Bolsonaro imita personagem da maldade de Dickens, mas sem redenção

Scrooge, personagem impiedoso de Dickens no Um Conto de Natal

Bolsonaro imita personagem da maldade de Dickens, mas sem redenção
Bolsonaro imita personagem da maldade de Dickens, mas sem redenção

Por Matheus Leitão - Revista Veja - 30/12/2020 16:07:33 | Foto: Disney/Reprodução

Scrooge é protagonista desalmado e frio de clássico do romancista inglês, mas se recupera quando visitado durante o Natal. Já o presidente...

Descobriu-se agora, neste árduo ano de 2020, em qual personagem Jair Bolsonaro se inspira para as suas infinitas maldades. O presidente espelha-se em Scrooge, protagonista desalmado, e com frieza desmedida no coração, do livro Um Conto de Natal , clássico de Charles Dickens publicado em 1843.

Ganancioso e indigno, Ebenezer Scrooge é a personificação da indiferença e acabou retratado, também de forma magistral, por Jim Carrie no filme Fantasmas de Scrooge , em 2009. Na história, quando visitado por assombrações durante o período do Natal, o personagem começa a ter a real noção do quanto falhava como ser e alma vivente.

Scrooge decide não desperdiçar mais aquele momento de festas de fim de ano, e até de autoanálise, e faz uma ressignificação de toda sua vida. Fato é que o encontro consigo mesmo no Natal muitas vezes traz mudanças para a vida das pessoas. Aliás, a fé cristã proporciona isso constantemente, mas é testemunhado com mais clareza no Natal.

Óbvio que, diante do que vemos ano após ano, Bolsonaro é uma versão piorada de Scrooge e sem a sofisticação emprestada por Dickens ao personagem. Muito menos encontra a redenção do espírito do Natal. Não há mensagem cristã que possa despertar em Bolsonaro a civilidade, me lembrou o roteirista Daniel Fraiha, que também o vê como Scrooge.

O político brasileiro mais uma vez fez chacota com a tortura sofrida por uma vítima dos terríveis anos da ditadura militar (1964-1985). Atacou covardemente a ex-presidente Dilma Rousseff, sua adversária política, como já havia feito anteriormente. Não há diferença política que justifique tamanha perversidade. Isso apenas três dias após o Natal.

Scrooge, o personagem inventado por Dieckens, tem mais camadas. Bolsonaro se mostra vazio pelo vazio. A própria história dele não tem sofisticação alguma. É construída de forma crua, pobre e tacanha. Quando se volta para o modo cruel, o que não é raro, o presidente se torna protagonista de um folhetim barato de quinta categoria.

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