Agora em fase adulta, foi vista desovando na Praia da Quixabinha no dia 10 de abril.
São Paulo, Sp (uol/folhapress) - 11/05/2025 10:14:29 | Foto: Marcada em Ubatuba, tartaruga-verde retorna já adulta para desovar em Noronha / Projeto Tamar
Uma tartaruga-verde (Chelonia mydas), registrada ainda jovem em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, reapareceu 24 anos depois em Fernando de Noronha.
Agora em fase adulta, foi vista desovando na Praia da Quixabinha no dia 10 de abril. É a primeira vez que o Projeto Tamar registra um exemplar marcado na juventude, em área de alimentação, retornando à costa brasileira para se reproduzir.
Caso teve início em janeiro de 2001. Pescadores da Praia do Camburi, em Ubatuba, acionaram a equipe do Tamar após a captura acidental do animal em uma rede de cerco flutuante.
Na época, a tartaruga pesava 13 kg e media 49 cm de carapaça. Recebeu duas marcas metálicas nas nadadeiras e foi devolvida ao mar. Mais de duas décadas depois, ela foi localizada já bem desenvolvida. Agora, ela tem 103 cm de carapaça e colocou ovos no arquipélago pernambucano.
Reencontro comprova a necessidade de pesquisas de longa duração para estudar animais com ciclo de vida tão complexo. Com o registro, pesquisadores ampliam o conhecimento sobre os deslocamentos da espécie e confirmam a eficiência da marcação em aço inoxidável, ainda legível após 24 anos.
"Para avançar nos estudos sobre estes animais tão incríveis, longevos, de ciclo de vida complexo, desenvolvido em diferentes zonas dos oceanos, são necessárias pesquisas de longa duração, com a padronização da metodologia de coleta de dados e o compartilhamento das informações", disse o Projeto Tamar, em comunicado.
Tartarugas-verdes podem levar mais de três décadas para atingir a maturidade reprodutiva. "A Chelonia mydas pode levar mais de 30 anos para atingir a idade reprodutiva! Estudos de genética realizados no final dos anos 90 mostraram que as tartarugas-verdes encontradas em Ubatuba compõem um chamado 'estoque mixto', reunindo tartarugas juvenis de origens diversas no Atlântico. A maioria delas nasceu na Ilha de Ascensão, a cerca de meio caminho entre o Brasil e o continente africano. Outras são provenientes de áreas de desova na Ilha da Trindade (ES), Atol das Rocas (RN), Fernando de Noronha (PE), Suriname, Venezuela e até mesmo do Caribe", explica a nota do projeto.
Desde 1991, o Projeto Tamar atua no monitoramento de capturas em pescarias incidentais em Ubatuba. Mais de 12 mil tartarugas já foram marcadas e devolvidas ao mar, com apoio de pescadores locais. A expectativa é de que reencontros como esse se tornem mais comuns nos próximos anos.
Há mais de 40 anos, a organização faz o monitoramento em áreas de reprodução. Para os coordenadores Rafaelly Ventura (Noronha) e Henrique Becker (Ubatuba), que aplicou a marca na tartaruga em 2001, o reencontro vai além da importância científica. Também é gratificante e recompensador para as equipes de campo.
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