O mundo é delas
Por Rodrigo Craveiro-correio Braziliense - 08/05/2019 08:02:30 | Foto: Pixabay
De março de 2015 até março deste ano, 68 mulheres do Distrito Federal tiveram a vida ceifada por homens covardes, de forma torpe e vil. No próximo domingo, crianças não terão o aconchego da mãe, muitas vezes assassinada diante de seus olhos. Um trauma e um vazio brutal que carregarão por toda a vida. Em 2019, foram 10 casos de feminicídio no DF. O mais recentes deles, anteontem, vitimou Jacqueline dos Santos Pereira, 39 anos, golpeada com faca supostamente pelo ex-marido. Mães e filhas que morreram porque ousaram amar novamente ou por se livrarem de relacionamentos abusivos. A cada uma delas, uma rosa e uma lágrima.
Muitos brasileiros creem que o modo como uma mulher se veste e se porta justifica o estupro. Meu lamento e meu desprezo a quem alimenta esse pensamento primitivo e retrógrado. E o sonho de que toda mulher mereça o devido respeito e seja tratada como ser humano, não como objeto a ser consumido e descartado. Homens que coisificam a mulher e a tratam como instrumento sexual não merecem mais do que piedade.
A sociedade brasileira, que enfrenta tempos sombrios, precisa abandonar a misoginia e valorizar a mulher, preservando-lhe a dignidade e fomentando políticas de combate ao machismo. No último fim de semana, uma mulher gritou por socorro da janela de seu apartamento, em Águas Claras. O companheiro tinha acabado de quebrar uma garrafa sobre a cabeça dela.
No mercado de trabalho, a equiparação salarial com os homens e a igual oportunidade de ascensão profissional, calcada na competência, são medidas urgentes. Não se trata de “empoderamento”, termo carregado de pecha negativa, por subentender o poder masculino consolidado sobre o da mulher. Trata-se de reconhecer as capacidades, os talentos e as virtudes de ambos os gêneros. E de compreender que uma sociedade se constrói com igualdade e pluralismo. Alguns países estão a anos-luz do Brasil em relação à representatividade política feminina e ao respeito aos direitos delas. Enquanto seguirmos chorando as mortes de mães e filhas, estaremos fadados ao retrocesso completo enquanto civilização e nação. Basta de violência. Chega de misoginia e de preconceito. O mundo é todo delas.
Comentários para "Basta de violência. Chega de misoginia e de preconceito. O mundo é todo delas.":