Áustria reafirma oposição ao pacto UE-Mercosul e pede a Portugal que evite 'manobras' sobre o acordo

Parlamento austríaco rejeitou por unanimidade a concretização de acordo comercial entre a UE (União Europeia) e o Mercosul e amplia a lista de países europeus que declaradamente refutam o pacto.

Áustria reafirma oposição ao pacto UE-Mercosul e pede a Portugal que evite 'manobras' sobre o acordo
Áustria reafirma oposição ao pacto UE-Mercosul e pede a Portugal que evite 'manobras' sobre o acordo

Portal Sputnik Brasil - 08/03/2021 12:35:41 | Foto: Pixabay

Neste domingo (7), em carta endereçada a Portugal (país que detém a presidência rotativa da UE) o governo austríaco reiterou a sua oposição ao acordo comercial entre a UE e os países do Mercosul, por achar que o texto não contém cláusulas suficientes para proteger o meio ambiente e prevenir o desmatamento no Brasil, segundo o portal Infobae.

A carta, dirigida ao primeiro-ministro português, António Costa, e escrita por Werner Kogler, vice-chanceler da Áustria, pede que se evite "qualquer manobra" para facilitar a votação do texto. O Parlamento austríaco rejeitou por unanimidade o documento na sua forma atual.

"Peço que garantam que a votação do acordo comercial UE-Mercosul seja realizada de forma transparente, sem manobras políticas e com total atenção do público. Isso não é aceitável. Em nossa opinião, o impacto desse acordo na crise climática é um fator decisivo", disse Kogler na carta endereçada a Costa citado pela mídia.

O texto do acordo foi assinado em meados de 2019 entre a UE e os quatro países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) após 20 anos de negociações, e levanta críticas por parte de agricultores preocupados com a produção de carne, e de ONGs preocupadas com o meio ambiente.

O vice-chanceler austríaco, Werner Kogler, se dirige à mídia após uma reunião de gabinete na chancelaria federal, em Viena, Áustria, 8 de janeiro de 2020

Ronald Zak

O vice-chanceler austríaco, Werner Kogler, se dirige à mídia após uma reunião de gabinete na chancelaria federal, em Viena, Áustria, 8 de janeiro de 2020

Além da Áustria, outros países da UE refutaram o pacto comercial, como o presidente francês Emmanuel Macron, quando disse que se opunha "ao acordo do Mercosul tal como está", assim como e a chanceler alemã, Angela Merkel, que expressou "sérias dúvidas" sobre o texto. Bélgica e Holanda também já teriam declarado oposição na Câmara Europeia, segundo a mídia.

No entanto, o vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo Comércio, Valdis Dombrovskis, afirmou que a UE continua empenhada em trabalhar para ratificar o acordo comercial, mas que pretende mais melhorias por parte dos países envolvidos sobre as questões ambientais.

"Estaremos buscando esses compromissos para garantir que possamos avançar no sentido de uma ratificação bem-sucedida do acordo. [As decisões sobre] a forma exata de ratificação serão tomadas caso a caso, após análise jurídica do documento", disse Dombrovskis citado pela mídia.

Em janeiro, Portugal afirmou que tentaria concluir o acordo de livre comércio do bloco com o Mercosul, pois seria "responsabilidade de Portugal tentar concluir este processo e assumimos esta obrigação", disse o ministro das Relações Exteriores português, Augusto Santos Silva, segundo a Reuters.

Em fevereiro, diplomatas da UE disseram que cabia ao Brasil salvar o acordo comercial do Mercosul e que o mesmo não seria assinado "se o Brasil não der passos concretos para a redução do desmatamento na Amazônia".

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