Brasil deveria dar alguma vitória a Trump para destravar tarifaço, diz Tarcísio

Tarcísio reafirma que será candidato ao governo de SP.

Brasil deveria dar alguma vitória a Trump para destravar tarifaço, diz Tarcísio
Brasil deveria dar alguma vitória a Trump para destravar tarifaço, diz Tarcísio

Bruno Ribeiro E Marianna Holanda, São Paulo, Sp E Brasília, Df (folhapress) - 19/08/2025 16:05:00 | Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP

Tarcísio reafirma que será candidato ao governo de SP após ataque de filhos de Bolsonaro

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou a dizer que trabalha por sua reeleição em São Paulo e afirmou que busca ajudar um eventual candidato da centro-direita nas eleições presidenciais do ano que vem.

As falas, feitas nesta segunda-feira (18) durante um evento promovido por um fundo de investimentos em um hotel da zona sul da capital, ocorrem após ele ser tratado, no sábado, como candidato à Presidência em um almoço com banqueiros e depois das duras críticas feitas pelo clã Bolsonaro a governadores da centro-direita, a quem o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) chamou de ratos e oportunistas.

Em sua palestra, o governador pregou união entre os políticos da centro-direita e defendeu a construção de um projeto unificado para o país, em alternativa às políticas implementadas pelo PT.

"Acho que, mais importante do que pensar em uma candidatura de centro-direita, é pensar num projeto de país. Qual é o projeto? Qual é a agenda para o Brasil? Quais são os problemas que nós temos de resolver? E aí nós temos um compromisso gigantesco. O que a nossa geração vai deixar para as gerações que estão vindo?", questionou.

"Onde eu posso contribuir? Primeiro, em fazer um trabalho legal aqui em São Paulo, tentar entregar aqui em São Paulo, e eu vou focar neste projeto de São Paulo. Se eu fizer um bom trabalho aqui, a gente vai ajudar um projeto deste campo político. Meu objetivo agora é ajudar este campo, ajudar quem vai vir, quem vai ser candidato do nosso campo, tentar ajudar com um projeto de Brasil", disse Tarcísio a jornalistas após sua palestra.

Tarcísio optou por não responder diretamente às críticas de Carlos Bolsonaro, que também foram reproduzidas por seu irmão, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos e diz trabalhar por sanções a autoridades brasileiras em resposta ao processo no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) .

Como a Folha de S.Paulo relatou, nos dias que sucederam o decreto de prisão preventiva de Bolsonaro, Tarcísio intensificou agendas com empresários do setor agropecuário e financeiro, em que vem sendo tratado como possível candidato à Presidência.

O clã Bolsonaro critica os governadores porque, no entendimento deles, os aliados do ex-presidente deveriam estar lutando mais enfaticamente para evitar a condenação de Bolsonaro, defendendo a aprovação de um projeto de anistia e fazendo críticas ao Judiciário.

Além da intensificação das agendas de Tarcísio, o ataque dos Bolsonaro a governadores ocorreu no mesmo fim de semana em que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou sua pré-candidatura presidencial.

Zema minimizou as críticas nesta segunda, durante entrevista coletiva. "Nós da direita temos as mesmas propostas, estamos lutando pelos mesmos objetivos. Eu fico até surpreso, mas compreendo. Me solidarizo com a família, que tem vivido um momento difícil. Continuamos caminhando juntos. Até marido e mulher discordam, né? Então o que dizer de partidos políticos diferentes?", afirmou o mineiro.

Brasil deveria dar alguma vitória a Trump para destravar tarifaço, diz Tarcísio

BRUNO RIBEIRO E MARIANNA HOLANDA, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defendeu que o Brasil deveria conceder uma vitória a Donald Trump para destravar as negociações do tarifaço.

Em uma palestra a investidores promovida em um hotel da zona sul de São Paulo nesta segunda-feira (18), Tarcísio voltou a criticar a condução da crise gerada pela imposição de uma sobretaxa de 50% a produtos brasileiros pela gestão do líder republicano.

"Eu acho que é fundamental compreender um pouco do estilo do presidente americano. É um presidente que vive na economia da atenção. É um presidente que gosta de sentar com o chefe de Estado, botar um chefe de Estado sentado lá e dizer: olha, conseguiu uma vitória. E ele está querendo colecionar vitórias. Então, por que não entregar alguma vitória para ele? Por que não fazer algum gesto?", questionou Tarcísio.

Em março, após a posse de Trump, o governador publicou um vídeo colocando um boné com o slogan Make America Great Again (faça os Estados Unidos grandes de novo), da campanha do norte-americano. Ao anunciar o tarifaço, Trump criticou a forma como Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio, vinha sendo tratado -em referência ao julgamento do ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a trama golpista.

Ao defender que o Brasil desse uma vitória a Trump, o governador argumentou que seria possível deixar de comprar combustível da Rússia -parceira do país nos Brics.

"Vou pegar um exemplo. A gente tem, na nossa relação com a Rússia, por exemplo, a compra de diesel, a compra de fertilizante. O fertilizante é absolutamente necessário. O diesel, nem tanto. A gente não precisa do diesel que vem da Rússia para nada. Então, será que não posso fazer um gesto nesse sentido?"
O governador apontou ainda que outra vitória que o Brasil poderia dar a Trump seria na forma de investimentos das empresas brasileiras em território norte-americano.

