Em um primeiro momento, a maior preocupação do mercado é com o futuro dos preços do petróleo. Uma parte importante do fluxo global da commodity sai ou passa pelo Oriente Médio
São Paulo, Sp (folhapress) - Luana Franzão - 02/07/2025 09:49:53 | Foto: Engin Akyurt por Pixabay
O que você precisa saber sobre os efeitos do conflitos no Oriente Médio na economia, Zona Franca de Manaus deixa tudo mais caro na região e outros destaques do mercado nesta segunda-feira (23).
**EUA NA GUERRA. E AGORA?**
Caso você não esteja morando em uma caverna esquecida por aí, já deve estar sabendo que o mundo está em estado de alerta.
Começou com um bombardeio de Israel ao Irã, seguido pela resposta e ofensivas contínuas. Na noite de sábado (21), os Estados Unidos entraram na briga e atacaram as três principais instalações nucleares iranianas: Fordow, Natanz e Isfahan.
E O QUE O DINHEIRO TEM A VER COM ISSO?
Tudo. Em um primeiro momento, a maior preocupação do mercado é com o futuro dos preços do petróleo.
Uma parte importante do fluxo global da commodity sai ou passa pelo Oriente Médio. O Estreito de Hormuz, entre o Irã, Omã e os Emirados Árabes Unidos é o caminho de ao menos 20% da produção global de petróleo e gás natural.
No caso da Arábia Saudita, rival do Irã no mundo árabe, 90% da produção de petróleo da nação passa por ali.
Um conflito na região já não era uma notícia contornável para quem negocia o óleo ou mercadorias correlatas, mas o buraco é mais embaixo.
NINGUÉM PASSA
O mundo teme que o Irã bloqueie o canal marítimo e, com isso, obstrua as negociações globais de muito petróleo.
Não é uma ameaça infundada, a república se preparou para este momento: investiu em embarcações equipadas com mísseis antinavio e arcabouços de minas navais a serem instaladas na região.
JÁ COMEÇOU
O mercado já sente a pressão do momento, com oscilações no preço do petróleo. Domingo, ele disparou para o nível mais alto em cinco meses depois do bombardeio americano.
O Brent, referência internacional do petróleo, subiu 5,7% para US$ 81,40 (R$ 448,51) por barril, quando as negociações abriram na Ásia, onde já era segunda-feira.
O quanto o petróleo subirá nesta semana dependerá de como o país ou grupos ligados a ele, como os Houthis, escolherão retaliar os ataques, disseram analistas.
E AGORA?
Durante a semana, analistas esperam ver quedas fortes nas bolsas de valores globais e valorização do dólar, com os investidores procurando segurança. No médio prazo, os preços podem aumentar e a inflação pode apertar.
**ERA UMA VEZ, A ZONA FRANCA DE MANAUS..."
Em Manaus, funciona um dos polos industriais do Brasil, construído com incentivos fiscais e promessas de prosperidade.
A Zona Franca conta com cerca de 600 empresas que usam incentivos fiscais para manter unidades industriais, que geram 130 mil empregos diretos e 430 mil indiretos.
No ano passado, o polo faturou R$ 204 bilhões, alta de 18% em relação a 2023, com produtos variados, de motos a medicamentos, passando por celulares e micro-ondas.
A previsão deste ano é chegar aos R$ 236 bilhões, segundo a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
Tudo parece estar correndo muito bem por lá, mas não é bem o caso, segundo especialistas, empresários e trabalhadores da região.
"O problema de Manaus é a infraestrutura"...é o que diz o professor Augusto César Barreto Rocha, um dos maiores especialistas em logística da região Norte do país.
As vantagens fiscais, prolongadas até 2073 na reforma tributária, permitem que os produtos fabricados lá cheguem até 30% mais baratos, em média, aos consumidores menos para quem vive ali pertinho.
COMO ASSIM?
Escoar a produção é tarefa complicada. Há poucas rodovias, o que, no cenário brasileiro, é um grande complicador da logística.
A dificuldade de acesso gera impactos na distribuição parte dos produtos saem de lá para a sede das empresas, no Centro-Sul, para depois serem distribuídos às varejistas e torna muito mais restrita a competição no comércio local.
"Eu moro aqui há 32 anos. Quando o pessoal começa a falar sobre a BR-319 eu já nem escuto mais. Sei que não vai sair tão cedo", diz o francês Hamon Jean Marc, diretor industrial da Bic, que tem em Manaus a sua única fábrica no Brasil.
Você lembra da briga entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-AC), e o senador Omar Aziz (PSD-AM)? O principal motivo da discórdia era a tal da BR-319.
O parlamentar cobrou o asfaltamento da BR-319, que vai de Porto Velho (RO) a Manaus (AM) única ligação terrestre dos dois estados com o Centro-Sul do Brasil, capaz de impulsionar o desenvolvimento econômico da região.
Com 880 km de extensão, a BR-319 tem apenas os trechos próximos a Porto Velho e a Manaus trafegáveis. O chamado "trecho do meio", com mais de 400 quilômetros, não é asfaltado e não pode ser percorrido em pelo menos metade do ano, devido à temporada de chuvas.
