Startup criada por brasileiros usa IA para facilitar imigração em Portugal

A biometria é essencial

Startup criada por brasileiros usa IA para facilitar imigração em Portugal
Startup criada por brasileiros usa IA para facilitar imigração em Portugal

João Gabriel De Lima, Lisboa, Portugal (folhapress) - 11/11/2025 16:53:30 | Foto: © REUTERS/RAFAEL MARCHANTE/DIREITOS RESERVADOS - Agência Brasil

O tema da imigração, que movimenta o debate público em Portugal, já chegou ao Web Summit. Num dos eventos preparatórios ao maior festival de tecnologia da Europa, inaugurado na noite desta segunda-feira (10), dez startups foram selecionadas para mostrar suas ideias inovadoras ao presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. "Obrigado por nos ajudar com a questão da imigração", disse o chefe de Estado português ao acompanhar a apresentação de uma delas, a Next Border.

Fundada por cinco sócios, três brasileiros e dois portugueses, a Next Border vai usar a inteligência artificial para ajudar pessoas que pretendem morar em Portugal ou conseguir visto e arrumar emprego no país lusitano. O aplicativo, com lançamento previsto para dezembro, será usado por brasileiros numa fase inicial. A ideia é expandir depois para outros países. "Será algo bastante intuitivo, o usuário conversará com nossa inteligência artificial como se estivesse no Whatsapp, com o objetivo de entender qual o melhor tipo de visto para seu caso", diz o advogado brasileiro Wilson Bicalho, um dos criadores da Next Border.

O usuário sai da interação com o aplicativo com todos os documentos preenchidos e prontos para ser entregues no consulado. Caso autorize, pode ter também a biometria validada, graças a uma parceria entre a Next Border e a estatal brasileira Serpro. O serviço deve sair por cerca de R$ 600. Uma versão beta, gratuita, já está disponível no site da empresa.

A biometria é essencial caso o candidato à imigração queira dar o passo seguinte: tentar um emprego em Portugal. Para isso, a Next Border criou uma parceria com a Câmara Municipal do Fundão, município português premiado internacionalmente como modelo de integração de imigrantes. A startup também juntou forças com a Associação Empresarial da Beira Baixa, região de Portugal onde a Next Border realizou seu processo de incubação, numa universidade no município de Covilhã.

"A nova lei de imigração dificulta a obtenção de visto de procura de emprego em Portugal, restrito aos profissionais 'altamente qualificados', que o governo ainda não definiu quem são. Dificulta também para as empresas que precisam recrutar funcionários no exterior, principalmente as menores. A ideia é que a Next Border faça a ponte entre os trabalhadores e os que precisam contratar", diz Bicalho.

A empresa pretende se beneficiar do Web Summit para se expandir. "O evento se profissionalizou, e hoje as pessoas vêm a Lisboa principalmente para fazer negócios", diz Gil Azevedo, diretor-executivo da Unicorn Factory Lisboa, empresa estatal responsável por conectar os diversos pontos do ecossistema digital português. Participarão do Web Summit deste ano cerca de 2.500 startups, das quais 379 brasileiras. Também estarão presentes 1.857 investidores de 86 países, 74% a mais que no ano passado (1.066) e o maior número da história do evento. Estima-se que cerca de 70 mil pessoas passarão em algum dos dias pelo pavilhão de exposições montado à beira do rio Tejo.

Bicalho, da Next Border, deu início à empresa com € 30 mil (R$ 180,3 mil) em fundos europeus e € 150 mil (R$ 917 mil) de uma rodada inicial de investidores. "Desenvolvemos desde o começo uma inteligência artificial multilíngue, para ser aplicada a qualquer pessoa de qualquer país que queira vir para Portugal", diz Bicalho. "No futuro gostaríamos de colaborar diretamente com o governo português. Entendemos que temos uma contribuição a dar no debate sobre imigração."

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