María Corina volta a desafiar Maduro ao driblar proibição de viagem e ir para Noruega
Gabriel Barnabé E Manoella Smith, São Paulo, Sp (folhapress) - 11/12/2025 10:03:02 | Foto: Divulgação - X Alerta Noticias UKR 24
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, afirmou nesta quinta-feira (11) que recebeu ajuda dos Estados Unidos para sair de seu esconderijo no país latino-americano para viajar até a Noruega. Ela disse, porém, que não poderia dar detalhes da operação por motivos de segurança.
"Não posso dar detalhes porque pessoas poderiam ser prejudicadas. O regime tentou fazer de tudo para impedir que eu viesse. Eles não sabiam onde eu estava na Venezuela. Era difícil me deterem", afirmou a venezuelana durante uma conversa com jornalistas.
"E sim, eu recebi ajuda do governo dos EUA", completou. Se confirmada, a declaração aumenta as tensões entre Washington e Caracas, por demonstrar envolvimento direto dos EUA em contrariar uma ordem do regime de Maduro que proibia María Corina de sair do território.
Ela havia planejado chegar à capital norueguesa para a cerimônia de premiação do Nobel da Paz na manha de quarta-feira (10), mas precisou ser representada pela filha Ana Corina Sosa Machado devido a atrasos na viagem.
María Corina disse que "apesar do risco alto", ela tinha que estar em Oslo. "O risco de voltar [à Venezuela] é ainda maior. Mas sempre vale a pena. Eu voltarei [ao país], não tenho dúvida."
A entrega do prêmio ocorre em meio a uma escalada na ofensiva militar americana na Améria Latina -na quarta, as Forças Armadas americanas capturaram um petroleiro em águas próximas à costa do país sul-americano na quarta.
A opositora mantém proximidade com setores alinhados ao presidente dos EUA, Donald Trump, que acusam Maduro de envolvimento com organizações criminosas que representariam ameaça direta à segurança nacional americana -posição questionada por setores da inteligência de Washington. Ao receber o anúncio da premiação, em outubro, ela dedicou parte do reconhecimento a Trump.
Questionada sobre esse gesto, a venezuelana disse que sua decisão foi coerente e que, até as recentes pressões do americano, o regime vivia "com total impunidade". "As medidas de Trump foram decisivas para chegarmos até aqui", completou.
María Corina cumpre uma série de agendas em Oslo. Mais cedo nesta quinta ela visitou o Parlamento e teve uma outra conversa com jornalistas, acompanhada do primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Stor.
Na ocasião, ela disse que fará "todo o possível" para retornar à Venezuela com o Prêmio Nobel da Paz. "Não direi quando nem como isso acontecerá, mas farei todo o possível para poder voltar e também para acabar com esta tirania muito em breve", disse ainda, acrescentando que está "muito esperançosa".
Questionada se apoia uma intervenção militar nos Estados Unidos na Venezuela, María Corina se esquivou do assunto e respondeu que o país já foi invadido por terroristas.
"O que sustenta o regime é um sistema de repressão muito poderoso e fortemente financiado. De onde vêm esses recursos? Do tráfico de drogas, do mercado negro de petróleo, do tráfico de armas, do tráfico de pessoas", prosseguiu.
"Precisamos cortar esses fluxos. E, quando isso acontecer e a repressão enfraquecer, acabou. Porque é só isso que resta ao regime: violência e terror. Por isso pedimos à comunidade internacional que corte essas fontes."
Sem María Corina, filha de opositora venezuelana recebe premiação do Nobel da Paz
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, não chegou a tempo para participar da entrega do Prêmio Nobel da Paz nesta quarta-feira (10), em Oslo, e foi representada pela sua filha, Ana Corina Sosa Machado. Sua presença na cerimônia era incerta, já que o regime de Nicolás Maduro a proibiu de viajar.
