Recuperação da cirurgia para hérnia inguinal, problema de Bolsonaro, pode ser de até um mês
Luana Lisboa, São Paulo, Sp (folhapress) - 23/12/2025 17:18:18 | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
A cirurgia para a correção da hérnia inguinal bilateral, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fará nos próximos dias, costuma exigir um curto tempo de recuperação. Um dos mais realizados no mundo, o procedimento pode requerer de duas semanas a um mês de regeneração, com retorno a atividades físicas e sexuais, afirma Diego Adão, professor de cirurgia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), .
O tempo, no entanto, pode variar para cada paciente e a depender da técnica utilizada. Idosos com duas hérnias, como é o caso do ex-presidente, podem precisar de maior período.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou que o Jair Bolsonaro (PL) seja internado nesta quarta-feira (24) e faça uma cirurgia no Natal (25). No pedido realizado nesta terça-feira (23), a defesa solicita que Bolsonaro seja internado um dia antes da cirurgia "a fim de que possa ser submetido aos exames necessários e preparatórios ao procedimento cirúrgico".
Segundo o especialista, o pré-operatório dos dois principais tipos de cirurgias para a questão de saúde são comuns. "Na cirurgia por vídeo, é uma anestesia geral com intubação. Já na cirurgia aberta, é feita anestesia na coluna com uma local", diz.
É necessário ainda fazer exames pré-operatórios para ver se a coagulação e o coração estão normais. Podem incluir ainda raio-x do pulmão, eletrocardiograma do coração e exames de coagulação. Essa é uma cirurgia de pequeno porte, explica o médico, e mesmo pacientes mais idosos e com problemas anteriores de saúde conseguem fazer a operação com segurança.
Para a correção das hérnias, existem dois procedimentos mais comuns: a cirurgia tradicional, chamada de cirurgia de Lichtenstein, e a técnica por vídeo.
A primeira consiste em identificar a área de maior fragilidade da parede abdominal e colocar uma tela de polipropileno em cima do músculo para repará-lo. A tela estimula um processo inflamatório no corpo, gerando uma cicatriz que torna a região mais "dura".
Na segunda, feita por vídeo, o corpo também recebe a tela, só que por dentro do abdômen, explica Adão. Essa é a mais indicada, porque a recuperação é mais rápida.
Após a operação, o paciente costuma ficar de um a dois dias internado. Já em casa, no caso da cirurgia por vídeo, a maioria dos pacientes volta à vida usual em, no máximo, duas semanas. Neste caso, por não ter corte na região da virilha, a tendência é que haja menores inflamação e dores no pós-operatório.
Na cirurgia aberta, com manipulação dos tecidos, há mais inflamação e o paciente volta às atividades habituais entre a terceira e quarta semana após o procedimento.
Ambos são considerados períodos curtos de recuperação. No caso de Bolsonaro, por já ter um histórico anterior de cirurgias, é mais comum que o procedimento clássico seja o escolhido pela equipe médica.
A taxa de sucesso desse tipo de cirurgia é alta, ultrapassando os 90%, com uma chance de recidiva da hérnia de 2% a 5%, diz Adão.
As hérnias na região da virilha surgem quando, conforme o envelhecimento, os tecidos ficam frágeis e a região, naturalmente mais fraca, não consegue segurar o intestino dentro do abdômen, e o órgão começa a escorregar para a região do canal inguinal, em direção ao testículo, explica o cirurgião-geral.
No caso de Bolsonaro, o problema aconteceu dos dois lados, configurando-se, então, como uma hérnia inguinal bilateral.
Moraes autorizou a presença da esposa do ex-presidente, Michelle Bolsonaro, como acompanhante durante toda a internação. As demais visitas somente poderão ocorrer com autorização judicial.
Bolsonaro está preso na superintendência regional da PF em Brasília desde o dia 22 de novembro.
Os peritos recomendaram ainda o "bloqueio do nervo frênico" para tratar o quadro de soluços do ex-presidente.
Adão explica que esse nervo faz o diafragma contrair para permitir a respiração, os soluços e as tosses. Quando inflamado, perde o controle e faz contrações rápidas, gerando o soluço.
Com medicamentos ou cirurgia é possível tirar a capacidade do nervo de estimular o diafragma, o que funcionaria como um tratamento para a condição, afirma o médico.
Moraes autoriza cirurgia de Bolsonaro no Natal
RAQUEL LOPES, BRASÍILIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seja internado nesta quarta-feira (24) e faça um a cirurgia no Natal (25).
