Silvinei buscou abrigo em meca bolsonarista que atraiu Flávio, Eduardo, Nikolas e Zema
Arthur Guimarães De Oliveira, São Paulo, Sp (folhapress) - 27/12/2025 11:53:56 | Foto: Reprodução YouTube
ANA LUISA ALBUQUERQUE, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-diretor-geral da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques tentou fugir para El Salvador para escapar da pena de 24 anos e 6 meses de prisão imposta a ele pelo STF (Supremo Tribunal Federal), informou a Polícia Federal nesta sexta-feira (26).
Ainda não está claro qual era exatamente o plano de Silvinei, mas é possível que ele tivesse a esperança de ser abrigado pelo presidente Nayib Bukele, reverenciado pela direita bolsonarista pela política de segurança linha-dura e pouco afeito a regras democráticas.
O plano, porém, não deu certo, e Silvinei foi capturado no aeroporto de Assunção, capital do Paraguai, quando tentava embarcar em um voo para El Salvador com um passaporte falso.
O ex-chefe da PRF agora será obrigado a cumprir a sentença à qual foi condenado por ter colocado a instituição a serviço de uma tentativa de golpe para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, ao tentar impedir eleitores de votar no segundo turno das eleições.
A escolha de Silvinei não é exatamente uma surpresa, já que El Salvador não sai da boca dos políticos bolsonaristas. Eles veem no país da América Central uma bela propaganda do modelo de segurança que gostariam de aplicar no Brasil.
Os índices de criminalidade de fato despencaram por lá, mas isso se deu às custas de um regime de exceção que já dura mais de três anos e meio, da prisão de milhares de inocentes, da violação de garantias constitucionais, dos julgamentos coletivos, da perseguição à imprensa e do desmantelamento da democracia no país.
Além disso, a criminalidade violenta pode estar em baixa em razão de um pacto que teria sido firmado entre Bukele e as principais gangues do país -como fizeram antecessores do presidente salvadorenho.
O El Faro, principal jornal investigativo da América Central, noticiou em setembro de 2020, com base em informes de inteligência penitenciária, que Bukele havia feito um acordo com a MS-13, a maior gangue do país. Segundo este pacto, os criminosos receberiam benefícios carcerários para manter a violência sob controle, reduzindo os homicídios.
Em dezembro de 2021, uma investigação do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos confirmou as informações divulgadas pelo El Faro e concluiu que o governo também tinha oferecido incentivos financeiros para a MS-13 e para outra gangue, a Barrio 18, como parte do mesmo acordo.
Nada disso, porém, é ponderado pela direita radical, que neste ano intensificou a peregrinação a El Salvador com o alegado objetivo de aprender mais sobre a política de segurança de Bukele.
Em novembro, o senador Flávio Bolsonaro (PL), o deputado federal cassado Eduardo Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL) se reuniram em diferentes ocasiões com o ministro de Segurança Pública e Justiça, Gustavo Villatoro.
Villatoro é figurinha carimbada entre os políticos do campo. Em maio de 2023, ele participou por chamada de vídeo de uma reunião da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, a convite do deputado federal Osmar Terra (PL), ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro. Na ocasião, o salvadorenho propagandeou as medidas de segurança da gestão Bukele.
"A experiência salvadorenha prova que é possível derrotar a criminalidade. O Brasil tem jeito!", escreveu Flávio após o encontro com o ministro.
Nikolas Ferreira, por sua vez, também visitou o CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo), anunciado por Bukele como a maior prisão das Américas. "Fiquei frente a frente com os maiores bandidos do mundo. E sim, aqui os direitos humanos funcionam: sem privilégios, mordomias ou regalias para eles. Somente o firme rigor da lei. Aqui se paga -e muito caro", publicou o deputado nas redes.
Outro que se juntou à romaria e garantiu cliques por lá foi o presidenciável Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. A viagem com sua comitiva, em maio, custou R$ 197 mil aos cofres do estado, como noticiou a Folha.
