Espetáculo teatral para a primeira infância livremente inspirado na obra de Manoel de Barros retorna a Brasília após circulação pelo Centro-Oeste
Achadouros - 10/01/2020 16:21:55 | Foto: Foto Diego Bresani
“Acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só descobre isso depois de grande.” (Manoel de Barros)
Após circulação por diversas cidades da Região Centro-Oeste, o espetáculo Achadouros abre o ano de 2020 em sua terra natal, Brasília. Já são mais de cem apresentações por diversos estados brasileiros desde sua estreia em 2015 com grande sucesso de público e critica.
Por meio de encenação poético-teatral, da exploração da linguagem não verbal e do conceito de ressignificação de objetos do cotidiano, Achadouros propõe uma reflexão poética sobre a chegada do ser humano ao mundo e sobre sua capacidade transformadora e criativa.
As atrizes Caísa Tibúrcio e Nara Faria, durante um mês, estudaram o universo infantil em visitas a uma creche, duas vezes por semana, na companhia do diretor teatral José Regino. O resultado desse aprendizado foi essencial para a montagem , pois “A primeira infância é um lugar onde o jogo poético surge de brincadeira. Nela encontramos fecundo material para o fazer artístico, pois nessa fase o espanto com as coisas ‘óbvias’ da vida é evidente. As crianças estão em ‘estado de poesia’, a linguagem e o corpo estão ainda brincando na sua formação”, afirma o diretor José Regino, que já participou de outros projetos teatrais com crianças da primeira infância e para bebês, como “Panapanã” e “Alma de Peixe”.
Achadouros trabalha com o conceito de “ressignificação” dos objetos. Como é o caso das inúmeras sacolas de plástico na cor branca compondo o cenário, que hora se transformam em galinha, cachorro, peixe e até borboletas que - literalmente – voam e também assumem o papel de água do mar, do rio ou do lago.
“Em nosso trabalho, a ressignificação das sacolas plásticas é uma reflexão sobre a necessidade de reavaliação de uma cultura pautada no consumismo descartável.
Seu uso massivo no cenário remete ao exagero e à banalização na relação com os materiais industrializados”, afirmam Caísa Tibúrcio e Nara Faria. São consumidos cerca de 2,5 bilhões a 1 trilhão de sacolas plásticas por ano no mundo. Cada uma leva até 400 anos para se decompor.
As atrizes, que também são palhaças, explicam que tiveram muito cuidado para fugir dos clichês relacionados ao que convencionalmente é chamado de universo infantil. “Não é preciso mil estímulos para estabelecer a comunicação com a criança e compartilhar da experiência artística”, esclarecem Caísa e Nara, que escolheram tons neutros para trabalharem a cenografia e figurino e optaram pela linguagem não verbal.
A dramaturgia do espetáculo é evocativa e provocativa. Os elementos cênicos utilizados possibilitam uma recepção aberta, em que os signos evocam a diversidade das experiências cotidianas de bebês, crianças e adultos. As personagens/figuras permitem a comunicação com o público a partir da gestualidade e da música originalmente criada para o espetáculo, fazendo com que este compreenda a narrativa a partir de suas próprias referências e criatividade.
Assim, o espetáculo auxilia o espectador a tornar-se um co-criador da obra, acentuando a potencialidade do ser humano em criar.
FICHA TÉCNICA
Elenco: Caísa Tibúrcio e Nara Faria
Direção: José Regino
Dramaturgia: Criação coletiva
Figurino: José Regino
Criação musical: Caísa Tibúrcio e Nara Faria
Cenografia: Chico Sassi
Iluminação: Marcelo Augusto
Produção geral: V4 Cultural
Assistente de Produção: Tiana Oliveira
SERVIÇO
Dias 18, 19, 25 e 26 de janeiro (sábados e domingos), às 11h e 16h
Espaço Cultural Renato Russo - 508 Sul - Sala Multiuso
Classificação indicativa de idade - 06 meses a 04 anos
Duração: 35 minutos
Ingressos: R$30,00 inteira (bebês e crianças pagam meia entrada)
Venda na bilheteria do teatro começa uma hora antes do evento.
Compra de ingresso no site sympla.com.br até uma hora antes do espetáculo.
Link de venda: https://bileto.sympla.com.br/
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