Ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso 653 dias após início de investigação; veja cronologia

Centrão diz que vídeo de Bolsonaro dificulta anistia e redução de penas no Congresso

Ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso 653 dias após início de investigação; veja cronologia
Ex-presidente Jair Bolsonaro foi preso 653 dias após início de investigação; veja cronologia

Ana Gabriela Oliveira Lima E Marina Pinhoni, São Paulo, Sp (folhapress) - 23/11/2025 07:17:00 | Foto: © SEAP/DIVULGAÇÃO

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente pela Polícia Federal neste sábado (22), 653 dias após ter sido deflagrada, em fevereiro de 2024, a Operação Tempus Veritatis, com o objetivo de apurar a existência de uma organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado de 2022.

Bolsonaro já estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto, em razão de descumprimento de cautelar que o proibia de usar as redes sociais, mesmo que por intermédio de terceiros.

Em setembro, ele foi condenado a 27 anos e três meses de prisão sob acusação de liderar a trama para permanecer no poder. Também foram condenados os outros sete réus do chamado núcleo crucial da trama golpista, todos ex-ocupantes de altos cargos no governo do ex-presidente.

No período da investigação, Bolsonaro ficou impedido de sair do país, admitiu a possibilidade de pedir asilo e convocou manifestações a favor da anistia.

Ele também disse achar que morreria na prisão, chamou de "malucos" apoiadores que estiveram em acampamentos golpistas incentivados por ele e foi alvo de medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica.

Por fim, foi levado pela PF após a decretação da prisão preventiva, sob justificativa de garantia da ordem pública diante de risco de fuga, violação da tornozeleira eletrônica e uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho dele.

Veja uma cronologia com vídeos e imagens de momentos que marcaram a investigação sobre a tentativa de golpe, desde a deflagração da Tempus Veritatis até a prisão preventiva.

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8.fev.2024 -Operação Tempus Veritatis
Bolsonaro e aliados são alvo de operação para investigar a tentativa de golpe. O ex-presidente fica impedido de sair do país e de manter contato com aliados.

A operação foi embasada em material coletado no inquérito das milícias digitais e na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do político.

12.fev.2024 -Estadia na embaixada da Hungria
O ex-presidente fica dois dias na embaixada da Hungria em Brasília depois de operação da PF que apreendeu seu passaporte.

Posteriormente, a defesa do político disse que a visita ocorreu apenas no contexto de conversa com autoridades, sem que houvesse tentativa de fuga.

25.fev.2024 -Manifestação na Paulista
Acuado com as investigações, Bolsonaro reúne milhares de apoiadores na avenida Paulista, em São Paulo, com críticas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e STF. Ele pede anistia aos ataques golpistas do 8 de Janeiro.

Um projeto no Legislativo abordava o pedido. Depois dele, outros PLs se somaram com brechas que poderiam beneficiar o ex-presidente. O político faria mais atos ao longo do ano.

15.mar.2024 -Ex-chefe da FAB fala que golpe poderia ter sido consumado
O ex-comandante da Aeronáutica Baptista Júnior afirma em depoimento à Polícia Federal que o golpe teria sido consumado se o então comandante do Exército, general Freire Gomes, tivesse concordado.

Baptista Júnior afirmou que Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia Bolsonaro caso o político tentasse o golpe. Em junho do ano seguinte, Gomes negaria a ameaça de prisão.

28.out.2024 -Discussão sobre anistia protelada
O então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decide criar uma comissão especial para analisar o projeto de anistia a golpistas do 8 de Janeiro.

Com a medida, a discussão sobre o projeto volta à estaca zero. A anistia com extensão do perdão a Bolsonaro é vista como projeto central para políticos do PL.

13.nov.2024 -Explosão em Brasília
Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, morre ao se explodir em frente ao STF.

Dias depois, o ministro do STF Alexandre de Moraes e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, atrelam o episódio a investigações que envolvem Bolsonaro.

19.nov.2024 -PF prende militares suspeitos de envolvimento com plano para matar autoridades
São presos os suspeitos de participarem de um plano para matar o presidente Lula (PT), seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e Moraes.

Entre os alvos da operação, batizada de Contragolpe, estava o general da reserva Mário Fernandes. Posteriormente, a PGR iria afirmar que Bolsonaro concordou com o plano. O político nega.

21.nov.2024 -Indiciamento da PF
A PF (Polícia Federal) indicia Bolsonaro e mais 36 pessoas pela trama golpista, que teria sido engendrada a partir de diferentes frentes, de ataques ao sistema eleitoral à incitação de militares.

