Sobrevivente do Holocausto relembra invasão nazista durante ato pelos 87 anos da Noite dos Cristais

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Sobrevivente do Holocausto relembra invasão nazista durante ato pelos 87 anos da Noite dos Cristais
Sobrevivente do Holocausto relembra invasão nazista durante ato pelos 87 anos da Noite dos Cristais

Agência Sputnik Brasil - 10/11/2025 18:18:02 | Foto: © Sputnik / Guilherme Correia

O engenheiro aposentado Stefan Lippmann, de 89 anos, sobreviveu ao Holocausto após ter sido separado do pai e escondido em um convento católico na Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial.

Judeu alemão, ele tinha apenas três anos quando viveu o primeiro episódio de violência que marcaria para sempre sua infância: a invasão de sua casa por soldados nazistas. O testemunho foi relembrado neste 9 de novembro, à Sputnik Brasil, em São Paulo (SP).

Durante a 56ª Convenção Anual da Confederação Israelita do Brasil (Conib), realizada em memória da Noite dos Cristais, o ataque antissemita ocorrido em 1938 que marcou o início da perseguição aberta aos judeus na Alemanha, Lippmann foi homenageado junto a outros sobreviventes, que acenderam conjuntamente um chanukiá.

No sábado, o ato reuniu representantes religiosos, membros da comunidade judaica, além de políticos, como os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Eduardo Leite (PSDB-RS).

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O evento lembrou os 87 anos da Noite dos Cristais (Kristallnacht) — quando sinagogas foram incendiadas, vitrines de lojas destruídas e milhares de judeus presos e enviados a campos de concentração.

"Eu acho importante sempre lembrar o que aconteceu para que não torne a acontecer", disse Lippmann.

"Eu tinha três anos de idade quando os nazistas entraram em nossa casa e quebraram tudo", descreveu. Segundo ele, a família fugiu da Alemanha e foi para um convento na Bélgica. O pai ficou para trás.

"Quando o meu pai saiu, ele foi preso na França e foi colocado em um campo de concentração inicialmente na França e depois foi para Auschwitz. Eu só soube a poucos anos atrás que ele tinha morrido em Auschwitz ", lembrou.

A mãe trabalhou como empregada doméstica em uma família belga e ele foi cuidado pela "resistência belga, que é algo parecido com a resistência francesa, que cuidou de várias crianças judias". "Eu só não vi a minha mãe durante toda a guerra. Que foram durante cinco anos."

"No fim da guerra, nós fomos reunidos outra vez, encontrei minha mãe de novo e na casa novamente de um religioso católico, mas com o auxílio de uma entidade judaica que cuidou de reunir as famílias dispersas."

Lippmann conta que a mãe tentou emigrar para os Estados Unidos, mas por restrições, não foi possível. "Então viemos para o Brasil. No Brasil já vivia o pai dela e o irmão da minha mãe. Então nós chegamos aqui, em um quarto alugado, e eu fui para o lar das crianças da congregação israelita durante o dia, e minha mãe trabalhava."

"Mais tarde, bem mais tarde, eu comecei a estudar, passei por vários empregos, até que finalmente eu consegui me firmar em um deles, e aí me convenceram a fazer um curso de eletrotécnica da noite, eu fiz, e mais tarde eu fiz engenharia durante o dia na Politécnica", descreveu sua trajetória.

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Estimativas do United States Holocaust Memorial Museum (USHMM) apontam que mais de 1,5 milhão de crianças judias foram mortas durante o Holocausto, e apenas uma pequena parte sobreviveu escondida.

De acordo com registros do Museu Memorial do Holocausto e da ONU, o pai de Stefan Lippmann foi uma das vítimas de Auschwitz, campo libertado em 27 de janeiro de 1945 por tropas soviéticas.

Segundo o historiador Antony Beevor, autor de "A Segunda Guerra Mundial", o avanço do Exército Vermelho no Leste Europeu foi crucial para desmantelar o sistema de campos de extermínio e encerrar o genocídio. Tropas encontraram cerca de 7 mil prisioneiros sobreviventes no local — entre eles, muitos em estado crítico de fome e doença.

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