Brasil expressa preocupação da estratégia dos EUA de vincular narcotráfico com terrorismo
“ Tudo isso é muito preocupante”
Agência Xinhua brasil - 06/11/2025 11:12:47 | Foto: © ALAN SANTOS/PR
O governo brasileiro expressou preocupação nesta terça-feira com o potencial de novos conflitos na América Latina após a decisão dos Estados Unidos de associar o narcotráfico ao terrorismo.
O assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, declarou ao jornal local "O Globo" que o mundo vive um momento de "desordem total", alimentado pelos rótulos impostos pelos Estados Unidos que poderiam justificar ataques militares.
"O mundo está em completa desordem. Essa divisão entre narcoterrorismo e outros rótulos pode justificar ataques militares que não ocorreriam de outra forma. Tudo isso é muito preocupante", afirmou.
Amorim alertou que qualquer ameaça militar na região seria "extremamente grave" e observou que "desde 1902 não há ameaça de uso direto da força contra a América do Sul", embora tenha expressado esperança de que progressos positivos em direção à paz total sejam alcançados até o final deste ano.
"Não se pode esperar paz na Ucrânia e, ao mesmo tempo, uma guerra ou algum tipo de ataque na América do Sul. Tudo isso está interligado; tudo se contamina mutuamente. Estou muito preocupado com tudo isso", acrescentou.
Nesse sentido, citou como exemplo a nova estratégia de Washington de realizar ataques contra embarcações pertencentes a supostos narcotraficantes na América Latina e de rotular grupos do crime organizado como organizações terroristas.
Diante disso, o diplomata enfatizou que, apesar das dificuldades, "o Brasil está consolidando a democracia internamente" e continua sendo "um parceiro indispensável para todos os demais atores internacionais, em um mundo que precisa desesperadamente de boas notícias".
Ele enfatizou que o país sul-americano já teve diversas experiências anteriores com mediação, como no Grupo de Amigos da Venezuela, criado em 2003 com a participação dos Estados Unidos, mas que atualmente essas duas nações precisam decidir se desejam que o Brasil participe como mediador.
"A essência da mediação é a mesma: ninguém conseguirá tudo o que quer, mas ninguém ficará sem algo que deseja. Essa é a essência do processo", afirmou.
Amorim considerou positiva a aprovação de uma declaração do Grupo de Paz em Nova York, coordenado pelo Brasil e pela China. O objetivo do grupo é promover negociações para pôr fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
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