O poderoso efeito antidepressivo do exercício

Estudo sobre exercício físico e transtornos mentais traz uma boa notícia

O poderoso efeito antidepressivo do exercício
O poderoso efeito antidepressivo do exercício

Por: Dr. Bernardo Petriz - 09/12/2023 07:08:52 | Foto: Divulgacão - Dr. Bernardo Petriz

Um estudo recente, que abrangeu mais de mil ensaios clínicos com aproximadamente 120 mil pessoas, mostrou que a atividade física é extremamente benéfica para melhorar os sintomas de depressão, ansiedade e angústia.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma em cada oito pessoas em todo o mundo (970 milhões de pessoas) vive com um transtorno mental, e a saúde mental precária custa à economia mundial aproximadamente US$ 2,5 trilhões por ano, com um custo projetado de US$ 6 trilhões até 2030. Neste contexto, o Brasil é um dos países mais afetados por transtornos mentais na América Latina, sendo os transtornos de ansiedade e depressão as condições de saúde mental mais comuns. Em 2019, a parcela de pessoas com transtornos de saúde mental no Brasil chegou a aproximadamente 16,72% da população.

Esses dados indicam que a prevalência de transtornos mentais no Brasil é uma preocupação significativa de saúde pública e, portanto, é muito importante que todos os esforços sejam direcionados para reduzir essa taxa e melhorar o acesso ao tratamento para aqueles que sofrem de transtornos mentais. É nesse contexto que o estudo sobre exercício físico e transtornos mentais traz uma boa notícia. Publicado no British Journal of Sports Medicine, o estudo mostrou que 12 semanas de exercício, e até menos tempo, foram eficazes para promover a redução nos sintomas de saúde mental.

Os pesquisadores identificaram que intervenções de atividade física podem reduzir significativamente os sintomas de depressão e ansiedade em todas as populações clínicas, com alguns grupos mostrando sinais ainda maiores de melhoria. Os maiores benefícios foram observados em pessoas com depressão, mulheres grávidas e no período pós-parto, indivíduos saudáveis e pessoas diagnosticadas com HIV ou doença renal crônica.

De fato, centenas de estudos já foram realizados avaliando os efeitos da atividade física na depressão, ansiedade e outros transtornos psicológicos. Muitos desses estudos sugerem que a atividade física pode ter efeitos semelhantes à psicoterapia e ao tratamento farmacológico e, até mesmo, vantagens sobre esses tratamentos tradicionais, considerando fatores como custo, efeitos colaterais e os demais benefícios da atividade física.

Apesar dessas evidências, a adoção da atividade física como tratamento terapêutico ainda é limitada e não é escolhida como tratamento de primeira linha. Acredita-se que a resistência dos pacientes, juntamente com a dificuldade em prescrever e monitorar a atividade física em ambientes clínicos, possa ser um fator que limita sua utilização. No entanto, é importante destacar que a atividade física deve ser priorizada para gerenciar melhor o aumento de casos de condições de saúde mental.

Voltando ao estudo, os pesquisadores também identificaram que exercícios de alta intensidade tiveram maiores efeitos positivos na depressão e ansiedade, enquanto atividades de longa duração apresentaram um efeito menor quando comparadas a atividades de curta e média duração. Além disso, os dados clínicos observados indicaram que não é preciso muito tempo de prática física para fazer uma mudança positiva na saúde mental.

A pesquisadora Carol Maher, da University of South Australia, destacou que o estudo é o primeiro a avaliar os efeitos de todos os tipos de atividade física na depressão, ansiedade e angústia psicológica em todas as populações adultas. Estudos como este reforçam o papel da atividade física como uma abordagem fundamental para gerenciar a depressão e ansiedade.

Fonte:
Ben Singh, Timothy Olds, Rachel Curtis, Dorothea Dumuid, Rosa Virgara, Amanda Watson, Kimberley Szeto, Edward O'Connor, Ty Ferguson, Emily Eglitis, Aaron Miatke, Catherine EM Simpson, Carol Maher. Effectiveness of physical activity interventions for improving depression, anxiety and distress: an overview of systematic reviews. British Journal of Sports Medicine, 2023; bjsports-2022-106195 DOI: 10.1136/bjsports-2022-106195

Bernardo Petriz é professor universitário e pesquisador na área da Ciência do Exercício & Saúde. Possui mestrado em Educação Física e doutorado em Ciências Genômicas e Biotecnologia. É também autor de um livro: "Fisiologia Molecular do Exercício" e fundador da produtora Ciência para Saúde, e da Ipê-o'tech, startup de desenvolvimento biotecnológico.

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