Rejeição a Messias no STF pode ‘abrir precedente danoso para democracia’, diz cientista política

Jorge Messias, indicado por Lula ao STF; aprovação depende de sabatina no Senado

Rejeição a Messias no STF pode ‘abrir precedente danoso para democracia’, diz cientista política
Rejeição a Messias no STF pode ‘abrir precedente danoso para democracia’, diz cientista política

Por adele Robichez, lucas Krupacz e nara Lacerda - Bdf - 01/12/2025 18:21:19 | Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Luciana Santana explica que rejeição a Jorge Messias seria inédita e agravaria crise entre Executivo e Congresso.

A disputa entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o governo Lula (PT) sobre a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF) tem levantado a possibilidade de veto ao nome escolhido pelo presidente.

Em entrevista ao Conexão BdF , da Rádio Brasil de Fato, a cientista política Luciana Santana afirmou que seria “algo inédito e pode abrir uma situação de precedentes muito danosos para a democracia brasileira”.

Luciana Santana destacou que uma ruptura entre o Executivo e o Legislativo “abre uma fratura muito problemática, que pode ser difícil de ser solucionada”. Ela lembrou que os poderes precisam atuar de forma harmônica e que usar o atrito atual para justificar outras ações políticas pode trazer “resultados muito duros, muito difíceis, que têm impacto para toda a população”.

Como exemplo, citou que a tensão pode retomar pautas como a anistia a golpistas. “Diante de uma situação de maior externalização desses ânimos exaltados, podem retomar essa pauta e criar uma situação muito desagradável, que pode colocar em risco a própria democracia brasileira”, reforçou. Ela também mencionou que o Senado já vem tomando decisões conflituosas, como a derrubada de vetos no Projeto de Lei (PL) da Devastação.

A cientista política alertou ainda que a rejeição ao nome de Messias, que, segundo ela, atende a todos os critérios técnicos, seria difícil de justificar. “Fica muito complicado para os próprios senadores justificar, do ponto de vista técnico, essa desaprovação”, analisou. Na avaliação de Santana, Lula escolheu Messias também por confiança e por “sinais, do ponto de vista de diálogo com grupos evangélicos”.

“Isso tudo [estabilidade política e econômica] pode ir por água abaixo caso tenhamos uma decisão não esperada do Senado. Isso vai deixar uma situação muito ruim para o Estado brasileiro, não apenas para os poderes”, concluiu.

Busca por poder

Segundo Santana, a resistência do presidente do Senado indica “que há ali uma disputa, ou pelo menos uma tentativa de ocupação de poder”. Ela apontou que o desgaste envolve também o desejo de parte do Senado de emplacar o nome do ex-presidente do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na vaga do STF. “Esse episódio deve servir, ou pelo menos há uma tentativa de servir, a buscar uma ocupação maior de poder”, disse.

A especialista avalia que, apesar da tensão, “ainda há margem para uma negociação”, lembrando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “já vinha deixando claro a indicação antes mesmo de oficializá-la” e que houve “o cuidado de fazer uma conversa com Rodrigo Pacheco antes mesmo de publicizar essa indicação”. Segundo ela, o presidente terá que atuar pessoalmente para recompor a relação com Alcolumbre e garantir a aprovação de Messias.

Santana avaliou como positiva a resposta pública da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, que rebateu as acusações de “fisiologismo” feitas por Alcolumbre e afirmou que o governo “repele tais insinuações”. A fala, segundo a cientista política, sinaliza que o Planalto mantém disposição para negociação. “Há espaço para esse diálogo. Agora precisamos ter pré-disposição das partes”, pontuou.

A sabatina de Jorge Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Sendo está marcada para o próximo dia 10. O indicado precisa ter o nome confirmado no Plenário, com maioria absoluta de votos, ou seja, aprovação de 41 senadores.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato, 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Editado por: Maria Teresa Cruz

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