O indiciamento se deu com provas obtidas ao longo de quase dois anos, segundo a PF.

28.nov.2024 -Bolsonaro admite possibilidade de asilo
Bolsonaro admite a possibilidade de pedir refúgio em embaixada para evitar a prisão. "Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá", disse.

"Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado." A defesa do político nega que ele tenha, com a frase, admitido a possibilidade de asilo.

14.dez.2024 -Braga Netto é preso
A PF prende o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice na chapa derrotada de 2022.

Endereços ligados ao general também foram alvo de busca e apreensão. A preventiva se dá em razão de tentativa de obstrução de Justiça.

7.fev.2025 -Bolsonaro defende revogar a Ficha Limpa
O ex-presidente defende a revogação da Ficha Limpa para se beneficiar com a medida. Ele afirma em vídeo nas redes sociais que a lei serve para "perseguir a direita".

A fala conta com suporte na Câmara dos Deputados com proposta de Bibo Nunes (PL-RS) de alterar a legislação.

18.fev.2025 -PGR faz denúncia
A PGR denuncia Bolsonaro sob acusação de liderar a tentativa de golpe de Estado. Outras 33 pessoas são denunciadas, incluindo 23 militares, 7 deles oficiais-generais.

O ex-presidente é acusado de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa.

20.fev.2025 -Ex-presidente se pronuncia sobre denúncia
Em primeira fala pública sobre a denúncia, o político tripudia sobre a possibilidade de ser preso. "O tempo todo [é] 'vamos prender o Bolsonaro'. Caguei para a prisão", diz durante seminário de comunicação do PL.

18.mar.2025 -Eduardo Bolsonaro anuncia licenciamento
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anuncia que vai se licenciar do mandato para continuar uma ofensiva nos Estados Unidos contra Moraes.

Ele já havia feito um périplo para conversar com autoridades americanas sobre o caso. A atuação do parlamentar se coaduna com falas públicas do pai, que já falou sobre a necessidade de "ajuda de fora" para alcançar seus objetivos políticos.

26.mar.2025 -STF recebe denúncia contra Bolsonaro
A Primeira Turma do STF recebe, por unanimidade, a denúncia da PGR e torna réus Jair Bolsonaro e outros acusados de integrar o núcleo central da trama golpista de 2022.

No mesmo dia, na porta do Senado, o ex-presidente faz pronunciamento em que renova os ataques a Moraes e ao sistema eleitoral. A sessão no Supremo, com falas de ministros que retomam o golpe de 1964, é considerada histórica.

28.mar.2025 -'Débora do Batom' vai para prisão domiciliar
A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, transformada pelo bolsonarismo em símbolo a favor da anistia, é transferida para prisão domiciliar. Ela estava detida em razão de preventiva decretada em março de 2023.

A decisão foi considerada por Bolsonaro um "recuo tático" em razão da crescente pressão por anistia. Débora foi condenada 3 dias antes a 14 anos de prisão em regime fechado pela participação no 8 de janeiro. O ministro Fux foi quem mais divergiu, com pedido de pena de 1 ano e 6 meses.

29.mar.2025 - 'É o fim da minha vida', diz Bolsonaro
O ex-presidente fala à Folha que conversou com auxiliares sobre estado de defesa e sítio. Ele afirma que uma prisão seria o "fim" da sua vida, posicionamento reiterado posteriormente em outras entrevistas.

Pouco tempo depois, ele afirmaria "eu vou morrer na cadeia".

6.abr.2025 -Nova manifestação por anistia
Bolsonaro faz nova pressão por anistia. A manifestação conta com a presença de sete governadores, dentre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.

O batom foi um dos símbolos da manifestação, em referência a Débora.

9.jun.2025 -Cid diz que Bolsonaro 'enxugou' minuta golpista
O delator Mauro Cid afirma em depoimento no STF que Bolsonaro recebeu e editou uma minuta de golpe no fim de 2022.

Segundo o tenente-coronel, o ex-presidente retirou o nome de autoridades que iriam para a prisão, com a exceção de Alexandre de Moraes.

10.jun.2025 -Interrogatório
Durante interrogatório no STF, Bolsonaro pede desculpas a Moraes por insinuar que o ministro ganhou dinheiro com fraudes eleitorais.

O ex-presidente admite ter estudado "possibilidades" sobre o resultado das eleições de 2022 e chama de "malucos" os apoiadores em acampamentos após o pleito.

9.jul.2025 -Tarifaço
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impõe sobretaxa de 50% a produtos brasileiros e relaciona a medida ao julgamento de Bolsonaro no STF.

