Opção do governo de adiar e parcelar o pagamento dessas despesas impacta diretamente a vida de milhares de pessoas
Por Matheus Leitão - Revista Veja - 20/08/2021 09:01:29 | Foto: TRF-1 em Brasília (DF) Saulo Cruz/CNJ
O governo federal tenta convencer o Congresso Nacional a dar andamento à PEC dos Precatórios, que adia e parcela o pagamento de dívidas incontestáveis da União já transitadas e julgadas. Com a condução do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, autoridades têm se reunido para construir um caminho de aprovação da proposta. Em troca, a equipe econômica promete ter margem fiscal para dobrar o valor do Bolsa Família – que será transformado em Auxílio Brasil.
É a política de dar com uma mão e tirar com a outra. Condicionar um necessário programa social ao calote nos precatórios coloca o país em um novo mar de incertezas, jogando o pagamento de dívidas – muitas delas milionárias – a um futuro sem data. O precatório é muito mais que somente um instituto jurídico. Há precatórios que tramitam na Justiça há décadas e milhares de pessoas aguardam os recursos, inclusive, para garantir a própria subsistência.
Uma delas é o ex-motorista de carreta Amaro Antônio da Silva, 63 anos, morador de Campo Alegre, em Alagoas. Amaro é um dos 19 mil credores de um dos maiores processos falimentares do Brasil – a Massa Falida da Usina Laginha, do Grupo João Lyra. A falência corre no Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas e o passivo já ultrapassa os R$ 3 bilhões.
O ex-motorista de carreta Amaro Antônio da Silva, 63 anos, morador de Campo Alegre, em Alagoas Arquivo pessoal/Arquivo pessoal
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