Moraes determinou, na decisão desta terça-feira (23), que o transporte e a segurança sejam realizados pela Polícia Federal de forma discreta, devendo o desembarque ocorrer nas garagens do hospital.
A Polícia Federal deverá, previamente, entrar em contato com o diretor do Hospital DF Star, Dr. Allison Bruno Barcelos Borges, para ajustar os termos e as condições da internação.
Caberá à Polícia Federal providenciar a vigilância e a segurança integrais do custodiado durante todo o período de sua estadia, bem como do hospital, mantendo equipes de prontidão.
A corporação deverá assegurar, ainda, a segurança e a fiscalização ininterruptas, 24 horas por dia, com, no mínimo, dois policiais federais posicionados na porta do quarto hospitalar, além das equipes que entender necessárias, tanto nas dependências internas quanto externas do hospital.
Fica proibida a entrada, no quarto hospitalar, de computadores, telefones celulares ou quaisquer outros dispositivos eletrônicos, ressalvados, evidentemente, os equipamentos médicos, devendo a Polícia Federal garantir o cumprimento rigoroso dessa restrição.
Moraes também autorizou a presença da esposa, Michelle Bolsonaro, como acompanhante durante toda a internação. As demais visitas somente poderão ocorrer com autorização judicial.
No pedido realizado nesta terça-feira (23), a defesa solicita que Bolsonaro seja internado um dia antes da cirurgia "a fim de que possa ser submetido aos exames necessários e preparatórios ao procedimento cirúrgico".
A defesa pede ainda que seja autorizada a presença da esposa, Michele Bolsonaro, como acompanhante principal, bem como de seus filhos Carlos Bolsonaro e Flávio Bolsonaro, como acompanhantes secundários se houver necessidade.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) manifestou não se opor aos pedidos da defesa de Bolsonaro para que o ex-presidente seja internado no dia 24 e realize o procedimento durante o Natal. O órgão também não apresentou objeções à presença dos acompanhantes nomeados pela defesa.
Moraes pediu à defesa de Bolsonaro para identificar o médico responsável pela cirurgia, que será realizada no hospital DF Star, em Brasília.
A Polícia Federal confirmou ao tribunal que o ex-presidente precisa ser submetido a uma cirurgia eletiva e outro procedimento o mais breve possível. O laudo foi enviado depois de determinação do ministro do STF.
Na mesma decisão, Moraes indeferiu o pedido de prisão domiciliar que a defesa vinha pleiteando desde antes do trânsito em julgado do processo e o início do cumprimento de pena.
Bolsonaro está preso na superintendência regional da PF em Brasília desde o dia 22 de novembro.
De acordo com Moraes, o ex-presidente está "custodiado em local de absoluta proximidade com o hospital particular onde realiza atendimentos emergenciais de saúde" e o endereço seria, inclusive, mais próximo que o da casa dele. Assim, a prisão na PF não prejudicaria Bolsonaro em caso de necessidade de deslocamento de emergência.
De acordo com o laudo, em relação à hérnia, o caso é de reparo eletivo, ou seja, procedimento cirúrgico programado, que não tem caráter de urgência ou emergência. A análise foi feita por quatro peritos do Instituto Nacional de Criminalística na última quarta (17).
Já os soluços precisam de intervenção mais rápida, tanto porque tratamento anteriores não surtiram efeito quanto porque o quadro pode piorar outras condições.
A defesa de Bolsonaro pediu em duas ocasiões autorização urgente para que o ex-presidente seja submetido a uma cirurgia. A primeira petição foi apresentada em 9 de dezembro e a última delas na segunda-feira (15).
Segundo os advogados, ele precisa de procedimento cirúrgico para correção de hérnia inguinal bilateral, além de intervenções complementares. A hérnia inguinal é uma condição em que um tecido do abdômen incha e faz aparecer uma protuberância na região da virilha.
Moraes determinou que o exame feito no último domingo (14) e os laudos juntados aos autos fossem encaminhados para análise de peritos médicos na última quarta (17) no Instituto Nacional de Criminalística.
Aos peritos, Bolsonaro relatou que os soluços começaram em setembro de 2018 após a primeira cirurgia abdominal. Depois disso, ele passou por outras sete cirurgias e o quadro retornava a cada pós-operatório e duravam cerca de 30 dias. Após o último procedimento, no entanto, os soluços não pararam mais.
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