A decisão ocorre dias depois de manifestações de Trump nas redes sociais a favor do político brasileiro.

18.jul.2025 -STF impõe tornozeleira a Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de buscas da PF e de medidas cautelares, como uso de tornozeleira e proibição de usar as redes sociais mesmo por intermédio de terceiros.

Ele passa a ser investigado por crimes como coação e obstrução de Justiça, imputados também a Eduardo Bolsonaro em inquérito sobre a atuação do parlamentar no exterior.

21.jul.2025 -Eduardo Bolsonaro admite que sabia de possibilidade de tarifaço contra Brasil
Eduardo Bolsonaro, que já vinha atrelando o tarifaço dos EUA a sua ofensiva no exterior, admite que sabia que a sanção poderia ser aplicada ao Brasil.

Ele afirma que as medidas cautelares contra o pai eram previsíveis, haja vista tendência de Moraes de "dobrar a aposta" em momentos de tensão, na opinião do político.

24.jul.2025 -Moraes nega pedido de prisão, mas diz que Bolsonaro descumpriu regras
O ministro do STF chama de "irregularidade isolada" replicação por Eduardo Bolsonaro de fala do ex-presidente nas redes sociais.

Segundo Moraes, o comportamento quebrou a proibição dada a Jair Bolsonaro de usar as redes sociais, explicada em despacho que gerou críticas por imprecisão.

30.jul.2025 -EUA sancionam Moraes com Lei Magnitsky
Os Estados Unidos sancionam Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky, norma do país voltada a punir estrangeiros violadores dos direitos humanos e acusados de corrupção.

O país diz que o magistrado persegue Jair Bolsonaro e age contra a liberdade de expressão. O uso da Magnitsky contra Moraes é contestado por especialistas como William Browder, incentivador global da lei.

4.ago.2025 -Moraes decreta prisão domiciliar de Bolsonaro
Moraes decreta a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, alegando que o político descumpriu, durante participação por intermédio de terceiros em manifestações do dia 3 de agosto, medida cautelar que proibia o uso de redes sociais.

As manifestações pediam o impeachment de Moraes e falavam a favor da anistia. Depois da prisão do político, aumentou a pressão de bolsonaristas sobre os dois temas, e parlamentares chegaram a fazer motim na Câmara dos Deputados.

20.ago.2025 - PF indicia Bolsonaro por obstrução de Justiça
O ex-presidente é indiciado, junto a Eduardo Bolsonaro, por tentativa de obstruir o julgamento sobre a trama golpista. Mensagens com xingamento de Eduardo a Jair são vazadas, e o pastor Silas Malafaia é alvo de busca e apreensão.

A PF afirma que o ex-presidente preparou pedido de asilo para a Argentina.

26.ago.2025 - Bolsonaro monitorado por policiais
Moraes manda a polícia monitorar 24 horas por dia a casa do ex-presidente. A medida foi considerada necessária para evitar fuga às vésperas do julgamento da tentativa de golpe, marcado para começar no dia 2 de setembro.

2.set.2025 - Início do julgamento
O ministro Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, abrem o julgamento na Primeira Turma do STF de Bolsonaro e dos outros sete réus, defendendo punições pela trama golpista. Enquanto isso, fora da corte, partidos aceleraram as articulações por uma anistia.

O ex-presidente não vai à sessão alegando crises de soluço. Ele recebe em casa, em clima de desânimo, seus filhos Carlos e Jair Renan.

7.set.2025 - Bandeira dos EUA na Paulista
Em nova manifestação organizada pelo pastor Silas Malafaia, um público estimado em 42 mil pessoas se reúne na Avenida Paulista pedindo a anistia do ex-presidente. Uma enorme bandeira dos Estados Unidos é aberta na via.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cobra anistia, ataca o STF e chama Moraes de ditador.

11.set.2025 - Bolsonaro é condenado
Bolsonaro é condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, sob acusação de liderar uma trama para permanecer no poder. Também foi considerado culpado pelos crimes de organização criminosa armada, abolição do Estado democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração do patrimônio tombado.

Foram condenados pelos mesmos tipos penais, a penas de 2 a 26 anos, os outros sete réus do chamado núcleo crucial do caso.

O resultado de 4 votos a 1 pela punição consolidou um dos mais importantes julgamentos da história do STF. O contraponto no julgamento coube a Luiz Fux, que votou pela absolvição de Bolsonaro e minimizou a gravidade da maior parte das acusações.

14.set.2025 - Câncer de pele
Bolsonaro deixa a prisão domiciliar no dia 14 de setembro, sob escolta policial, para fazer exames em um hospital de Brasília. Duas lesões retiradas durante procedimento apontam câncer de pele. Segundo médico, a retirada das lesões elimina a necessidade de tratamentos adicionais como quimioterapia.

