Retrocesso no direito à saúde e avanço da roubalheira

O retrocesso no direito à saúde avança no mesmo ritmo em que os corruptos e maus gestores se refestelam à custa do sofrimento da população

Retrocesso no direito à saúde e avanço da roubalheira
Retrocesso no direito à saúde e avanço da roubalheira

Blog Saber Melhor - 30/11/-0001 00:00:00 | Foto:

Alguns processos em tramitação no Supremo Tribunal Federal trazem em seu bojo o seríssimo risco de retrocesso no direito à saúde, assegurado constitucionalmente à população. Diante do caos na saúde pública brasileira, governadores e gestores da saúde resolveram adotar o discurso de que é impossível financiar todo e qualquer tratamento de que o cidadão precisa. Dizem, os gestores, que o “cobertor é curto e que não é possível cobrir a todos”. O financiamento da saúde pública é o assunto mais comentado e utilizado para justificar a crise econômica por que passam Estados, o Distrito Federal e os municípios. O vilão é o paciente, a pessoa que precisa do sistema único de saúde.

O discurso é enviesado e em geral não abrange todos os aspectos do problema. Sim, os tratamentos são caros, especialmente quando se trata de enfermidades raras ou oncológicas. Mas os tratamentos não são o que mais pesa na conta. A culpa não é do paciente e nem de seus familiares.

O principal aspecto a ser considerado no que tange ao financiamento da saúde pública é o custo do roubo. Isso mesmo, quanto custa o roubo que é promovido diuturnamente na saúde pública? A “modinha” do momento são as Organizações Sociais da Saúde. Apenas no Amazonas, em recente operação da Polícia Federal, descobriu-se “roubos” de mais de 110 milhões de reais. Um sistema controverso e que possibilita inúmeras fraudes é apontado como panaceia para os problemas da saúde pública brasileiro. E, acreditem, não são os pacientes que roubam, mas os gestores públicos, os mesmos que bradam que o cobertor é curto.

No Distrito Federal, recentemente, a Mesa Diretora da Câmara Legislativa, flagrada em falcatruas foi afastada. Os deputados envolvidos no esquema continuam poderosos e ricos. Enquanto, segundo o Ministério Público, roubavam dinheiro de UTI’s, a população da Capital da República morre por falta de UTI. Milhões de reais, segundo as notícias veiculadas na imprensa, escoaram pelo ralo da corrupção.

Some-se ao roubo, o sub-financiamento da saúde e a falta de investimentos na atenção primária e na prevenção de doenças e de seus agravamentos. As universidades, sucateadas, há muito deixaram de ser polos de pesquisa e de encontrar métodos terapêuticos que tornem mais eficazes e menos dispendiosos os mais diversos tipos de tratamento.

A soma do quanto mencionado aqui, ainda que de forma superficial, explica o caos da saúde. A falta de gestão, o excesso de ladrões, o sub-financiamento e tantos outros problemas são a causa próxima do genocídio em curso no Brasil. Enfrentar tais problemas interfere na estrutura de poder e de corrupção vigente no Brasil e que vive da miséria e do sofrimento do povo. Para fingir que se quer resolver o problema, melhor defender a implementação de Organizações Sociais e dizer que o cobertor é curto. Ao mesmo tempo em que se facilita a corrupção, retira-se direitos do cidadão. O retrocesso no direito à saúde avança no mesmo ritmo em que os corruptos e maus gestores se refestelam à custa do sofrimento da população.

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