No palco, uma cadeira vazia ao lado de um quadro com uma foto de María Corina a representou. A opositora de 58 anos está em segurança e chegou à capital do país por volta das 21h (horário de Brasília). Ela deve conceder uma entrevista coletiva ainda nesta quarta.
Após receber o prêmio, Ana Corina fez um discurso confirnando que sua mãe chegaria mais tarde. "Em poucas horas, poderemos abraçá-la aqui em Oslo após 16 meses vivendo escondida. Enquanto aguardo esse momento, [...] penso nas outras filhas e filhos que não poderão ver suas mães hoje. É isso o que a impulsiona. Ela quer viver em uma Venezuela livre e nunca desistirá desse propósito."
"É por isso que todos nós sabemos -e eu sei- que ela voltará muito em breve à Venezuela." Em seguida, ela leu um discurso escrito pela mãe. "Minha geração nasceu em uma democracia vibrante e a tomamos como certa. Valorizamos nossos direitos, mas esquecemos nossos deveres", dizia parte do texto.
O discurso dizia que que a Venezuela, "contra todas as probabilidades, acordou". O texto ainda recordou como ela foi impedida de concorrer à Presidência em julho de 2024, "em um duro golpe" da ditadura.
"Edmundo González deu um passo à frente. Um ex-diplomata sereno e corajoso. O regime acreditou que ele não representava nenhuma ameaça, mas o subestimaram" -segundo a contagem de votos da oposição, González derrotou Maduro no pleito do ano passado.
A leitura do discurso durou quase 25 minutos e, ao final, os convidados a aplaudiram de pé. Ana Corina, 34, é a filha mais velha da opositora venezuelana. Ela é formada em engenharia industrial pela Universidade de Michigan, com MBA em Harvard, vive em Nova York e trabalha em uma empresa de processamento de dados. Após a crescente perseguição política sobre a família, seus irmãos migraram para EUA e Colômbia. Ana Corina se tornou uma espécie de representante informal da mãe após as restrições de viagem do regime de Maduro.
A entrega do prêmio ocorreu no prédio da prefeitura de Oslo com a presença do rei Harald, da rainha Sonja e de quatro presidentes latino-americanos: Javier Milei (Argentina), Daniel Noboa (Equador), José Raúl Mulino (Panamá) e Santiago Peña (Paraguai). Edmundo González, que hoje vive na Espanha, a mãe de María Corina, Corina Perez de Machado, e a neta de Martin Luther King Jr, Yolanda Renee King, também estavam entre os presentes.
O presidente do comitê do Nobel da Paz, Jorgen Watne Frydnes, fez um longo discurso de abertura criticando os presos políticos da ditadura de Maduro e citou a imigração em massa dos cidadãos do país.
"Os que ainda seguem [na Venezuela] vivem sob um regime que sistematicamente silencia, assedia e ataca a oposição", disse Frydnes. Ele pediu que Maduro "aceite o resultado" da eleição presidencial de 2024 e deixe o cargo, no que foi aplaudido pela plateia.
O paradeiro de María Corina era desconhecido até então -ela não é vista em público desde janeiro. Dezenas de venezuelanos no exílio viajaram para a capital norueguesa para possivelmente acompanhá-la nesta semana.
Horas antes de confirmar a realização da entrevista, o comitê já havia confirmado que, apesar da ausência na cerimônia, havia confirmação de que a líder venezuelana está em segurança e que ela viajaria para a capital norueguesa.
O ministro do Interior da Venezuela e número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, disse na segunda desconhecer detalhes sobre a viagem da opositora. Em novembro, o procurador-geral venezuelano disse à agência de notícias AFP que ela seria considerada foragida caso deixasse o país.
María Corina recebeu o Nobel da Paz em 10 de outubro "por seu incansável trabalho em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura à democracia" no país, segundo a organização.