O ex-presidente volta ao hospital no dia 16, em decorrência de uma crise de vômito e soluços, e tem alta no dia seguinte. Aliados citam saúde debilitada para defender a permanência da prisão domiciliar após condenação.

16.set.2025 - PEC da Blindagem aprovada na Câmara
Em resposta ao STF, a Câmara dos Deputados aprova o texto principal da PEC da Blindagem, que previa ampliar o foro especial e proteger parlamentares não só em relação a investigações criminais, mas também abrir brecha na área cível.

21.set.2025 - Protestos da esquerda
Manifestantes vão às ruas em todas as capitais em atos convocados pela esquerda contra a PEC da Blindagem e a proposta de anistia a Bolsonaro e aos condenados pelo 8 de janeiro. A presença de artistas impulsionou as manifestações.

24.set.2025 - PEC da Blindagem enterrada no Senado
Senado decide arquivar a PEC da Blindagem após forte pressão da opinião pública. O fim da tramitação da proposta foi declarado pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), depois de ela ser declarada inconstitucional por unanimidade pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

21.out.2025 - STF condena núcleo de desinformação
A Primeira Turma do STF condena, por 4 votos a 1, todos os sete réus do núcleo da desinformação da trama golpista. O núcleo é formado por ex-integrantes do governo Bolsonaro de escalões inferiores, militares do Exército e acusados de disseminar desinformação sobre as eleições.

22.out.2025 - Acórdão é publicado
O STF publica o acordão com a decisão que condenou Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Com a publicação, que formaliza o resultado do julgamento, passam a contar os prazos para que as defesas possam recorrer.

30.out.2025 - Início da pena de Mauro Cid
Moraes determina retirada de tornozeleira eletrônica e o início do cumprimento da pena do tenente-coronel Mauro Cid, condenado a dois anos de reclusão, em regime aberto, pela participação na trama golpista.

Cid foi o único que não recorreu da sentença da Primeira Turma do Supremo, satisfeito com a manutenção de seu acordo de colaboração premiada.

7.nov.2025 - Recursos de condenados são negados
A Primeira Turma do STF rejeita, por unanimidade, os recursos do ex-presidente e dos demais réus do núcleo central da trama golpista contra a condenação imposta a eles pelo colegiado. O julgamento ocorreu no plenário virtual.

18.nov.2025 - General absolvido
Pela primeira vez um dos réus no processo da trama golpista é absolvido. Os ministros da Primeira Turma livram o general da reserva Estevam Theophilo de todas as acusações por falta de provas. Os outros nove réus do chamado núcleo operacional da trama golpista são condenados. No total, 24 pessoas foram consideradas culpadas pelo STF até este momento.

20.nov.2025 - Trump retira sanções
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina decreto que retira as tarifas de 40% sobre alguns produtos agrícolas do Brasil.

Em comunicado, Trump cita a conversa que teve por videoconferência com o presidente Lula e afirma que ouviu opiniões de outras autoridades no sentido de que as tarifas não são mais necessárias.

21.nov.2025 - Defesa fala em 'risco à vida'
Defesa de Jair Bolsonaro pede ao STF, mais uma vez, que o ex-presidente seja mantido em prisão domiciliar, às vésperas do fim do processo da trama golpista na corte.

Na petição, feita ao ministro Alexandre de Moraes, os advogados enumeram os problemas de saúde de Bolsonaro e falam em "risco à vida".

22.nov.2025 - Bolsonaro é preso preventivamente
O ex-presidente é levado para a Superintendência da PF após a decretação da prisão preventiva pelo ministro Alexandre de Moraes.

Ao determinar a prisão, moraes citou a violação da tornozeleira eletrônica no início da madrugada, o risco de fuga para a embaixada dos EUA e uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.

Governo vê desgaste de Bolsonaro, impacto no Congresso e pressão da oposição por anistia

VICTORIA AZEVEDO, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Integrantes do governo Lula (PT) e aliados do presidente no Congresso afirmam que a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), neste sábado (22), desgasta ainda mais a imagem do ex-presidente.

Eles reconhecem também que o episódio poderá ter impactos no Congresso, com potencial de a oposição obstruir votações. A pressão da direita pela anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro também está no radar, embora os governistas apontem que a tentativa de Bolsonaro violar sua tornozeleira eletrônica pode dificultar essa articulação.

