Reunião às pressas entre Bolsonaro e Tarcísio teve aval silencioso e temor com tarifaço

Tarcísio se encontra com chefe da embaixada dos EUA em meio a tarifaço.

Reunião às pressas entre Bolsonaro e Tarcísio teve aval silencioso e temor com tarifaço
Reunião às pressas entre Bolsonaro e Tarcísio teve aval silencioso e temor com tarifaço

Ricardo Della Coletta, Bruno Ribeiro, Juliana Arreguy E Mônica Bergamo, São Paulo, Sp, E Brasília, Df (folhapress) - 13/07/2025 12:32:36 | Foto: Reprodução/ Twitter

BRUNO RIBEIRO, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), avisou Jair Bolsonaro (PL) que adotaria o discurso de defesa da economia de seu estado –e não a anistia aos bolsonaristas– diante da imposição da sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros por Donald Trump.

O aviso foi dado na tarde de quinta-feira (10), em uma reunião fechada na sede da representação do governo paulista em Brasília.

Tarcísio é cotado para disputar a Presidência no ano que vem, embora diga que tentará a reeleição em São Paulo. Trump associou a medida a críticas ao tratamento dado a Bolsonaro pelo Brasil, em especial sobre o julgamento do ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal) em torno da trama golpista de 2022.

Na conversa, segundo relatos colhidos pela Folha, Bolsonaro ficou calado diante do aviso de Tarcísio e não fez manifestações contrárias.

Uma pessoa próxima ao ex-presidente, contudo, disse que ele saiu contrariado da reunião. No mesmo dia, em nota nas redes sociais, Bolsonaro nem entrou no mérito do tarifaço e pediu urgência aos Poderes para que atendessem exigências de Trump que o beneficiariam no julgamento.

Trump é aliado de Bolsonaro, padrinho político de Tarcísio, que por sua vez é fã do presidente dos EUA, tendo até posado com um boné do republicano após as eleições americanas, algo que tem sido explorado por aliados do Palácio do Planalto diante da atual crise.

O prejuízo econômico das medidas adotadas por Trump, estimado em bilhões de reais, escancarou o racha no bolsonarismo e colocou Tarcísio em embate direto com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O filho do ex-presidente celebra o tarifaço e espera que ele seja usado como arma para pressionar o Congresso a aprovar a anistia às pessoas ligadas à tentativa de golpe, incluindo o próprio Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro adotou linha semelhante ao cobrar anistia para solucionar o tarifaço.

Eduardo se auto-exilou nos Estados Unidos com a promessa de articular sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e agora tem enaltecido o tarifaço de Trump. Já Tarcísio afirma, como fez em entrevista neste sábado (12), que as tarifas são ruins para a economia paulista e que é preciso "deixar a questão política de lado e tentar resolver essa questão".

Ambos são cotados para receber a indicação de Bolsonaro para concorrer à Presidência no ano que vem, já que Bolsonaro está inelegível ao menos até 2030. Tarcísio tem apoio dos principais dirigentes partidários da centro-direita, enquanto Eduardo é o preferido dos bolsonaristas radicais.

A conversa entre Tarcísio e Bolsonaro ocorreu menos de 24 horas após o anúncio das sanções do presidente norte-americano.

Naquela tarde, ambos postaram o mesmo vídeo, cada um em suas redes sociais, pouco antes de a reunião começar. As imagens mostravam os dois chegando juntos a um restaurante em Brasília, abraçando apoiadores e sorrindo.

Newsletter Tarifaço Receba no seu email o que você precisa saber sobre a crise entre EUA e Brasil * No encontro, Bolsonaro demonstrou estar contente com o gesto do presidente norte-americano em sua defesa. Mas reconheceu que a sobretaxa atinge empresários que lhe dão apoio, especialmente no setor agropecuário, o que poderia comprometer sua popularidade.

Tarcísio decidiu comunicar Bolsonaro pessoalmente de sua decisão após sentir pressões de empresários, do setor agrícola e de aliados –que avaliaram como nulas as chances de um projeto de anistia prosperar com base em ameaças à soberania nacional feitas por Trump.

