Quem são os rebeldes na Síria e o que querem após a queda de Assad

Rebeldes anunciam deposição do governo Assad na Síria

Quem são os rebeldes na Síria e o que querem após a queda de Assad
Quem são os rebeldes na Síria e o que querem após a queda de Assad

São Paulo, Sp (uol/folhapress) - 08/12/2024 17:38:07 | Foto: Reprodução Opera Mundi

Forças rebeldes entraram na capital da Síria, Damasco, e há relatos de que o presidente Bashar al-Assad fugiu do país de avião para um local desconhecido. Quem são esses grupos e o que pretendem?
QUEM SÃO OS REBELDES?
Os rebeldes que tomaram o poder na Síria são uma aliança heterogênea de grupos insurgentes. Eles são formados por diferentes facções com objetivos variados, mas unidos pela oposição ao regime de Bashar al-Assad.

O principal líder é Abu Mohamed al-Julani, do HTS. O grupo é uma dissidência do Al Qaeda e é considerado terrorista pela União Europeia, Turquia e Estados Unidos.

HTS (Hayat Tahrir al-Sham): Principal força no avanço rebelde, o HTS é formado por ex-membros da filial síria da Al-Qaeda. Liderado por Abu Mohamed al-Julani, o grupo controla vastas áreas na província de Idlib e busca implantar um regime islâmico moderado, distanciando-se das práticas do ISIS (Estado Islâmico).

ENS (Exército Nacional SírioE): Outra facção importante na insurgência, o ENS é apoiado pela Turquia e atua no noroeste do país. Com uma estratégia menos extremista que o HTS, o grupo almeja uma transição política que envolva reformas e maior participação internacional.

FDS (Forças Democráticas Sírias): Lideradas por curdos e compostas por diversos grupos étnicos, as FDS defendem um modelo secular e democrático para o país. Com maior presença no norte e leste da Síria, elas lutam pela autonomia regional e pelos direitos das minorias.

Outros grupos rebeldes: Além dessas forças principais, facções menores, como o Hurras al-Din, afiliado à Al-Qaeda, e milícias locais, contribuem para o mosaico de oposição ao regime. Essas unidades operam de forma independente ou em alianças temporárias, dependendo dos interesses regionais.

COMO FOI A OFENSIVA
Rebeldes sírios depuseram Assad e declararam controle de Damasco. Após 24 anos no poder, Bashar al-Assad foi derrubado por uma coalizão de grupos insurgentes que, desde o final de novembro, empreenderam uma ofensiva pelas principais cidades do país. O paradeiro do presidente é desconhecido, mas fontes afirmam que ele deixou a capital antes da chegada das forças opositoras.

Ofensiva começou em 27 de novembro e avançou rapidamente. Em menos de duas semanas, cidades como Aleppo, Hama e Homs caíram sob controle rebelde. Damasco foi o último marco dessa campanha, culminando na invasão da prisão militar de Saydnaya, onde milhares de prisioneiros foram libertos.

QUAIS SÃO OS OBJETIVOS?
Entre os objetivos pendentes, está a consolidação do controle sobre o território e a superação das diferenças ideológicas entre facções. Enquanto o HTS busca um regime islâmico, outros grupos defendem uma administração secular. Os rebeldes também precisam buscar reconhecimento internacional, reconstruir o país devastado pela guerra e garantir segurança para evitar novos conflitos, fatores essenciais para estabilizar a Síria.

Os rebeldes sírios alcançaram vitórias importantes, como a captura de cidades estratégicas -Aleppo, Hama, Homs e Damasco- e a derrubada do regime de Bashar al-Assad. A libertação de milhares de prisioneiros da prisão de Saydnaya marcou simbolicamente o fim de um período de repressão. Além disso, a união de grupos como o HTS e o ENS mostrou coordenação e força militar

Rebeldes anunciam deposição do governo Assad na Síria

BEATRIZ GOMES, SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Rebeldes anunciaram a deposição do governo de Bashar al-Assad na Síria após avançar à capital do país, Damasco. O anúncio foi feito neste domingo (8) por meio de um canal de TV.