A opositora mantém proximidade com setores alinhados ao presidente dos EUA, Donald Trump, que acusam Maduro de envolvimento com organizações criminosas que representariam ameaça direta à segurança nacional americana -posição questionada por setores da inteligência de Washington. Ao receber o anúncio da premiação, em outubro, ela dedicou parte do reconhecimento a Trump.
María Corina venceu com ampla margem as primárias da oposição para a eleição presidencial de 2024, mas foi impedida de concorrer. Após o pleito contestado, que resultou na declaração oficial da vitória de Maduro, ela entrou na clandestinidade em agosto, quando o regime intensificou as prisões de opositores.
A entrega do Nobel coincide com a mobilização militar dos EUA no Caribe e no Pacífico, onde mais de 80 pessoas foram mortas em ataques americanos contra embarcações usadas, segundo Washington, para o transporte de drogas.
Os EUA dizem que as ofensivas, iniciadas em agosto, fazem parte de operações contra o narcotráfico, mas especialistas questionam a legalidade desses ataques, e Maduro insiste que o objetivo é derrubá-lo e se apoderar das riquezas da Venezuela, rica em petróleo.
O movimento teve uma escalada nesta quarta com os EUA interceptando um petroleiro na costa da Venezuela. Trump disse que a ação ocorreu "por uma ótima razão", mas não deu detalhes. Maduro falou em "interferência ilegal e brutal".
María Corina volta a desafiar Maduro ao driblar proibição de viagem e ir para Noruega
GABRIEL BARNABÉ, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A opositora María Corina Machado desafiou mais uma vez o regime de Nicolás Maduro ao contrariar uma proibição de viagem e ir à Noruega nesta quarta-feira (10). A venezuelana havia planejado chegar em Oslo para a cerimônia de premiação do Nobel da Paz, nesta manhã, mas precisou ser representada pela filha Ana Corina Sosa Machado devido a atrasos na viagem.
Na noite desta quarta, já madrugada de quinta na Noruega, María Corina acenou ao público em frente ao Grand Hotel, local de alojamento habitual dos ganhadores do Nobel na capital norueguesa. A opositora apareceu na varanda central do prédio, cantou o hino venezuelano e saudou "viva a Venezuela!". Horas antes, o Comitê Nobel confirmou que ela havia chegado ao país.
María Corina tinha seu paradeiro desconhecido desde janeiro, quando apareceu publicamente pela última vez. O regime venezuelano proibiu formalmente que ela saísse do país. O ministro do Interior da Venezuela e número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, disse na segunda desconhecer detalhes sobre a viagem da opositora. Em novembro, o procurador-geral venezuelano disse à agência de notícias AFP que ela seria considerada foragida caso deixasse o país.
Na cerimônia desta manha, Ana Corina fez um discurso confirmando que sua mãe chegaria mais tarde. "Em poucas horas, poderemos abraçá-la aqui em Oslo após 16 meses vivendo escondida. Enquanto aguardo esse momento, [...] penso nas outras filhas e filhos que não poderão ver suas mães hoje. É isso o que a impulsiona. Ela quer viver em uma Venezuela livre e nunca desistirá desse propósito."
"É por isso que todos nós sabemos -e eu sei- que ela voltará muito em breve à Venezuela." Em seguida, ela leu um discurso escrito pela mãe. "Minha geração nasceu em uma democracia vibrante e a tomamos como certa. Valorizamos nossos direitos, mas esquecemos nossos deveres", dizia parte do texto.
O discurso dizia que que a Venezuela, "contra todas as probabilidades, acordou". O texto ainda recordou como ela foi impedida de concorrer à Presidência em julho de 2024, "em um duro golpe" da ditadura.
O presidente do comitê do Nobel da Paz, Jorgen Watne Frydnes, fez um longo discurso de abertura criticando os presos políticos da ditadura de Maduro e citou a imigração em massa dos cidadãos do país.
María Corina recebeu o Nobel da Paz em 10 de outubro "por seu incansável trabalho em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura à democracia" no país, segundo a organização.