Após a conversa, o governador iniciou uma série de movimentações para enfrentar as medidas norte-americanas, conforme a Folha mostrou.

Além de procurar a representação diplomática dos EUA em Brasília para apresentar dados sobre as transações comerciais entre São Paulo e o país, ele telefonou para ministros do STF para tentar reaver o passaporte de Bolsonaro –o que, segundo revelou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, foi considerado esdrúxulo por membros da corte.

Os dois voltaram a conversar após essas ações, o que foi interpretado por integrantes do Palácio dos Bandeirantes como sinal de que Bolsonaro não desautorizou a movimentação do aliado.

Este não é o primeiro episódio em que padrinho e afilhado discordam em questões políticas. Um exemplo anterior foi o apoio à reeleição do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), no ano passado.

Bolsonaro chegou a dizer a Tarcísio que era um erro apoiar Nunes, que ele considerava fraco, mas o governador insistiu e se mostrou certo, uma vez que o prefeito foi reeleito.

O vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL), outro filho do ex-presidente e encarregado de suas redes sociais, publicou um texto parabenizando o governador pela articulação direta com os Estados Unidos, em contraponto ao irmão mais novo.

As ações de Tarcísio representam uma rápida correção de rota diante da crise.

Quando Trump publicou um texto pedindo para "deixarem em paz" Bolsonaro, na última segunda-feira (7), Tarcísio exaltou o gesto e ainda provocou a Justiça brasileira, dizendo que o ex-presidente "só deve ser julgado pelo povo brasileiro, durante as eleições".

Na ocasião, a expectativa era que as eventuais sanções articuladas por Eduardo atingissem apenas o ministro Alexandre de Moraes.

Quando a sobretaxa de 50% foi anunciada para todos os produtos brasileiros, Tarcísio inicialmente manteve a temperatura política alta, culpando Lula pela medida.

Contudo aliados do governador avaliaram que até setores tradicionalmente ligados ao bolsonarismo, como a agropecuária, poderiam se aproximar de Lula por questões de sobrevivência, para fortalecer o presidente e o Brasil em uma eventual mesa de negociação com os Estados Unidos.

Neste sábado, Tarcísio despolitizou totalmente o assunto. Em entrevista em Cerquilho, no interior paulista, disse que "a gente precisa estar de mãos dadas agora, deixar a questão política de lado e tentar resolver essa questão" e que falar em anistia, neste momento, era uma "questão de opinião".

Tarcísio tenta reagir ao tarifaço, busca EUA, STF e Bolsonaro e vê pressão de aliados única por anistia

Cotado como candidato a presidente no ano que vem, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) buscou sair das cordas diante da crise do tarifaço ao Brasil anunciado por Donald Trump e nas últimas horas fez uma rodada de conversas que passou pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por ministros do STF e pelo chefe da embaixada dos Estados Unidos no Brasil.

O governo Lula (PT) tem associado as consequências econômicas do tarifaço à oposição, inclusive a Tarcísio, aliado de Bolsonaro.

De acordo com interlocutores do governador, Tarcísio pode se colocar como um possível negociador com Trump. O governador, porém, além de ter derrapado na conversa com ministros do Supremo, encontrou resistência dentro do campo bolsonarista para essa tentativa de diálogo com os Estados Unidos.

Eduardo Bolsonaro, deputado licenciado e filho do ex-presidente, disse por exemplo que o eventual fim do tarifaço precisa passar necessariamente por uma anistia geral aos acusados da trama golpista, o que incluiria seu pai, réu no STF no processo da trama golpista.

Outro obstáculo é o próprio Bolsonaro, que em nota um dia antes deixou claro que o que lhe interessa é a anistia. A tarifa de 50% aos produtos brasileiros e suas consequências aos produtores locais têm sido ignoradas pelo ex-presidente, que pede pressa aos Poderes para atender às exigência de Trump.

A carta de Trump a Lula sobre o tarifaço deixa claro que a motivação dos EUA é a busca pelo fim do processo contra Bolsonaro no STF.