A Polícia Federal prendeu preventivamente Bolsonaro pela manhã, na reta final do processo da trama golpista. Ele está na superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Ao determinar a prisão, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), citou a violação da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro no início da madrugada, o risco de fuga dele para a embaixada dos EUA e uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.

Após a divulgação de vídeo em que Bolsonaro admite que fez uso de "ferro quente" para tentar abrir o dispositivo de monitoramento, integrantes do governo e aliados de Lula no Congresso voltaram a defender a legalidade da prisão, criticaram quem falou em "exageros" na decisão de Moraes e exaltaram o trabalho da Justiça.

De acordo com relatos, governistas deverão explorar o vídeo para desgatar a imagem do ex-presidente e de seus aliados, reforçando a narrativa de que Bolsonaro planejava fugir do país -o que também pode gerar críticas por parte dos apoiadores do ex-chefe do Executivo.

Aliados do petista dizem que essa prisão volta a prejudicar a posição do ex-presidente, ainda mais com essas evidências, e reforça a polarização entre esquerda a direita. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse à Folha que o vídeo "desmoraliza" os argumentos de quem criticou e falou em exageros na prisão preventiva do ex-presidente.

"Inacreditável, o vídeo desmoraliza qualquer argumento dos que criticaram a prisão, falando em exagero do ministro Alexandre de Moraes. Ele confessa tudo, é uma tentativa de fuga", afirma.

O ministro Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência) adotou linha semelhante em publicação nas redes sociais. "Alguém ainda acha que ele não iria tentar fugir? Que a prisão foi 'sem motivo'?", escreveu.

Por outro lado, aliados de Lula reconhecem que a prisão pode ter consequências para o dia a dia no Congresso, com a ameaça de a oposição obstruir os trabalhos legislativos. Além disso, o episódio ocorre num momento em que a cúpula da Câmara e do Senado demonstram contrariedade com o governo federal, e a prisão poderá tensionar ainda mais a relação entre os três Poderes.

Em agosto, um grupo de deputados bolsonaristas ocuparam a Mesa Diretora por 30 horas em reação à prisão domiciliar de Bolsonaro. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse à reportagem na manhã deste sábado que já iria mobilizar a oposição para obstrução na Câmara. Ele não respondeu, no entanto, se esse movimento poderá levar a uma nova ocupação da Mesa.

Além disso, governistas reconhecem que haverá um aumento da pressão por parte de bolsonaristas sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) para que ele paute um projeto de lei da dosimetria das penas. O relator do projeto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse que a prisão deverá dar novo impulso ao projeto e que ela "facilita a negociação da dosimetria". Ele nega um perdão amplo.

Na avaliação de governistas ouvidos pela reportagem, o avanço deste tema, neste momento, poderá representar uma afronta direta ao STF e até mesmo ao governo, que se opõe frontalmente à apreciação da matéria.

Um aliado do petista no Congresso diz que o momento exige que governistas partam para o embate político com o grupo bolsonarista e voltem a defender o papel das instituições brasileiras nesse processo. Ele afirma que o que classifica como contradições do bolsonarismo ficará em evidência a partir de agora e que o Executivo precisa explorá-las.

Ele também diz que a prisão preventiva de Bolsonaro poderá tirar o tema da segurança pública, que vinha desgastando a imagem do governo federal, do foco do debate.

Centrão diz que vídeo de Bolsonaro dificulta anistia e redução de penas no Congresso

VICTORIA AZEVEDO E MARIANNA HOLANDA, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Integrantes do centrão avaliam que o vídeo em que Jair Bolsonaro (PL) admite que fez uso de "ferro quente" para tentar abrir sua tornozeleira eletrônica deverá dificultar o andamento do projeto de lei da anistia no Congresso Nacional e até mesmo a discussão sobre a redução de penas dos condenados pelos ataques golpistas do 8 de Janeiro.

Havia uma expectativa entre parlamentares de que o tema voltasse ao debate da Câmara nos próximos dias. O presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) afirmou a interlocutores no fim da semana que o relator, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), preparava ajustes ao texto e que ele deveria ser discutido com líderes.

Na manhã deste sábado (22), Paulinho disse à Folha que a prisão preventiva do ex-presidente deveria dar novo impulso ao projeto, afirmando que ela facilitaria "a negociação da dosimetria". Na visão de integrantes do centrão, a prisão poderia até dobrar as resistências dos bolsonaristas, que insistem em apresentar uma emenda para que o plenário decida no voto se aprovará a redução de penas ou anistia.

