Ouvidoria registra aumento nos pedidos de manejo de animais silvestres em 2025

Ouvidoria ambiental do DF registra aumento nos pedidos de manejo de animais silvestres em 2025

Ouvidoria registra aumento nos pedidos de manejo de animais silvestres em 2025
Ouvidoria registra aumento nos pedidos de manejo de animais silvestres em 2025

Carlos Eduardo Bafutto, Da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader - 27/08/2025 10:54:53 | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Somente de janeiro a agosto, solicitações junto ao Instituto Brasília Ambiental já superaram em quase 30% o total de 2024; saiba como proceder junto aos canais do GDF.

A Ouvidoria do Instituto Brasília Ambiental registrou, de janeiro a agosto de 2025, aumento de 28,57% no número de solicitações de manejo ou resgate de animais silvestres em ambiente urbano, em comparação com todo o ano de 2024. De acordo com o instituto, foram feitas 45 solicitações nos oito primeiros meses deste ano, dez a mais que os 35 chamados registrados no ano passado.

O Brasília Ambiental é o órgão do Governo do Distrito Federal (GDF) responsável por garantir a proteção do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais. Já o resgate e o manejo dos animais silvestres são de responsabilidade do Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), para o qual o instituto encaminha as solicitações recebidas.

O biólogo Thiago Silvestre, do Instituto Brasília Ambiental, explica que o crescimento no número de chamados se deve, em grande parte, ao aumento populacional e à expansão urbana sobre áreas que antes eram fragmentos florestais. Ele destaca que algumas espécies, como urubus, saruês e saguis, conseguem se adaptar com mais facilidade ao ambiente urbano por serem animais generalistas, ou seja, não dependem de um único tipo de alimento.

“Eles diversificam bastante [a alimentação] e, por isso, conseguem viver na cidade tranquilamente, porque há abrigos em abundância e também recursos alimentares, como as lixeiras”, afirma. “No caso dos urubus, há, ainda, carcaças de outros animais nas cidades e lixo orgânico mal-acondicionado, que servem de alimento. Já os saguis, que se alimentam da seiva de árvores, insetos e frutas, podem encontrar fartura em Brasília, que é uma cidade bem arborizada”, acrescenta o especialista.

Ele ressalta também que os animais avaliam instintivamente os riscos de um novo habitat e encontram em Brasília locais que oferecem mais benefícios do que ameaças. O biólogo ainda atribui o expressivo aumento nas solicitações recebidas pelo instituto em um curto período à maior conscientização da população.

“Estamos trabalhando constantemente com campanhas de educação ambiental. Talvez as pessoas tenham acompanhado e entendido que a melhor forma é acionar um órgão ambiental. Antigamente, muitas pessoas faziam esse manejo por conta própria, mas de forma inadequada, o que podia colocar em risco não só o animal, mas elas próprias. A consciência ambiental pode estar aumentando”, pontua.

O que fazer

Thiago Silvestre orienta que, ao encontrar animais silvestres em suas propriedades, as pessoas isolem o local e acionem o Brasília Ambiental ou o Batalhão Ambiental da PMDF. No caso de ninhadas, é necessário observar o estágio de desenvolvimento dos animais — se ainda estão em ovos (em caso de aves), ou se já há filhotes — e entrar em contato com os órgãos responsáveis. “A gente faz uma vistoria e orienta o cidadão de acordo com a situação”, explica.

O biólogo alerta que os animais silvestres são protegidos por legislação ambiental, e a destruição de ninhos é considerada crime. “Se esse animal não estiver afetando diretamente a saúde das pessoas, a nossa orientação é esperar que ele saia por conta própria e que sejam adotadas medidas pelo morador para fechar as entradas pelas quais os animais tiveram acesso”, orienta. Segundo ele, isso ajuda a evitar que o local volte a ser utilizado como abrigo por outros animais.

Para entrar em contato com o Setor de Fauna do Brasília Ambiental, o cidadão pode protocolar uma requisição pelo site, pelo e-mail fauna@ibram.df.gov.br ou pelo WhatsApp (61) 99187-3064.

Respeito

A professora Priscila Chinaski seguiu as orientações do Brasília Ambiental. Síndica do condomínio onde mora, em Sobradinho, ela descobriu a presença de um ninho de urubus na área das caixas d’água, entre o telhado e a laje do prédio. Segundo Priscila, os animais conseguiram entrar por uma abertura no local, que estava prestes a passar por reforma.

Ela relata que enviou um vídeo dos urubus para a imobiliária, que respondeu dizendo que enviaria alguém para "eliminar" os animais. “Então eu disse: ‘Você não vai [eliminar], porque os urubus são extremamente importantes para a natureza. Se você eliminar, vai arrumar uma confusão. Espere eu ligar para o Batalhão [Ambiental] para obter orientações e eles virem retirar [os animais]’.”
A imobiliária concordou em aguardar, mas alertou que haveria atraso na conclusão da reforma. Priscila, então, entrou em contato com o Batalhão Ambiental e foi orientada a procurar o Brasília Ambiental, que lhe deu todas as instruções necessárias. Naquele estágio, o ninho não poderia ser removido, pois isso levaria à morte dos filhotes.

Um biólogo do instituto foi ao local, estimou o tempo necessário para que os filhotes aprendessem a voar e orientou a professora sobre como evitar assustar a mãe, o que poderia fazer com que ela abandonasse o ninho. Conforme previsto, os filhotes alçaram voo e deixaram o local, permitindo o início da reforma.

Redução

Segundo o Batalhão Ambiental da PMDF, entre janeiro e agosto deste ano, foram resgatados 1.105 animais silvestres, somando as solicitações encaminhadas pelo Brasília Ambiental e as feitas diretamente ao batalhão. Nesse mesmo período, foram realizadas 257 solturas. O número de resgates representa uma redução de 45,8% em relação ao mesmo período de 2024, quando 1.612 animais foram resgatados.

A tenente Thays Gonçalves orienta que, ao se deparar com animais silvestres — seja em áreas residenciais, comerciais ou em rodovias —, a população deve ligar diretamente para o 190, canal oficial para comunicações e chamados: “A gente vai entrar em contato com o solicitante, pedir informações, fotos, vídeos e localização. Feito isso, enviamos uma viatura para atender à ocorrência”.

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