A opositora mantém proximidade com setores alinhados ao presidente dos EUA, Donald Trump, que acusam Maduro de envolvimento com organizações criminosas que representariam ameaça direta à segurança nacional americana -posição questionada por setores da inteligência de Washington. Ao receber o anúncio da premiação, em outubro, ela dedicou parte do reconhecimento a Trump.
María Corina Machado diz que fará todo o possível para voltar à Venezuela com o Nobel da Paz
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dia após desafiar o regime de Nicolás Maduro ao sair da clandestinidade e chegar à Noruega, María Corina Machado afirmou nesta quinta-feira (11) que fará "todo o possível" para retornar à Venezuela com o Prêmio Nobel da Paz.
"Vim receber o prêmio em nome do povo venezuelano e o levarei de volta à Venezuela no momento correto", afirmou a opositora de 58 anos a jornalistas em Oslo.
"Não direi quando nem como isso acontecerá, mas farei todo o possível para poder voltar e também para acabar com esta tirania muito em breve", disse ainda, acrescentando que está "muito esperançosa" de que a Venezuela será livre em breve.
"Nós vamos transformar o país em um lugar de esperança, uma oportunidade de democracia. E nós vamos acolher não somente os venezuelanos que foram forçados a fugir, mas cidadãos de todo o mundo."
María Corina, que estava acompanhada do primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, também agradeceu aos "homens e mulheres que arriscaram suas vidas" para que ela pudesse viajar, após mais de um ano na clandestinidade. "Anseio pelo dia que vamos [poder] receber todos vocês em um país iluminado, democrático e livre -e isso será em breve", afirmou.
A líder da oposição venezuelana havia planejado chegar à capital norueguesa para a cerimônia de premiação do Nobel da Paz na manha de quarta-feira (10), mas precisou ser representada pela filha Ana Corina Sosa Machado devido a atrasos na viagem.
Na noite de quarta, já madrugada de quinta na Noruega, María Corina acenou ao público em frente ao Grand Hotel, local de alojamento habitual dos ganhadores do Nobel na capital norueguesa. A opositora apareceu na varanda central do prédio, cantou o hino venezuelano e saudou "viva a Venezuela!". Momentos depois, saiu do hotel e cumprimentou apoiadores na rua.
A opositora apareceu na varanda central do prédio, cantou o hino venezuelano e saudou "viva a Venezuela!". Momentos depois, saiu do hotel e cumprimentou apoiadores na rua.
O paradeiro da líder da oposição era desconhecido desde janeiro. A ditadura venezuelana proibiu formalmente que ela saísse do país. Nesta quinta, María Corina cumpre uma série de agendas, incluindo uma visita ao Parlamento.
Ela recebeu o Nobel da Paz em 10 de outubro "por seu incansável trabalho em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura à democracia" no país, segundo a organização.
A opositora mantém proximidade com setores alinhados ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusam Maduro de envolvimento com organizações criminosas que representariam ameaça direta à segurança nacional americana -posição questionada por setores da inteligência de Washington. Ao receber o anúncio da premiação, em outubro, ela dedicou parte do reconhecimento a Trump.
A premiação ocorre, inclusive, em meio a uma escalada na tensão militar entre Venezuela e EUA. As Forças Armadas americanas capturaram um petroleiro em águas próximas à costa do país sul-americano na quarta.
Segundo a imprensa dos EUA, trata-se do petroleiro Skipper, de bandeira da Guiana. Plataformas de rastreamento apontam que a última viagem da embarcação foi entre o porto de Basra, no Iraque, e Georgetown, capital guianense.
A Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo, tem uma economia dependente de exportações dessa commodity.
Em resposta, Maduro afirmou em comunicado que a Venezuela "exige o fim da intervenção brutal e ilegal dos Estados Unidos" no país. Trump, questionado sobre o que aconteceria com o navio e sua carga de petróleo venezuelano, respondeu: "Acho que vai ficar conosco".
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