Integrantes do governo Lula (PT) também reconheciam que o tema deveria voltar à discussão da Casa, com pressão de bolsonaristas para levar o tema ao plenário. Até mesmo integrantes do centrão diziam que o projeto deveria ser tratado, por enxergarem o que classificaram de "exageros" na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

A divulgação do vídeo, na tarde deste sábado, mudou a percepção de líderes do centrão ouvidos pela reportagem. A tentativa de violação do equipamento foi um dos pontos citados pelo ministro ao determinar a prisão preventiva e, até então, vinha sendo considerada uma "narrativa" por apoiadores do ex-presidente para desgastar Bolsonaro.

No vídeo, uma servidora da administração penitenciária do Distrito Federal pergunta a Bolsonaro o momento em que teria começado a tentar romper a tornozeleira. O ex-presidente respondeu que isso teria ocorrido no final da tarde: "Meti um ferro quente aí... curiosidade". Ao ser questionado: "Que ferro foi? Ferro de passar?" ele respondeu: "Ferro de soldar, solda".

Um integrante da cúpula da Câmara afirma, sob reserva, que a discussão do tema da anistia já era algo considerado difícil na Casa, diante da resistência à proposta, mas agora avalia ser "impossível" que a matéria avance. Esse político diz que não acredita haver clima para negociar nem a anistia nem a dosimetria das penas –algo que vinha sendo discutido como alternativa ao texto da anistia, defendida por bolsonaristas.

Outra liderança do centrão também diz acreditar que Motta não deverá pautar o projeto na próxima semana. Há uma avaliação de que levar adiante essa matéria neste momento poderia ser compreendido como uma afronta ao Supremo. Além disso, um político do grupo diz que isso poderia gerar críticas ao Congresso junto à opinião pública.

Um líder de partido de centro reconhece que, nesta semana, o tema não deverá prosperar na Câmara. Mas afirma que não está descartado que, mais adiante, os deputados discutam a redução das penas para as pessoas que participaram da invasão das sedes dos três Poderes, sem que isso beneficie o núcleo central da trama golpista.

Apesar disso, governistas reconhecem que bolsonaristas deverão pressionar Motta para que o tema seja discutido. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou na manhã deste sábado que a oposição deverá obstruir os trabalhos na Câmara como forma de pressionar a discussão do projeto.

À tarde, após a divulgação do vídeo, Sóstentes voltou a defender anistia ampla, geral e irrestrita. " Será uma semana inteira ao lado dos nossos parlamentares, lutando sem descanso pela liberdade do Presidente Bolsonaro e pela anistia ampla, geral e irrestrita."

Prisão de Bolsonaro pega aliados de surpresa e dificulta mobilização de apoiadores

CAIO SPECHOTO E LUANY GALDEANO, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pegou aliados de surpresa, dificultando uma maior mobilização do eleitorado do político contra a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes neste sábado (22). A primeira reação do núcleo mais próximo do ex-presidente foi de recorrer a discursos religiosos para tentar dar coesão à parcela bolsonarista da população.

Apoiadores do ex-presidente se aglomeram em frente à Polícia Federal em Brasília, para onde Bolsonaro foi levado pela manhã. Também estuveram à noite em uma vigília organizada pelo filho mais velho do político, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O público somado ficou em algumas centenas de pessoas.

Ao chegar à vigília, Flávio disse que não se tratava de um ato político, mas de uma reunião religiosa. "Faremos oração pela saúde do meu pai, por justiça, para trazer lucidez às autoridades desse país para não criminalizarem uma simples vigília", declarou o senador.

A vigília organizada por Flávio foi mencionada por Alexandre de Moraes como um dos motivos para a prisão de Jair Bolsonaro, que já estava detido em casa também por decisão judicial. Ao longo do sábado, o senador reforçou a divulgação do ato nas redes sociais.

Carlos Bolsonaro (PL), irmão de Flávio e vereador no Rio de Janeiro, também compareceu à vigília. Além deles, políticos como o senador Rogério Marinho e os deputados Helio Lopes (PL-RJ) e Bia Kicis (PL-DF). Os deputados Marcel van Hattem (Novo-RS) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) chegaram atrasados porque não estavam em Brasília no começo do dia.

Sóstenes, que também é líder do PL, afirmou que a mobilização popular pró-Bolsonaro não é maior por medo.

"As pessoas estão com medo, se não estariam tudo na porta da PF igual foi feito com o Lula. Não fazem porque têm certeza que se forem para lá serão presos. Que é assim que o Alexandre de Moraes ditador atua para intimidar o povo", declarou o deputado.

A menção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é porque, em 2018, Lula foi preso sob fortes protestos de seus apoiadores. Grupos petistas fizeram uma vigília ao lado do local onde ele ficou detido, em Curitiba, durante todo o tempo de prisão.

