Paraíba perdeu 0,28 milhões de hectares de Caatinga nos últimos 36 anos

Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e está sendo devastado, segundo Mapbiomas.

Paraíba perdeu 0,28 milhões de hectares de Caatinga nos últimos 36 anos
Paraíba perdeu 0,28 milhões de hectares de Caatinga nos últimos 36 anos

Redação Bdf - Pb-brasil De Fato | João Pessoa (pb) - 09/10/2021 09:39:00 | Foto: André Pessoa

Estado tem 45 municípios em áreas suscetíveis à desertificação (ASD); Caturité e S. José da Lagoa Tapada recebem alerta

Em três décadas, as mudanças na cobertura do solo na área da Caatinga acendem o alerta para o risco de desertificação dessa região. Entre 1985 e 2020, 3% de toda a vegetação nativa da caatinga foi perdida, cerca de 0,3 milhões de hectares. Desse montante, 0.28 milhões de hectares foram perdidos em municípios paraibanos em áreas classificadas como Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD), envolvendo 45 municípios. Esse diagnóstico foi apresentado pelo MapBiomas nesta terça (05), a partir de análises de imagens de satélites feitas das últimas 3 décadas.

Outros fatores também contribuem para esse cenário de desertificação como a perda da superfície de água na Caatinga, que ficou mais seca nos últimos 36 anos e a redução de 40% de água natural - que é referente a cursos de água - maior parte está retida em hidrelétricas e reservatórios, 42,69% e 29,61%, respectivamente. Em 2017, foi registrada a menor extensão de água, 629.483 hectares, em comparação com a média da superfície de água existente na Caatinga entre 1985 e 2020, de 922 mil hectares.

Tudo isso associado à diminuição das áreas de cobertura vegetal natural, cerca de 15 milhões de hectares, o que representa retração de 26,36% da vegetação. Dos 10 municípios que mais perderam vegetação natural na Caatinga entre 1985 e 2020, oito ficam na Bahia. Por outo lado, cresceu em 11,26 milhões de hectares, a área de exploração da agropecuária, que passou a responder por 35,2% da área da Caatinga em 2020. O total de vegetação nativa da Caatinga (ou seja, a soma das áreas ocupadas por savana, campo e floresta) ocupava 63% do bioma, respondendo por 9,8% da vegetação nativa do Brasil.

“Estamos falando de um único bioma exclusivamente brasileiro e que contém uma biodiversidade muito grande e pouco conhecida, então, o que a gente tem é o temor de ocorrer uma exploração descontrolada, não possibilitando a devida proteção de reservas e de manter a integridade do bioma”, declarou o Prof. Washington Rocha, da UEFS e do Mapbiomas.

Desertificação na Paraíba

O município de Caturité (PB) apresenta perda da vegetação natural de 40%, associada à diminuição da superfície de água em 51,8% e uma média de 26 hectares de área queimada por ano entre 1985 e 2020.

O município de São José da Lagoa Tapada (PB) apresenta perda da vegetação natural de 16% e diminuição da superfície de água em 28%, com uma média de 411 hectares de área queimada por ano entre 1985 e 2020.

“Acende-se, com tudo isso, um sinal amarelo. É preciso uma atenção maior dos órgãos de gestão ambiental, das organizações não governamentais e de todos os setores da sociedade que estão atentos a essas ameaças”, finaliza o coordenador da equipe de Caatinga do MapBiomas.

Segundo a pesquisa, 112 municípios do país com situação considerada “grave” ou “muito grave” perdem 0,3 milhões de hectares de vegetação nativa. A maior parte deles – 0,28 milhões – foi observada em 45 municípios da Paraíba que são tidos como áreas suscetíveis à desertificação (ASD). A Caatinga também registrou uma queda de 8,27% na superfície de água e redução de 40% da água natural. Houve ainda perda de 10% de áreas naturais.

Edição: Heloisa de Sousa

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