IA não pode ser privilégio de poucos nem instrumento na mão de milionários, diz Lula

Presidente propõe reformas em instituições internacionais e uma governança justa para a Inteligência Artificial

IA não pode ser privilégio de poucos nem instrumento na mão de milionários, diz Lula
IA não pode ser privilégio de poucos nem instrumento na mão de milionários, diz Lula

Agência Gov | Via Planalto - 07/07/2025 08:04:22 | Foto: Ricardo Stuckert /PR

O presidente Lula ressaltou neste domingo (6/7) que o desenvolvimento e o crescimento sustentável do mundo estão diretamente ligados à justiça tributária e ao combate à evasão fiscal. Esse foi um dos pontos que ele defendeu durante a sessão plenária da Cúpula dos Chefes de Estado do Brics, no Rio de Janeiro (RJ), sobre Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Econômico-Financeiros e Inteligência Artificial.

O desenvolvimento da Inteligência Artificial não pode se tornar privilégio de poucos países ou instrumento de manipulação na mão de bilionários. Tampouco é possível progredir sem a participação do setor privado e das organizações da sociedade civil", disse o presidente.

“As estruturas do Banco Mundial e do FMI sustentam um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo mais desenvolvido. Os fluxos de ajuda internacional caíram e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou. Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015. Justiça tributária e combate à evasão fiscal são fundamentais para consolidar estratégias de crescimento inclusivas e sustentáveis, próprias para o século XXI”, destacou.

Reforma
Lula defendeu a revisão do sistema de cotas no Fundo Monetário Internacional (FMI), afirmando que os votos dos países do Brics na instituição deveriam corresponder a pelo menos 25% do total. Atualmente, respondem por 18%. Ele também apontou a necessidade de se promover uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC). “Sua paralisia e o recrudescimento do protecionismo criam uma situação de assimetria insustentável para países em desenvolvimento. Não será possível restabelecer a confiança na OMC sem promover um equilíbrio justo de obrigações e direitos que reflita adequadamente os interesses de todos os seus membros”, afirmou Lula. “Precisamos destravar as negociações agrícolas e estabelecer um novo pacto sobre comércio e clima que distinga políticas ambientais legítimas de protecionismo disfarçado”, completou.

IA
Outro assunto abordado no discurso do presidente foi a inteligência artificial. O presidente citou a ideia de fazer um estudo de viabilidade para o estabelecimento de cabos submarinos ligando diretamente membros do Brics, o que, segundo ele, “aumentará a velocidade, a segurança e a soberania na troca de dados”.

Agenda
Neste domingo, a Cúpula do Brics contou com a sessão plenária Paz e Segurança e Reforma da Governança Global pela manhã. Esses debates foram ampliados em almoço de trabalho. Na abertura do evento, o presidente enfatizou o potencial da diversidade do Brics para promover a paz e mediar conflitos. Em declaração oficial divulgada após essa sessão, os líderes do Brics defenderam o multilateralismo e a reforma da ONU.

O encontro, realizado sob o tema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável, segue nesta segunda-feira (7/7). Será promovida a sessão plenária Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global.

Grupo
O Brics é um agrupamento formado por 11 países membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Serve como foro de articulação político-diplomática de países do Sul Global e de cooperação nas mais diversas áreas.

Representatividade
Os países do Brics representam 48% da população mundial, 36% do território do planeta, 40% do PIB global e 21,6% do comércio (TradeMap; Banco Mundial). A corrente de comércio do Brasil com o BRICS totalizou US$ 210 bilhões, representando 35% do total em 2024.

Relevância
O Brics foi o destino de US$ 121 bilhões das exportações brasileiras, representando 36% do total exportado pelo Brasil em 2024 e foi a origem de US$ 88 bilhões das importações brasileiras, representando 34% do total importado pelo Brasil no mesmo ano (ComexStat). No ano anterior, os investimentos dos países do bloco no Brasil totalizaram cerca de US$ 51 bilhões (Banco Central).

Balança comercial
De janeiro a junho de 2025, o intercâmbio entre o Brasil e países do Brics foi de US$ 107,6 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 59 bilhões, enquanto as importações somaram US$ 48,5 bilhões — superávit de US$ 10,4 bilhões. A pauta de importações brasileiras é baseada, em grande parte, em óleos combustíveis de petróleo, adubos e fertilizantes químicos, embarcações e outras estruturas flutuantes. O Brasil exporta majoritariamente para o Brics soja, óleos brutos de petróleo e minério de ferro, além de carne bovina, açúcares e celulose.

Presidência — Como em mandatos anteriores (2010, 2014 e 2019), a presidência brasileira pretende contribuir para o avanço do diálogo e da concertação no Brics em temas políticos e de segurança, econômico-financeiros, e relativos à sociedade civil. O Brasil segue buscando reformas no sistema de governança global, sempre em prol da maior participação dos países emergentes e em desenvolvimento e de maior legitimidade e eficiência das organizações internacionais existentes. Guiada pelo lema Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável, a presidência brasileira em 2025 se concentra em duas prioridades: cooperação do Sul Global e parcerias para o desenvolvimento social, econômico e ambiental.

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