"Quantas empresas brasileiras investem já nos Estados Unidos? Quantas empresas brasileiras já são campeãs nos Estados Unidos? Se a gente somar isso, quanto é que a gente está falando de investimento nos próximos anos? Então, a gente pode começar a dar algumas vitórias. A gente pode começar uma negociação e entregar essa vitória", disse.

Tarcísio defendeu que, dando vitórias a Trump, seria possível obter vitórias também. "Se a gente consegue reduzir a tarifa, eu tiro a tarifa, volto para o patamar anterior no setor de máquinas e equipamentos, no café, no pneu, na proteína animal, no pescado, a gente vai ter uma vitória."
Embora Trump tenha feito críticas ao tratamento dado a Bolsonaro quando anunciou o tarifaço, Tarcísio não mencionou a pressão do norte-americano contra o judiciário brasileiro.

Tarcísio afirma que trabalha a para se reeleger governador em São Paulo no ano que vem, mas é considerado o principal nome do bolsonarismo para concorrer à Presidência em 2026, dado que Bolsonaro está inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em ações que o condenaram por abuso de poder político e econômico.

No evento, Tarcísio listou ações que sua gestão adotou para tentar mitigar os efeitos do tarifaço e evitar demissões, em especial a liberação de R$ 1,5 bilhão em créditos tributários, mas disse que essas medidas são paliativas.

"A gente sabe que isso é paliativo. Isso garante o conforto financeiro neste momento, mas nada disso é suficiente. O que é suficiente é sentar à mesa."
Tarcísio foi criticado, quando o tarifaço foi anunciado, por seu alinhamento a Jair Bolsonaro e por não agir para defender os interesses da economia de São Paulo –que tem nos Estados Unidos seu maior mercado exportador. Nos dias seguintes, contudo, ele passou a criticar as medidas dos EUA.

Desde a última semana, o governador vem criticando o governo Lula (PT) por não ter conseguido abrir canais de negociação com o governo Trump, mas sem citar as ações adotadas por Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos para aumentar as sanções ao país.

Tarcísio defende que SP não renove contrato da Enel e quebre concessão em dois blocos

THIAGO BETHÔNICO, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (18) que o contrato da Enel com a capital e região metropolitana é ruim e defendeu que a companhia não tenha sua concessão de distribuição de energia renovada.

Em fórum de infraestrutura promovido pela revista Veja, Tarcísio sugeriu ainda que um novo modelo de concessão seja adotado, com a quebra da área em dois blocos.

Segundo o governador, a Enel não investe na modernização do sistema pois os gastos não se traduzem em uma tarifa maior -ou seja, em mais receita.

"Eu sou absolutamente crítico desse contrato da Enel. Acho que é um contrato extremamente ruim. Vamos lembrar que é um contrato muito antigo, que não tem boas servidões", disse Tarcísio.

Segundo ele, o modelo possui basicamente dois indicadores de desempenho: DEC e FEC, que avaliam a continuidade do fornecimento e seriam fáceis de serem atingidos, principalmente pelos expurgos (exceções) permitidos por condições climáticas.

"Se eu fosse o poder concedente, se eu estivesse no governo federal, primeiro eu não renovaria o contrato, segundo, quebraria essa concessão que é muito grande em pelo menos duas", afirmou. "Acho que São Paulo não pode aceitar que esse contrato seja prorrogado, sobretudo na situação que está", acrescentou.

A Enel vive uma situação de crise em São Paulo após episódios em 2024 e 2023 que deixaram milhões de habitantes sem luz por vários dias seguidos. O atual contrato de concessão da companhia vence em 2028, mas já há um pedido de renovação junto à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), reguladora do serviço.

"Ao longo do tempo, vimos que a empresa não faz os investimentos necessários. Não faz capex, não opex, porque aquilo não vai ser reconhecido na tarifa. Como não gera receita, a empresa não faz o investimento", disse o governador.

Segundo Tarcísio a demora nas religações em episódios de apagão ocorre por falta de funcionários e de automação.

"A velocidade de recomposição de uma rede, de reestabelecimento de energia, está intimamente ligada ao nível de automação que essa rede tem."
Durante o evento, o governador disse também estar muito preocupado com a questão de escassez hídrica no estado.

"A pressão pela água vai aumentar ao longo do tempo. Não podemos esquecer que temos uma questão de escassez hídrica. Nós temos baixa resiliência hídrica em várias regiões do estado", afirmou.

Segundo o Tarcísio, o governo tem feito uma série de projetos para enfrentar esse desafio, como barragens e estruturas de reservação.

"Estamos pensando na competição do uso humano com o uso do agro, uso industrial".

Em nota, a Enel disse que tem ampliado os investimentos para melhoria contínua do serviço prestado, o que inclui modernização da rede e digitalização. "Em 2019, a rede da Enel São Paulo tinha 6.500 dispositivos de automação instalados. Atualmente, são mais de 10 mil equipamentos e até 2027, a companhia vai dobrar esse número. A companhia também reforçou de forma estrutural o plano operacional e contratou 1.200 novos eletricistas, de novembro a março", afirmou.

Segundo a companhia, de 2025 a 2027, R$ 10,4 bilhões serão investidos para fazer frente ao avanço dos eventos climáticos.

O governador disse que hoje São Paulo é o estado que mais absorve investimentos em data centers e no que chamou de "economia do conhecimento", exatamente por causa da oferta de energia e de água.

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