Foram seis horas de atendimento público gratuito no Hospital Municipal Hugo Miranda
Adrielly Souza, São Paulo, Sp (folhapress) - 06/07/2025 13:09:11 | Foto: Terrence McCoy, do The Washington Post - Reprodução/Instagram
O jornalista norte-americano Terrence McCoy, correspondente do Washington Post no Brasil, usou as páginas do jornal para relatar uma experiência inesperada e transformadora com o Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante uma viagem de férias com a família em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, McCoy sofreu um acidente doméstico ao ser atingido pela porta traseira de um carro, que caiu diretamente sobre sua cabeça. Ensanguentado e tonto, ele desmaiou e precisou ser levado de ambulância ao hospital municipal da cidade.
"Me afastei cambaleando, levei a mão à cabeça e, quando vi o sangue, percebi a gravidade. Ouvi vozes mandando chamar uma ambulância e um pensamento tipicamente americano me atravessou: 'Quanto isso vai me custar?'", escreveu ele em texto publicado no dia 29 de junho no Post. A resposta, que só veio após exames e atendimento médico, foi surpreendente: nada.
Foram seis horas de atendimento público gratuito no Hospital Municipal Hugo Miranda, com direito a tomografia computadorizada, raio-X do crânio, pontos na cabeça e medicação. O custo: zero reais, algo que para McCoy seria inconcebível nos Estados Unidos, onde o acesso à saúde está diretamente ligado ao poder aquisitivo e à presença de um seguro.
Apesar de viver há seis anos no Brasil, onde comanda a sucursal do Washington Post no Rio de Janeiro, McCoy conta que sempre utilizou a rede privada de saúde. A experiência com o SUS, portanto, veio como uma revelação. "Mesmo depois de tanto tempo morando aqui, nunca tinha tido um contato direto com o sistema público. O que encontrei foi um atendimento eficiente, humano e gratuito, algo que contrasta fortemente com a realidade americana", refletiu.
Ele também destacou que, no Brasil, a saúde é tratada como direito constitucional. "Os 215 milhões de brasileiros - e os cerca de 2 milhões de estrangeiros residentes - têm acesso garantido a um sistema de saúde que, apesar dos desafios, é o maior público do mundo. Isso diz muito sobre as escolhas de um país", escreveu.
O jornalista, no entanto, não ignora os problemas estruturais do SUS. "O sistema está longe de ser perfeito. As filas por atendimento especializado são longas, há falta de recursos e greves frequentes. Durante a pandemia, hospitais ficaram sobrecarregados e cenas de colapso foram comuns", ponderou.
Ainda assim, McCoy vê valor no que o SUS representa e no esforço coletivo por manter um modelo de saúde pública. "Foi um momento de aprendizado. Fui atendido com dignidade, mesmo sem plano, mesmo sendo estrangeiro. E isso, por si só, diz muito sobre a ideia de civilização que um país escolhe defender."
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