Entregar escolas a militares é como ‘chamar açougueiro para cuidar de cirurgia’.
por adele Robichez e gabriela Carvalho - brasil De Fato - 30/07/2025 11:39:41 | Foto: Tarcísio de Freitas, governador de SP - Caroline Oliveira/Brasil de Fato
Para Vitor Henrique Paro, medida de Tarcísio é 'criminosa' e faz parte de projeto para 'desgraçar mais ainda' a educação.
A tentativa do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de contratar 208 policiais militares para atuar como professores em escolas cívico-militares foi criticada com veemência pelo educador Vitor Henrique Paro, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Em entrevista ao Conexão BdF , da Rádio Brasil de Fato, ele classificou a medida como “estapafúrdia” e “criminosa”.
“Quando você pretende que militares, que têm uma concepção de mundo, uma forma de agir exatamente antagônica àquilo que possa ser chamado educativo, é como se você estivesse chamando açougueiros para cuidar das cirurgias. Não tem cabimento”, compara.
Segundo Paro, ao insistir em militarizar as escolas, o governo age de forma deliberada para desestruturar ainda mais o ensino público. “Isso é para desgraçar mais ainda a escola pública, para privatizá-la, além de favorecer os militares com sua intenção […] de armar suas polícias militares e formar as pessoas com uma concepção de milícia, verdadeiramente para continuar o golpe do nefasto [ex-presidente Jair] Bolsonaro (PL), que está em vias de ir para a prisão”, afirma.
Segundo o professor, o problema da educação não será resolvido com soluções autoritárias, mas com uma mudança profunda na forma de ensinar e na relação entre escola e comunidade. “O hospital, quando tem problema, procura soluções médicas. A escola, quando tem problema, precisa de soluções educativas, e não militares. A escola está ruim porque faltam recursos, professores são mal formados, e o ensino é ultrapassado”, avalia.
A contratação dos militares foi suspensa por uma decisão liminar obtida pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) na Justiça paulista, mas o governo anunciou que irá recorrer. Deputados do Psol também entraram com ação popular contra a proposta.
“Nós, educadores, não podemos fazer nada sobre isso. Temos que confiar em bons políticos, como felizmente nós temos, que entraram um mandado de segurança contra essa medida estapafúrdia, criminosa.”
Para ouvir e assistir
O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira, uma às 9h e outra às 17h, na Rádio Brasil de Fato , 98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.
Editado por: Martina Medina
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