A vigília pró-Bolsonaro foi realizada a algumas centenas de metros da porta do condomínio onde o ex-presidente mora. Havia um pequeno trio elétrico, mas nenhum dos políticos presentes subiu para discursar. Todos falavam do chão, junto dos apoiadores, e o equipamento apenas amplificava as vozes e tocava músicas religiosas.

O ato começou às 19h15, e os políticos foram embora por volta das 20h30, depois de uma confusão. Um pastor que se apresentou para fazer falas religiosas criticou Bolsonaro, defendendo sua condenação, e foi agredido. Saiu do local protegido pela polícia.

Em frente à PF, o ato foi menor. Alguns bolsonaristas vestiam verde e amarelo e levavam bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos. Pediam para que motoristas buzinassem em favor de Bolsonaro -método usado também na vigília.

Houve atritos entre bolsonaristas e lulistas no local ao longo do dia. Por volta das 21h, a manifestação havia arrefecido e reunia 20 pessoas.

Bolsonaro disse a agente que tentou abrir tornozeleira com 'ferro quente'

JOSÉ MARQUES, RAQUEL LOPES E VICTORIA AZEVEDO, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou a uma agente que fez uso de "ferro quente", um ferro de solda, para tentar abrir sua tornozeleira eletrônica. A declaração está registrada em vídeo e em um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal.

A tentativa de violação foi um dos pontos citados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ao determinar a prisão preventiva do ex-presidente.

Na tarde deste sábado (22), Moraes determinou que a defesa de Bolsonaro esclareça o motivo de ele ter tentado avariar a tornozeleira eletrônica.

"O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Havia marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local de encaixe/fechamento do case. No momento da análise o monitorado foi questionado acerca do instrumento utilizado", diz o documento da Seape, assinado por Rita Gaio, diretora adjunta do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica.

De acordo com o documento, a informação inicial era de que Bolsonaro havia batido o dispositivo na escada.

Mas, após a entrada da servidora da secretaria no local, "a tornozeleira não apresentava sinais de choque em escada".

Em vídeo, a servidora da administração penitenciárias do DF pergunta a Bolsonaro que hora ele teria começado a tentar violar a tornozeleira. O ex-presidente respondeu que isso teria acontecido no final da tarde.

Ao ser questionado sobre o que havia ocorrido, Bolsonaro afirmou: Usei ferro quente, ferro quente aí curiosidade". Ao ser questionado: "Que ferro foi? Ferro de passar?" ele respondeu: "Ferro de soldar, solda".

Ferro de solda é uma ferramenta pontiaguda que atinge alta temperatura e permite derreter metais. Está disponível para venda na internet.

O relatório da Seape diz que o alerta de violação da tornozeleira aconteceu à 0h07 deste sábado, e que imediatamente a equipe do órgão foi ao local.

"Os policiais penais realizaram contato imediato com o réu solicitando que se apresentasse para verificação do equipamento. Paralelamente, a diretora adjunta do Cime se deslocou até o local para análise presencial da situação", diz o texto.

A partir desse relatório, Moraes disse que houve confissão do próprio Bolsonaro sobre a violação do
equipamento, e determinou que a defesa de manifeste em 24 horas sobre o tema.

A PF prendeu Bolsonaro de forma preventiva na manhã deste sábado na reta final do processo da trama golpista.

O ex-presidente estava em regime domiciliar desde 4 de agosto e foi levado pela PF após a decretação da prisão pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, sob justificativa de garantia da ordem pública.

Paulo Gonet, procurador-geral da República, também se manifestou a favor da prisão, "diante da urgência e gravidade dos novos fatos apresentados".

Moraes, ao determinar a prisão, citou a violação da tornozeleira eletrônica de Bolsonaro no início da madrugada, o risco de fuga dele para a embaixada dos EUA e uma vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente.

Em nota, os advogados de Bolsonaro afirmam que a prisão foi baseada na realização de uma "vigília de orações", garantida pela Constituição, e que a determinação de Moraes causou "profunda perplexidade". Os advogados Celso Vilardi e Paulo Bueno afirmam ainda que irão "apresentar os recursos cabíveis".

A PF chegou à casa de Bolsonaro por volta das 6h, em comboio com ao menos cinco carros. O ex-presidente foi levado cerca de 20 minutos depois para a Superintendência da PF, onde ficará preso, em um espaço com cama, banheiro privativo e uma mesa.

Desde a prisão, aliados do ex-presidente classificavam como "narrativas" as informações sobre uma tentativa de Bolsonaro de danificar o equiapamento.

