Cerca de 22,5 mil crianças sofreram violações graves em conflitos armados

Total inclui 11.967 menores mortos ou mutilados; relatório da ONU pede novo compromisso universal para proteger as crianças nesses contextos; Moçambique, Líbano e Haiti têm aumento acentuado de abusos mais graves

Cerca de 22,5 mil crianças sofreram violações graves em conflitos armados
Cerca de 22,5 mil crianças sofreram violações graves em conflitos armados

Agência Onu News - 22/06/2025 10:07:25 | Foto: ©Unicef/Marko Kokic

O relatório “22.495 Gritos Assustadores: Crianças Afetadas por Conflitos Sofreram Excessivas Violações Graves em 2024” foi lançado pela ONU na quinta-feira com um alerta à comunidade internacional.

Mortes, mutilação e crianças sofrendo com fome, vítimas de estupros e outros crimes são alguns dos casos relatados dentre os mais altos níveis de violações contra menores. Israel, Territórios Palestinos incluindo a Faixa de Gaza, República Democrática do Congo, Somália, Nigéria e Haiti são algumas das áreas listadas no documento.

Agenda de crianças e conflitos armados
O novo relatório do secretário-geral sobre Crianças e Conflitos Armados menciona ainda Moçambique, o único país de língua portuguesa na relação, ao lado do Líbano e do Haiti, pelo aumento acentuado de violações graves a menores.

No entanto, cerca de 16,5 mil crianças antes associadas a forças ou grupos armados receberam proteção ou apoio para reintegração, durante 2024, em países na agenda da ONU sobre crianças e conflitos armados. O total de crianças libertadas de partes em conflito desde 2005 chega a 200 mil.

O relatório registra níveis penosos de violência em 41.370 incidentes. É o maior número de violações graves registrados contra crianças em conflitos armados desde o início do mandato sobre Crianças e Conflitos Armados, há quase 30 anos.

O ano passado fica marcado por um aumento de 25% desses atos em relação a 2023 e o terceiro período consecutivo com números alarmantes relacionados a violência a crianças em conflitos armados.

Falta de respeito ao direito internacional
A proteção foi restrita por ações como ataques indiscriminados, desrespeito a cessar-fogo e acordos de paz e piora das crises humanitárias, aliados ao desrespeito ao direito internacional e aos direitos e proteções especiais das crianças.

A representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflitos Armados, Virgínia Gamba, chama a atenção ao clamor de 22.495 crianças inocentes que deveriam estar aprendendo a ler ou jogar bola. Em vez disso, elas “foram forçadas a aprender a sobreviver a tiros e bombardeios”.

A enviada alerta que o mundo está “em um ponto sem retorno” no apelo que faz à comunidade internacional para que se comprometa novamente com o consenso universal de proteger as crianças dos conflitos armados.

Negação de acesso humanitário a menores
Para as partes em conflito, Gamba pediu o fim imediato da “guerra contra as crianças” e defesa dos princípios fundamentais do Direito Internacional Humanitário. Para tal sugere que seja limita “a destruição e o sofrimento causados ​​pelos conflitos armados: humanidade, distinção, proporcionalidade e necessidade”.

Gamba considera o total de vítimas infantis inaceitável, o qual inclui 11.967 crianças mortas ou mutiladas como a violação mais prevalente.

O relatório retrata 7.906 casos de negação de acesso humanitário a menores e 7.402 crianças recrutadas ou usadas em 25 situações. Um acordo regional de monitoramento na agenda Crianças e Conflitos Armados foi adotado com o apoio da ONU.

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