Rebeldes contrários ao regime do presidente sírio anunciaram sua deposição após 24 anos no poder. De acordo com a agência de notícias Reuters, Assad embarcou em um avião e deixou a cidade quando a ofensiva rebelde ainda estava se aproximando da capital. A informação foi baseada no relato de dois altos oficiais do exército sírio.

Destino de Assad é desconhecido, ainda segundo a Reuters. Até o momento, o governo sírio não se manifestou sobre o presidente ter deixado o país.

No sábado (7), a presidência negou que Assad teria abandonado Damasco. Autoridades iranianas -que apoiam o presidente sírio- também reforçaram que o aliado e os familiares não fugiram da capital ou do país. Assad "está dando continuidade ao seu trabalho e deveres nacionais e constitucionais na capital", acrescentou a presidência no sábado.

Apesar das falas, o paradeiro exato do presidente sírio é desconhecido. Segundo relatos, ele não é visto há dias no país, informou a Al Jazeera.

Ainda no sábado, o ministro do Interior sírio afirmou que forças de segurança haviam estabelecerido um cordão "muito forte" ao redor de Damasco. O anúncio foi feito por Mohamed al Rahmun na televisão estatal depois que as milícias rebeldes anunciaram que avançavam em direção à capital.

REBELDES ENTRARAM EM DAMASCO
Por volta das 23h de sábado (horário de Brasília; já domingo na Síria), a administração de Assuntos Militares, que fala pelos rebeldes, emitiu um breve comunicado afirmando que as "forças começaram a entrar na capital", sem sinal de mobilização do exército.

Esta foi a primeira vez que forças de oposição chegam a Damasco desde 2018, informou a Associated Press. Na ocasião, o exército sírio conseguiu recapturar áreas no entorno da capital após anos de cerco.

Rebeldes ainda divulgaram que invadiram a prisão militar de Saydnaya, ao norte da capital. Eles disseram que libertaram os presos do local. "Demos a notícia ao povo sírio de que libertamos nossos prisioneiros e os soltamos, e anunciamos o fim da era de injustiça na prisão de Saydnaya", disseram em comunicado. O local tinha milhares de pessoas detidas pelo governo sírio.

Moradores relataram sons de tiros e explosões. A CNN Internacional divulgou um vídeo que mostra pessoas correndo no aeroporto de Damasco, tentando passar por pontos de segurança e correndo aos portões de embarque, possivelmente tentando deixar o país.

ANTES, REBELDES TOMARAM A 3ª MAIOR CIDADE
Rebeldes sírios anunciaram na manhã de domingo (8; noite de sábado no Brasil) que obtiveram o controle total sobre Homs, a terceira maior cidade do país e localizada ao norte de Damasco. Homs é lar de uma minoria alauita, grupo étnico-religioso do qual o presidente sírio Bashar al-Assad faz parte, e fica próxima à fronteira com o Líbano e o Iraque.

A cidade está estrategicamente situada na principal rota que conecta o centro da Síria à capital Damasco, e dá acesso a uma base naval e aérea russa -o governo de Vladimir Putin é um dos aliados importantes do governo sírio.

Rebeldes entraram na cidade e tomaram alguns bairros. A ação teria ocorrido depois que as forças de segurança deixaram a cidade às pressas após queimar documentos, informou a Reuters. Rami Abdel Rahman, que lidera o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, também afirmou que as tropas sírias e membros de diferentes agências de segurança saíram da cidade.

Prisioneiros também foram soltos da prisão central da cidade. Um comandante da aliança rebelde, Hassan Abdel Ghani, falou que mais de 3.500 prisioneiros foram libertos -não foi possível checar a veracidade deste número.

Um porta-voz de operações militares dos rebeldes sírios disse que depois de Homs, eles seguiriam para Damasco. "Haverá uma nova Síria baseada na justiça. Não estamos enfrentando um exército de verdade, mas sim uma milícia", disse à Al Jazeera.

Ofensiva na Síria foi lançada pelos insurgentes em 27 de novembro. Eles já assumiram rapidamente o controle de Aleppo, a segunda maior cidade do país, localizada no noroeste, e de Hama, no centro.

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