Promotor Lincoln Gakiya e sua família foram monitorados pelo PCC
Caio Spechoto, Brasília, Df (folhapress) - 25/11/2025 11:15:28 | Foto: Agência Câmara
O promotor Lincoln Gakiya, integrante do Ministério Público de São Paulo e especialista em combate ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e outras organizações criminosas, disse nesta terça-feira (25) que a polarização política ameaça operações contra o crime organizado como a Carbono Oculto. Deflagrada em agosto, a ação atingiu ligações entre o crime organizado e o mercado financeiro e teve participação de diversos órgãos de controle federais e estaduais.
"Parece que a polarização política que tomou conta do país prejudica ainda mais a integração. Ouso dizer que dificilmente teríamos a operação Carbono Oculto hoje. As forças federais teriam cooperação, em nível de instituição, com forças estaduais, se são governos opostos politicamente?", declarou o promotor.
Ele criticou a falta de incentivos para autoridades de diferentes órgãos e níveis de governo cooperarem em investigações. As declarações foram dadas em reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o crime organizado.
"A Carbono Oculto foi mais obra virtuosa da proatividade dos colegas do Ministério Público, dos colegas da Receita Federal, da própria Receita Federal, que se uniram e resolveram cada um juntar um pouco de uma investigação que era intimamente ligada por conexões", disse ele.
"Não temos no Brasil nada e nenhuma legislação que nos determine, nos obrigue ou mesmo que nos estimule a agir de forma integrada e coordenada", declarou Gakiya.
O promotor também afirmou que empresas de apostas digitais, conhecidas como bets, estão sendo utilizadas pelo crime organizado para lavar dinheiro. Essas operações envolveriam contratos de publicidade com influenciadores em redes sociais. Segundo ele, esse é um tema que virá à tona em breve.
Além disso, afirmou que o crime organizado se aproveitou de regulação insuficiente em fintechs para expandir suas atividades.
O promotor fez uma crítica ao PL Antifacção que foi aprovado pela Câmara e agora é discutido pelo Senado. Segundo ele, o projeto precisa diferenciar os integrantes de organizações criminosas de acordo com seu poder dentro da facção.
"Da maneira como está no PL, a gente não tem essa diferenciação", declarou. "Nós iríamos encher os presídios de presos às vezes de menor importância, com penas que iniciam em 20 anos", disse o promotor.
Gakiya investiga o PCC há anos e é um dos principais alvos da organização criminosa. Segundo ele, a facção é a que mais cresce no mundo. A estrutura de lavagem de dinheiro do PCC, de acordo com Gakiya, é dos mais sofisticados existentes.
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