**A PROMESSA DA IA**
Você apostaria bilhões de dólares em um empresário com menos de 30 anos? Mark Zuckerberg topou este desafio.
Ele está injetando US$ 14 bilhões (R$ 77 bilhões) em um jovem de 28 anos que promete ser o catalisador que a Meta precisa para alcançar os rivais na corrida para desenvolver e comercializar inteligência artificial.
QUEM?
Alexandr Wang, líder da Scale AI, uma empresa de rotulagem de dados. O CEO da Meta, dona do Instagram e do Facebook, fechou um acordo na semana passada para comprar 49% da companhia e contratar o talento.
Rotulagem é o processo de separar informações em diferentes categorias ou atribuir características para facilitar o processamento de dados por modelos de IA o que simplifica a aprendizagem das máquinas.
Um prodígio da matemática e filho de dois físicos chineses, Wang, que cofundou a Scale aos 19 anos, não é nem um pesquisador de IA celebrado nem um engenheiro de ponta.
De acordo com pessoas que trabalharam com e para Wang, ou investiram na Scale, ele é um operador eficiente que tem conexões importantes em todo o Vale do Silício.
POR QUÊ?
Zuckerberg percebeu que estava ficando para trás dos concorrentes no quesito inovações em inteligência artificial. Depois de colocar todas as fichas no metaverso e no desenvolvimento da realidade aumentada, a Meta se viu forçada a recalcular a rota.
Segundo executivos concorrentes do americano, ele Wang é o CEO dos tempos de guerra que ele precisava no centro do laboratório de "superinteligência da big tech.
CAPITAL SOCIAL
Mais do que seu cérebro, Zuckerberg quer que o jovem use suas relações a favor da Meta.
A esperança do executivo, segundo fontes ouvidas pelo Financial Times, é que ele atraia talentos de concorrentes como a OpenAI, Anthropic, Google e Safe Superintelligence (SSI).
A agenda social do garoto intercala reuniões com líderes mundiais, incluindo Keir Starmer (primeiro-ministro do Reino Unido), Emmanuel Macron (presidente da França) e Narendra Modi (primeiro-ministro da Índia), com viagens ao Met Gala e corridas de Fórmula 1.
**MONSTRINHO PORTÁTIL**
Quem ama o feio, bonito lhe parece. Não é assim que dizia o ditado?
Se você é frequentador assíduo do TikTok ou do Instagram, talvez tenha visto os bonecos Labubu e tenha os achado feiosos. Eles viraram moda e impulsionaram a ascensão global de uma rede de lojas que já fazia sucesso na Ásia, mas precisava de um empurrãozinho para conquistar o mundo.
Labubu é um bichinho peludo, colorido e com uma careta no rosto que tem sido usado como chaveiro nas bolsas pelo mundo. Eles vêm em caixas secretas: não dá para saber a cor dos bonecos até que eles sejam abertos.
Isso ajudou na viralização do produto, uma vez que os vídeos da abertura das caixas e a descoberta do tipo do bicho se espalharam feito fogo em palha.
QUEM VENDE?
A Pop Mart, um grupo chinês que já era grande regionalmente, mas explodiu depois do elfo esquisito.
Depois da febre, a empresa tem uma capitalização de mercado de US$ 40 bilhões (R$ 221 bilhões), maior do que as tradicionais Hasbro e Mattel juntas.
Capitalização de mercado ou market cap, se você quer soar entendido do assunto é o número de ações de uma companhia sendo negociadas multiplicado pelo preço atual delas.
No final do ano passado, a empresa contava com 130 lojas físicas e 192 máquinas de venda automática fora da China continental, principalmente nos EUA, Europa e sudeste asiático. A empresa também comercializa para consumidores por meio de plataformas online, como Amazon e TikTok.
EXPLOSÃO
As vendas da linha Monsters, da qual o Labubu faz parte, cresceram mais de oito vezes no ano passado, representando cerca de um quinto da receita, mas outras coleções também estão crescendo rapidamente.
As vendas da linha Crybaby, da Pop Mart, aumentaram mais de 16 vezes no ano passado, representando quase um décimo da receita.
O fundador da companhia, Wang Ning, tem um patrimônio de US$ 21 bilhões (R$ 115 bilhões), o que o torna o 12ª homem mais rico da China, segundo a Bloomberg.
E AGORA?
Para continuar surfando na onda das tendências fugazes das redes sociais, a Pop Mart precisa criar mais produtos com o mesmo apelo curioso dos Labubus. Se eles já aprenderam a receita do sucesso, vamos descobrir com o tempo
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Chega de CLT. A nova geração está rejeitando o regime de trabalho, o que intensifica o apagão de mão de obra na indústria.
De volta à ativa. Projetos de novos aeroportos gaúchos ganham força com reformas depois das enchentes que acometeram o RS no ano passado.
Mais gastos na conta do governo. Viagens urgentes de servidores federais chegam a 70% do total vale lembrar, estamos em junho.
90%...dos dados de internet dos brasileiros passam por uma praia no Ceará. Descubra qual.
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