Pela manhã, o líder da oposição na Câmara, Zucco (PL-RS), enviou mensagem a um grupo de WhatsApp com parlamentares da oposição com orientações e estratégias a serem adotadas. Nela, ele afirma que era preciso entender o que "é fato e o que é narrativa" e se existia ou não "qualquer indício relacionado à história da suposta tentativa de quebrar a tornozeleira".

"Se isso for falso -e até agora não existe NENHUM elemento que indique isso -precisamos rebater com força e com técnica, não com emoção desordenada", afirmou o parlamentar na mensagem.

Defesa não explica tentativa de violação a tornozeleira e diz que Bolsonaro não tinha como fugir de casa

MARIANA BRASIL E JOSÉ MARQUES, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O advogado de Jair Bolsonaro (PL) Paulo Cunha Bueno não explicou a violação à tornozeleira eletrônica do ex-presidente.

Mesmo com vídeo e documento do STF (Supremo Tribunal Federal) mostrando as avarias no equipamento, o advogado afirmou que a informação está sendo usada como narrativa para "justificar o injustificável".

"O presidente Bolsonaro não teria de forma alguma como subtrair-se, como evadir-se de sua casa. Ele tem uma viatura armada com agentes federais 24 horas por dia, sete dias por semana na porta da casa dele", declarou.

Na fala a jornalistas, concedida na saída da sede da Superintendência da Polícia Federal, onde Bolsonaro cumpre a preventiva, o advogado citou casos como o do também ex-presidente Fernando Collor de Mello, que foi enviado à prisão domiciliar sob alegações de problemas de saúde.

A prisão preventiva de Bolsonaro foi decretada neste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Entre os motivos, o ministro levantou a possibilidade de fuga, o respeito à ordem após Flávio Bolsonaro convocar uma vigília no condomínio do pai, e a violação ao equipamento.

Na tarde deste sábado, Moraes determinou que a defesa de Bolsonaro esclarecesse o motivo de ele ter tentado avariar a tornozeleira eletrônica.

O ex-presidente afirmou a uma agente que fez uso de "ferro de soldar" para tentar abrir sua tornozeleira. A declaração está registrada em vídeo e em um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal.

"Meti um ferro quente aí curiosidade", disse o ex-presidente à agente. Ao ser questionado: "Que ferro foi? Ferro de passar?" ele respondeu: "Ferro de soldar, solda".

O relatório da secretaria diz que o alerta de violação da tornozeleira aconteceu à 0h07 deste sábado, e que imediatamente a equipe do órgão foi ao local. Inicialmente, a administração penitenciária havia sido informada de que o ex-presidente havia batido o dispositivo na escada. No entanto, a perícia constatou que não havia sinais de colisão ou choque em superfícies.

"Trata-se de um indivíduo que compareceu a todos os atos do processo antes mesmo de ser convocado, sempre esteve disponível, nunca se esquivou de responder a qualquer ato desse famigerado processo", disse Bueno em frente à PF.

"É um idoso, padece de problemas que são pública e ostensivamente graves à sua saúde. Foi submetido, desde a criminosa facada, a seis cirurgias, a última de 12 horas e internado diversas vezes com semiobstruções intestinais."
Bueno disse que a situação é uma humilhação para o ex-presidente e afirmou que não havia chance de fuga, visto que Bolsonaro estava com viatura armada na porta de casa.

O advogado também se disse indignado com a determinação de prisão preventiva e voltou a alegar o estado de saúde de Bolsonaro como impeditivo para o regime fechado.

O advogado chegou por volta de 13h à Superintendência da PF em Brasília, onde Bolsonaro foi levado para cumprir a prisão preventiva. Mais cedo, a defesa emitiu uma nota conjunta afirmando que a determinação da prisão causou "profunda perplexidade".

Bueno e Celso Vilardi haviam pedido na sexta-feira (21) que Bolsonaro pudesse continuar o cumprimento de sua pena no regime domiciliar, devido ao estado de saúde do ex-presidente, o que foi negado por Moraes.

Na carceragem da PF, Bolsonaro está em um quarto com ar-condicionado, banheiro privativo, frigobar e televisão. Moraes determinou que ele receba atendimento médico "em tempo integral" e com trânsito livre da equipe médica que o acompanha, sem necessidade de autorização prévia do STF.

Os advogados afirmaram ainda que apresentarão os recursos cabíveis no caso.

No fim da tarde, a defesa também pediu que os familiares do ex-presidente, entre eles seus filhos e a esposa, Michelle Bolsonaro, possam visitá-lo na prisão.

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