Segundo Haddad, o Brasil pretende ampliar as discussões em torno do tema. A ideia é reunir representantes políticos e das instituições de ensino de todo o planeta para melhorar a proposta
Agência Xinhua - 27/05/2024 04:44:40 | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
A proposta brasileira de criar um imposto global de 2% da renda dos super-ricos está ganhando cada vez mais adesão de países, disse nesta quinta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltando que se for aplicado, beneficiará a humanidade de uma maneira inédita.
Haddad participou nesta quinta-feira da cerimônia de encerramento do Simpósio de Tributação Internacional do G20, iniciada na terça-feira em Brasília e fez a declaração em referência à proposta apresentada pelo Brasil no âmbito da G20, formado pelas 19 maiores economias do planeta mais a União Europeia e a União Africana e presidido atualmente pelo Brasil.
"Fico muito tocado de ver como essa proposta ganhou peso em muito pouco tempo. Nós temos países que talvez vacilassem em manifestar uma adesão a uma coisa que pode ser disruptiva, mas tivemos países do G7 já se manifestando a favor, tivemos países da Europa", comentou o ministro.
Haddad comparou a proposta brasileira como uma espécie de Pilar 3 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), organização que fixa metas para a economia e a administração pública e a que o Brasil está em processo de adesão.
Até agora, a OCDE promoveu duas fases sobre tributação internacional por meio da cooperação de seus membros, sem caráter obrigatório.
Segundo Haddad, o Brasil pretende ampliar as discussões em torno do tema. A ideia é reunir representantes políticos e das instituições de ensino de todo o planeta para melhorar a proposta em conjunto.
"Duvido que as teses debatidas aqui saiam da agenda. Elas entraram para ficar na agenda. Quanto mais participação houver de países e da sociedade, melhor será o resultado. Estamos sendo rebeldes, mas colocando a proposta na mesa. Estamos nos insurgindo sobre o estado de coisas, mas apontando um caminho", afirmou o ministro.
A proposta de uma tributação global para os super-ricos foi apresentada pela primeira vez em fevereiro, na reunião dos ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, em São Paulo. Em abril, em outra reunião do G20 nos Estados Unidos, Haddad disse que esperava alcançar um acordo antes de novembro.
Até o momento, França, Espanha, Colômbia, União Africana e Bélgica expressaram seu apoio direto à proposta brasileira. A África do Sul, que ocupará a presidência rotativa do G20 no próximo, também apoia taxar os super-ricos. Já os Estados Unidos rejeitaram a proposta.
Um dos autores da ideia, o economista francês Gabriel Zucman, informou recentemente que a taxação dos super-ricos afetaria apenas 3 mil indivíduos em todo o planeta, dos quais cerca de 100 na América Latina. Em contrapartida, teria o potencial de arrecadar US$ 250 bilhões por ano.
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