Trump é aliado de Bolsonaro, padrinho político de Tarcísio, que por sua vez é fã do presidente dos EUA, tento até posado com um boné do republicano nas redes sociais após as eleições americanas, algo que tem sido explorado por aliados do Palácio do Planalto diante da atual crise.

A busca de Tarcísio agora por um protagonismo de negociador ocorre, como mostrou a Folha, após ter sido exposto a um nó político, na tentativa de se equilibrar entre fidelidade a Bolsonaro e o respeito à Justiça e à democracia.

Na avaliação de dois presidentes de partidos, de deputados federais e estaduais aliados ao governador e de integrantes de sua equipe, a imagem de Tarcísio entre os bolsonaristas sairá arranhada caso ele não apoie as medidas de Trump nem as trate como reflexo direto de uma suposta perseguição antidemocrática sofrida pelo ex-presidente.

Por outro lado, se endossar as barreiras comerciais impostas pelo governo americano, o desgaste será com o mercado financeiro, o setor agropecuário e com eleitores fora do campo bolsonarista.

Na segunda-feira (7), quando Trump publicou um texto em defesa de Bolsonaro, Tarcísio rapidamente reverberou a mensagem, tratando a iniciativa como uma vitória do bolsonarismo e atacando indiretamente a legitimidade do STF para julgar o processo criminal contra o aliado.

"Jair Bolsonaro deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições. Força, presidente", disse, na ocasião, em uma crítica também a decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que condenou Bolsonaro e o declarou inelegível até 2030 por uso da máquina nas eleições e ataques à Justiça Eleitoral.

A corrida de Tarcísio começou na tarde desta quinta-feira, quando enforcou a agenda no Palácio dos Bandeirantes e viajou a Brasília para se encontrar com Bolsonaro. No mesmo dia, o ex-presidente publicou uma nota nas redes sociais na qual deixou claro que a anistia é o que mais o interessa no momento.

Bolsonaro nem entrou no mérito do tarifaço, apenas citou a medida, e pediu pressa às autoridades brasileiras para que cumpram as exigências de Trump, que cobra diretamente o encerramento do julgamento no STF. Se condenado, Bolsonaro pode ser preso neste ano e pegar uma pena de 40 anos.

Outra iniciativa de Tarcísio acabou como uma derrapada. Como revelou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, o governador telefonou para ministros do STF que esses autorizassem Bolsonaro a viajar aos EUA para se encontrar com Trump e negociar o tarifaço.

A proposta de Tarcísio foi considerada surpreendente e esdrúxula pelos ministros do Supremo.

Já na manhã desta sexta-feira Tarcísio teve uma reunião com o chefe da embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar.

"Acabo de me reunir com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, em Brasília. Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas", escreveu Tarcísio em um rede social.

"Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa", completou o governador na mesma postagem.

A embaixada dos EUA confirmou a reunião entre Escobar e Tarcísio e destacou que São Paulo é o estado "com a maior concentração de investimento americano no Brasil".

"Ressaltamos que diplomatas americanos se reúnem regularmente com governadores brasileiros. A Embaixada dos EUA promove os interesses das empresas americanas e a cooperação bilateral", disse a representação, em nota.

Na quarta (9), dia em que Trump divulgou nas redes sociais uma carta em que anuncia as sobretaxas e volta a se queixar de perseguição política contra Bolsonaro, Escobar foi convocado duas vezes ao Itamaraty para prestar explicações.

Na diplomacia, trata-se de uma forma de o país anfitrião, no caso o Brasil, demonstrar profunda insatisfação com a condução da relação bilateral. Na segunda reunião, representantes do Itamaraty devolveram simbolicamente a Escobar a carta endereçada por Trump a Lula.

Tarcísio se encontra com chefe da embaixada dos EUA em meio a tarifaço de Trump

RICARDO DELLA COLETTA, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teve uma reunião nesta sexta-feira (11) com o chefe da embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar.

