Libertação de Auschwitz completa 80 anos em tempos de aumento do nazismo
Agência Sputnik Brasil - 10/11/2025 18:18:02 | Foto: © Sputnik / Guilherme Correia
O engenheiro aposentado Stefan Lippmann, de 89 anos, sobreviveu ao Holocausto após ter sido separado do pai e escondido em um convento católico na Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial.
Judeu alemão, ele tinha apenas três anos quando viveu o primeiro episódio de violência que marcaria para sempre sua infância: a invasão de sua casa por soldados nazistas. O testemunho foi relembrado neste 9 de novembro, à Sputnik Brasil, em São Paulo (SP).
Durante a 56ª Convenção Anual da Confederação Israelita do Brasil (Conib), realizada em memória da Noite dos Cristais, o ataque antissemita ocorrido em 1938 que marcou o início da perseguição aberta aos judeus na Alemanha, Lippmann foi homenageado junto a outros sobreviventes, que acenderam conjuntamente um chanukiá.
No sábado, o ato reuniu representantes religiosos, membros da comunidade judaica, além de políticos, como os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Eduardo Leite (PSDB-RS).
Libertação de Auschwitz completa 80 anos em tempos de aumento do nazismo, notam analistas (VÍDEOS)
O evento lembrou os 87 anos da Noite dos Cristais (Kristallnacht) — quando sinagogas foram incendiadas, vitrines de lojas destruídas e milhares de judeus presos e enviados a campos de concentração.
"Eu acho importante sempre lembrar o que aconteceu para que não torne a acontecer", disse Lippmann.
"Eu tinha três anos de idade quando os nazistas entraram em nossa casa e quebraram tudo", descreveu. Segundo ele, a família fugiu da Alemanha e foi para um convento na Bélgica. O pai ficou para trás.
"Quando o meu pai saiu, ele foi preso na França e foi colocado em um campo de concentração inicialmente na França e depois foi para Auschwitz. Eu só soube a poucos anos atrás que ele tinha morrido em Auschwitz ", lembrou.
A mãe trabalhou como empregada doméstica em uma família belga e ele foi cuidado pela "resistência belga, que é algo parecido com a resistência francesa, que cuidou de várias crianças judias". "Eu só não vi a minha mãe durante toda a guerra. Que foram durante cinco anos."
"No fim da guerra, nós fomos reunidos outra vez, encontrei minha mãe de novo e na casa novamente de um religioso católico, mas com o auxílio de uma entidade judaica que cuidou de reunir as famílias dispersas."
Lippmann conta que a mãe tentou emigrar para os Estados Unidos, mas por restrições, não foi possível. "Então viemos para o Brasil. No Brasil já vivia o pai dela e o irmão da minha mãe. Então nós chegamos aqui, em um quarto alugado, e eu fui para o lar das crianças da congregação israelita durante o dia, e minha mãe trabalhava."
"Mais tarde, bem mais tarde, eu comecei a estudar, passei por vários empregos, até que finalmente eu consegui me firmar em um deles, e aí me convenceram a fazer um curso de eletrotécnica da noite, eu fiz, e mais tarde eu fiz engenharia durante o dia na Politécnica", descreveu sua trajetória.
'Graças ao Exército Soviético', lembra sobrevivente do Holocausto durante 2ª Guerra Mundial (VÍDEO)
6 de maio, 15:00
Estimativas do United States Holocaust Memorial Museum (USHMM) apontam que mais de 1,5 milhão de crianças judias foram mortas durante o Holocausto, e apenas uma pequena parte sobreviveu escondida.
De acordo com registros do Museu Memorial do Holocausto e da ONU, o pai de Stefan Lippmann foi uma das vítimas de Auschwitz, campo libertado em 27 de janeiro de 1945 por tropas soviéticas.
Segundo o historiador Antony Beevor, autor de "A Segunda Guerra Mundial", o avanço do Exército Vermelho no Leste Europeu foi crucial para desmantelar o sistema de campos de extermínio e encerrar o genocídio. Tropas encontraram cerca de 7 mil prisioneiros sobreviventes no local — entre eles, muitos em estado crítico de fome e doença.
Comentários para "Sobrevivente do Holocausto relembra invasão nazista durante ato pelos 87 anos da Noite dos Cristais":