Lisboa, aviões não saem, aviões não entram

Atualmente, em Portugal, 497 mil pessoas já receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19, e seguimos em ritmo acelerado para conseguir ter o maior número de pessoas possível protegidas o quanto antes.

Lisboa, aviões não saem, aviões não entram
Lisboa, aviões não saem, aviões não entram

Margarida Vaqueiro Lopes - Sambando Em Lisboa - Estadão Conteúdo - 02/03/2021 09:56:55 | Foto: Pixabay

Passear em Lisboa, por esses dias, é uma espécie de exercício bizarro: já levamos praticamente um mês desde que foi decretado um novo confinamento geral no País, com restaurantes e todas as lojas que não vendam bens essenciais fechados. As aulas continuam sendo dadas à distância, e são muito poucas as pessoas – talvez possamos também agradecer ao mau tempo – que têm estado na rua.

Um desses dias, por motivos de trabalho, saí de casa para além de uma ida no mercado ou para fazer minha filha correr um pouco e apanhar ar puro, agora que os dias são passados TODOS em casa, e foi impressionante: as avenidas praticamente vazias, a luz ainda mais clara por ausência de aviões e carros, o silêncio. É verdade que no primeiro confinamento isso era mais notório, mas agora continua sendo fascinante.

Claro que tem uma carga emocional e triste muito grande – a economia está com muitas dificuldades em se manter, os pedidos de ajuda de famílias passando dificuldades estão aumentando num nível praticamente incomportável e o Estado e a sociedade não estão conseguindo dar resposta a tudo. Há muitos atrasos nos pagamentos de contas de água e de luz; há famílias inteiras sem ter o que comer, muita gente no desemprego devido ao encerramento de estabelecimentos do setor da hotelaria e restauração, sobretudo.

Essa quinta-feira, 25 de fevereiro, o Parlamento português voltou a aprovar um novo decreto de Estado de Emergência, o que significa que as atuais restrições são para manter: teletrabalho obrigatório, escolas encerradas, viagens para fora do País proibidas a menos que por motivos essenciais, entrada de estrangeiros muito restrita e com obrigatoriedade de apresentação de testes à Covid antes da entrada em território nacional – os voos de e para o Brasil estão totalmente proibidos, com exceção de um voo humanitário que vai acontecer nos próximos dias e cujo preço das passagens também já levantou muito problema por aqui.

Tudo isso acontece porque a pressão sobre o nosso SNS (o SUS) ainda está em níveis muito elevados – não estamos nos 100%, como acontece em Araraquara, mas ainda não é gerível – e portanto os governantes estão de olhos na Primavera, quando o tempo mais quente e a vacinação poderão ajudar a travar as infeções.

Atualmente, em Portugal, 497 mil pessoas já receberam as duas doses da vacina contra a Covid-19, e seguimos em ritmo acelerado para conseguir ter o maior número de pessoas possível protegidas o quanto antes.

Até lá, teremos que continuar nos encantando com as ruas vazias, e sonhando com o dia em que poderemos voltar a pensar em viagens e férias em algum outro lugar que não a nossa casa. E claro, cozinhando mais do que alguma vez sonhámos ser possível!

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