O encontro, que ocorreu no escritório do Governo de São Paulo em Brasília, ocorre dias após Donald Trump anunciar tarifas de 50% contra produtos brasileiros e fazer diversas sinalizações de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governo Lula (PT) tem associado as consequências econômicas do tarifaço à oposição, inclusive a Tarcísio, aliado de Bolsonaro.

"Acabo de me reunir com Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, em Brasília. Conversamos sobre as consequências da tarifa para a indústria e agro brasileiro e também o reflexo disso para as empresas americanas", escreveu Tarcísio em um rede social.

"Vamos abrir diálogo com as empresas paulistas, lastreado em dados e argumentos consolidados, para buscar soluções efetivas. É preciso negociar. Narrativas não resolverão o problema. A responsabilidade é de quem governa", completou o governador na mesma postagem.

Escobar é encarregado de negócios da missão dos EUA no Brasil, que está sem embaixador desde o início da gestão Trump.

Na quarta (9), dia em que Trump divulgou nas redes sociais uma carta em que anuncia as sobretaxas e volta a se queixar de perseguição política contra Bolsonaro, Escobar foi convocado duas vezes ao Itamaraty para prestar explicações.

Na diplomacia, trata-se de uma forma de o país anfitrião, no caso o Brasil, demonstrar profunda insatisfação com a condução da relação bilateral. Na segunda reunião, representantes do Itamaraty devolveram simbolicamente a Escobar a carta endereçada por Trump a Lula.

De acordo com interlocutores do governador, Tarcísio pode se colocar como um possível negociador com Trump.

O aumento de tarifas ao Brasil imposto por Trump, como mostrou a Folha, expôs o nó político do governador, que publicamente tenta se equilibrar entre fidelidade a Bolsonaro e o respeito à Justiça e à democracia.

Na avaliação de dois presidentes de partidos, de deputados federais e estaduais aliados ao governador e de integrantes de sua equipe, a imagem de Tarcísio entre os bolsonaristas sairá arranhada caso ele não apoie as medidas de Trump nem as trate como reflexo direto de uma suposta perseguição antidemocrática sofrida pelo ex-presidente.

Por outro lado, se endossar as barreiras comerciais impostas pelo governo americano, o desgaste será com o mercado financeiro, o setor agropecuário e com eleitores fora do campo bolsonarista.

Bolsonaristas de São Paulo, segundo apurou a reportagem, esperavam que os Estados Unidos anunciassem sanções contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes -não contra o país inteiro.

As primeiras reações de Tarcísio seguiram essa linha e tiveram de ser recalibradas ao longo da semana diante da impopularidade das medidas.

Na segunda-feira (7), quando Trump publicou um texto em defesa de Bolsonaro, Tarcísio rapidamente reverberou a mensagem, tratando a iniciativa como uma vitória do bolsonarismo e atacando indiretamente a legitimidade do STF para julgar o processo criminal contra o aliado.

"Jair Bolsonaro deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições. Força, presidente", disse, na ocasião, em uma crítica também a decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que condenou Bolsonaro e o declarou inelegível até 2030 por uso da máquina nas eleições e ataques à Justiça Eleitoral.

Tarcísio, com tarifaço de Trump, mina retórica de moderação encenada sobre o STF

BRUNO RIBEIRO E JULIANA ARREGUY, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O aumento de tarifas ao Brasil imposto por Donald Trump expôs o nó político do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que publicamente tenta se equilibrar entre fidelidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o respeito à Justiça e à democracia.

Na avaliação de dois presidentes de partidos, de deputados federais e estaduais aliados ao governador e de integrantes de sua equipe, a imagem de Tarcísio entre os bolsonaristas sairá arranhada caso ele não apoie as medidas de Trump nem as trate como reflexo direto de uma suposta perseguição antidemocrática sofrida pelo ex-presidente.

Por outro lado, se endossar as barreiras comerciais impostas pelo governo americano, o desgaste será com o mercado financeiro, o setor agropecuário e com eleitores fora do campo bolsonarista.

