Encontro é parte do programa
Redação Com Agência - 27/08/2022 11:23:43 | Foto: Ailton Krenak Divulgação
Neste programa de investigação transdisciplinar promovido pelo Instituto Tomie Ohtake e Embaixada da França no Brasil / Consulado Geral da França em São Paulo, artistas, ambientalistas, cientistas, ativistas, antropólogos e filósofos franceses e brasileiros de destaque debatem o estatuto atual das relações entre cultura e natureza – um mesmo conceito separado em duas partes , segundo Latour – a partir de um mergulho em imagens. O programa tem curadoria de Priscyla Gomes e de Carol Tonetti e organização de Brieuc Tanguy-Guermeur e de Vincent Zonca.
O primeiro encontro A coexistência da vida , que acontece presencialmente no Instituto Tomie Ohtake, com entrada gratuita mediante inscrição prévia, reunirá o líder indígena Ailton Krenak, o filósofo Emanuele Coccia, autor de “A Vida das Plantas”, e a antropóloga Hanna Limulja, que está lançando “O desejo dos outros – Uma etnografia dos sonhos yanomami”. A cada encontro, materiais visuais distintos do campo da arte, da cultura e da ciência servirão de gatilho para leituras possíveis sobre a reinvenção do humano e do meio-ambiente – incluindo as interrogações possíveis acerca desses dois termos.
“Numa civilização da imagem, saturada pelo volume e pela efemeridade de imagens planas, superficiais e sem enigma, quais e como as imagens podem nos provocar a rupturas e leituras renovadas do maior desafio de toda a (breve) história da humanidade?” indagam as curadoras do programa, Priscyla Gomes e Carol Tonetti, dos núcleos de curadoria e educativo do Instituto Tomie Ohake respectivamente.
“Na profunda mutação que a humanidade deverá encarar daqui em diante, a cultura terá papel central na revisão, atualização e produção de imaginários, epistemologias e paradigmas que reposicionem nossa relação com aquilo que chamamos de natureza e que, em consequência, permitam a todas as espécies uma sobrevivência digna”, completam.
Os dois próximos encontros – Ecofeminismo: saberes ancestrais e Descolonizando a ecologia – acontecerão de modo hibrido, presencial e remoto, com datas e horários a serem divulgados, no Instituto Tomie Ohtake.
A urgência da discussão
A crise ambiental, fato amplamente amparado pela ciência, é desafio urgente e primordial não só de hoje, mas também de todo e qualquer futuro que possa haver pela frente. Como declarou recentemente o filósofo francês Bruno Latour, atravessamos pelo menos os dois últimos séculos feito sonâmbulos, alheios ao alerta evidente dos desastres ecológicos. Nos tornamos, enfim, aqueles que teriam podido agir , nos deparando tardiamente com os danos irreversíveis da nossa própria ação.
A natureza não só se depara como uma espécie de fim – tanto ligada à sua decadência material como enquanto conceito – como escancara cada vez mais suas finalidades , no sentido da interdependência vital desta com os seres humanos, cuja separação é apenas artificial. Junto ao declínio ambiental e a realidade do Novo Regime Climático, esgotam-se os projetos vigentes de mundo clamando por uma maior diversidade de representações, de saberes e cosmologias. Trata-se, sobretudo, da necessidade de revivermos saberes de povos originários, negligenciados pelas sociedades ocidentais, e que podem nos ajudar a imaginar, antes que um novo mundo , um novo povo, como argumentado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro.
Ailton Krenak é líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor. É considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional. Pertence à etnia indígena crenaque. Autor dos livros “Ideias para adiar o fim do mundo” e “A vida não é últil”, entre outros.
Emanuele Coccia é filósofo, conferencista na École des hautes études en sciences sociales (EHESS), em Paris, desde 2011. Depois de estudar em Florença, onde concluiu o seu doutoramento, em 2005, foi convidado para o cargo de professor investigador pelas universidades de Tóquio (2009), Buenos Aires (2010), Düsseldorf (2013-2014), Columbia (2015-2016) e Harvard (2022). Coccia é o autor dos livros A Vida Sensível (2010) e A Vida das Plantas — Uma Metafísica da Mistura e Matamorfoses (2020). Em 2019, trabalhou para a exposição Nous les Arbres, apresentada na Fundação Cartier para Arte Contemporânea em Paris.
Hanna Limulja é graduada (2005) em ciências sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e mestre (2007) e doutora (2019) em antropologia social pela mesma instituição. Trabalha com os Yanomami desde 2008, tendo atuado em ONGs no Brasil e no exterior, como Comissão Pró-Yanomami (CCPY), Instituto Socioambiental (ISA), Wataniba e Survival International. Atualmente trabalha em um projeto de promoção e atendimento à saúde yanomami e dos povos indígenas do DSEI Leste de Roraima. Integra a Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, criada em 2020 por um coletivo de pesquisadores e aliados na luta pela garantia dos direitos territoriais, culturais e políticos desses povos.
PROGRAMA MEIO-AMBIENTE E IMAGENS NA CONTEMPORANEIDADE
Palestra de Abertura: Coexistência da vida
Participação: Ailton Krenak, Emanuele Coccia e de Hanna Limulja
Data: 30 de agosto de 2022
Horário: 19h
Duração: 1h30
Tradução: tradução simultânea português-francês / francês-português
Inscrições gratuitas pelo link
Local: Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) - Pinheiros SP
Metrô mais próximo - Estação Faria Lima (linha 4 – amarela)
Fone: 11 2245 1900
www.institutotomieohtake.org.br
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