e de sanfona na mão. Já o santo de Elizabeth Marques, do MS, segura uma pequena onça pintada ressaltando seu título de padroeiro dos animais - Fotos Penellope Bianchi
Conhecido como defensor das pessoas em situação de pobreza e padroeiro dos animais, a devoção e dedicação de São Francisco de Assis aos vulneráveis nem sempre foi uma de suas características. Celebrado no dia 4 de outubro, por conta de sua morte em 1224, ele se tornou uma das figuras mais populares e emblemáticas da história da Igreja Católica por conta de seu histórico incomum de abdicação da riqueza para dedicar sua vida aos pobres.
No Brasil, país com o maior número de católicos do mundo, o flerte entre arte e religiosidade resulta em representações do santo que mesclam suas características tradicionais com elementos regionais da nossa cultura popular. “Embora ele seja um santo católico, por aqui foi se transformando numa figura que transcende a religião, passando a provocar apreço e identificação por conta das representações que dialogam com a brasilidade. Mesmo mantendo sua típica túnica marrom, com uma corda amarrada à cintura e sandálias simples de couro, alguns artesãos e artistas, a partir de uma mesma referência, imprimem características que remetem ao bom humor e à afetividade do brasileiro”, afirma o curador Lucas Lassen, responsável pela Paiol, marca que atua com artesanato e arte popular brasileira e conta com mais de 20 modelos diferentes do santo.
Ainda de acordo com Lassen, São Francisco é representado por diversos artistas de diferentes regiões do país e ganha adaptações a partir de técnicas e materiais distintos. “O São Francisco pantaneiro de Elizabeth Marques, do Mato Grosso do Sul, por exemplo, ganha uma das mais importantes características do estado, segurando uma onça pintada, em referência ao título de padroeiro dos animais. Já o São Francisco do pernambucano Leonildo, segura uma sanfona com as cores da bandeira do Pernambuco. No universo da ceramista alagoana Sil da Capela, ele está sentado debaixo de uma jaqueira, uma das marcas do trabalho da artista. O santo feito pela associação que homenageia o cearense Mestre Noza, é entalhado em madeira e já aparece um pouco mais tradicional”, revela Lassen, que ainda ressalta obras das Figureiras de Taubaté, no interior de São Paulo, com um arco florido que aparece em boa parte de suas produções, além da ceramista Néia, de Minas Gerais, entre outros.
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