Bolsonaristas de São Paulo, segundo apurou a reportagem, esperavam que os Estados Unidos anunciassem sanções contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes -não contra o país inteiro.

As primeiras reações de Tarcísio seguiram essa linha e tiveram de ser recalibradas ao longo da semana diante da impopularidade das medidas.

Na segunda-feira (7), quando Trump publicou um texto em defesa de Bolsonaro, Tarcísio rapidamente reverberou a mensagem, tratando a iniciativa como uma vitória do bolsonarismo e atacando indiretamente a legitimidade do STF para julgar o processo criminal contra o aliado.

"Jair Bolsonaro deve ser julgado somente pelo povo brasileiro, durante as eleições. Força, presidente", disse, na ocasião, em uma crítica também a decisões do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que condenou Bolsonaro e o declarou inelegível até 2030 por uso da máquina nas eleições e ataques à Justiça Eleitoral.

Na quarta (9), logo após o anúncio das tarifas, o STF saiu do foco do governador. Em uma nova publicação, ele associou o tarifaço a posturas políticas do presidente Lula (PT), como "prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil".

"Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro", escreveu -desconsiderando que Trump abre a carta enviada a Lula com críticas ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente.

Já nesta quinta (10), com a crise em proporções mais claras e reações negativas do setor empresarial consolidadas, Tarcísio adotou outro tom, falando em "diálogo" e "negociação" durante entrevista em um canteiro de obras do metrô em São Paulo.

Questionado sobre o papel do Supremo na decisão sobre a tarifa, Tarcísio disse: "[Tem] uma série de posturas que não condizem com a nossa tradição democrática e eu espero que o Brasil sente na mesa e resolva o problema das tarifas".

Mas, ao ser questionado sobre uma possível interferência no Supremo para suspender o julgamento de Bolsonaro -como sugerido por Trump-, desconversou: "Não estou falando isso, estou falando que agora o esforço do governo brasileiro tem de ser resolver a tarifa".

Aliados de Tarcísio dizem ver em episódios anteriores -como o vídeo que gravou usando um boné com a frase "Make America Great Again" (faça os Estados Unidos grandes de novo)- acenos ao eleitorado bolsonarista, que muitas vezes considera o governador pouco leal a Bolsonaro.

Um deles afirmou que a classe política reconhece o bom trânsito de Tarcísio com ministros do Supremo, mas avalia que, para ser o candidato apoiado por Bolsonaro em 2026, ele precisará subir o tom contra a corte -sendo, ao mesmo tempo, um nome do bolsonarismo e da centro-direita.

O discurso de Tarcísio na última manifestação de Bolsonaro, na avenida Paulista, em junho, já havia sido alvo de críticas do entorno do ex-presidente.

Apesar de ter defendido justiça e anistia a Bolsonaro, concentrou-se em atacar o governo Lula e repetir o slogan "Fora PT", o que foi interpretado como discurso de candidato. Ele poupou, na ocasião, os ministros do STF, que foram duramente criticados nos demais discursos.

Embora diga que no ano que vem disputará a reeleição ao governo paulista, Tarcísio é considerado o candidato de uma coligação que uniria Republicanos, PL, PP, União Brasil, MDB e PSD contra Lula.

Um dirigente partidário disse que, embora o setor produtivo estivesse próximo a Tarcísio, há expectativa de que migre para Lula por uma questão de sobrevivência política -para reforçar o presidente nas tratativas de reversão das medidas de Trump.

Pouco antes da entrevista de Tarcísio no canteiro do metrô, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), havia criticado o governador, insinuando que ele seria um "candidato vassalo" dos americanos. O governador mandou o ministro "falar menos e trabalhar mais".

Ao falar com os jornalistas, Tarcísio disse que também buscou canais de diálogo com representantes dos Estados Unidos para tentar reverter o cenário -mesmo sendo identificado como um nome do bolsonarismo.

À reportagem um de seus aliados relatou esperança de que um eventual desfecho positivo agrade tanto ao eleitorado fiel a Bolsonaro quanto ao restante da população.

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