O Datafolha mostrou que a segurança é o principal problema do Brasil para 16% da população, superando a economia e ficando atrás apenas da saúde. Nas próximas eleições, Bukele deve continuar a ser invocado pela direita radical, que percorreu milhares de quilômetros para garantir o material de campanha.
Silvinei é transferido para Brasília após ser preso no Paraguai em tentativa de fuga
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) Silvinei Vasques foi transferido para Brasília neste sábado (27) para cumprir prisão preventiva. Ele passou a noite em Foz do Iguaçu (PR).
O bolsonarista foi detido no Paraguai na sexta-feira (26), quando tentava embarcar em um voo para El Salvador utilizando um passaporte falso.
Silvinei foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) como participante de um dos núcleos da trama golpista do governo Jair Bolsonaro (PL). Ele aguardava o fim da tramitação do seu caso em liberdade, monitorado por tornozeleira eletrônica.
A defesa de Silvinei solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que o ex-diretor da PRF seja mantido preso em Santa Catarina, preferencialmente em São José ou Florianópolis. Como justificativa, afirmaram que ele possui "vínculos familiares, sociais e profissionais consolidados" no local.
"Circunstância que contribui para a estabilidade da custódia e para a preservação de sua integridade física e psíquica, além de facilitar o exercício pleno da ampla defesa, sem qualquer prejuízo à jurisdição deste Supremo Tribunal Federal", acrescentaram.
Caso o pedido seja negado por Moraes, a defesa pede então que Silvinei seja levado para a Papudinha, unidade da Polícia Militar no Distrito Federal. Os advogados afirmaram que a estrutura é "compatível com casos de elevada exposição institucional, reduzindo riscos objetivos à integridade do custodiado."
A Polícia Federal detectou uma falha no monitoramento da tornozeleira eletrônica de Vasques às 3h do dia 25 de dezembro. Segundo relatos dos agentes, naquele horário o equipamento parou de transmitir o sinal de GPS.
A primeira equipe acionada para verificar a perda de sinal da tornozeleira foi a Polícia Penal de Santa Catarina, por volta das 20h desta quinta (25). Silvinei já não estava em seu apartamento, no município de São José.
Por volta das 23h, uma equipe da Superintendência Regional da Polícia Federal em Santa Catarina esteve no local para apurar um possível descumprimento das medidas restritivas.
Silvinei teria usado um carro alugado para sair do prédio em que morava, em Santa Catarina, em direção ao Paraguai. Horas antes de romper a tornozeleira, o ex-diretor da PRF organizou seus pertences. Vestindo calça de moletom, camiseta e um boné, ele levou até o veículo bolsas, tapetes higiênicos para cachorros e um pitbull.
A PF informou os principais passos de uma tentativa de fuga de Silvinei ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que decretou sua prisão preventiva.
Silvinei Vasques tentou embarcar para El Salvador utilizando um passaporte paraguaio emitido em nome de Julio Eduardo. Ele levava uma carta, na qual dizia ter câncer no cérebro e não conseguir escutar ou falar e que viajaria para fazer um tratamento médico.
Após a tentativa frustrada de fuga de Silvinei Vasques, a Polícia Federal determinou prisão domiciliar para outros condenados pela trama golpista.
Como mostrou a coluna Painel, a PF esteve na casa do ex-assessor internacional da Presidência Filipe Martins para comunicar a decisão. Ele usa tornozeleira eletrônica e tinha autorização para sair de casa durante o dia, agora revogada.
Silvinei engrossa lista de bolsonaristas que buscaram fuga ao exterior
Ex-diretor da PRF (Polícia Rodoviária Federal) condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em julgamento da trama golpista, Silvinei Vasques foi preso nesta sexta-feira (26) no Paraguai. É mais um caso de bolsonarista que tenta deixar o país.
Segundo a Polícia Federal, Silvinei foi detido no aeroporto de Assunção ao tentar embarcar para El Salvador. Ele teria rompido a tornozeleira eletrônica em Santa Catarina, o que levou a PF a monitorar seus deslocamentos.
Neste mês, a Primeira Turma do STF condenou o ex-diretor da PRF a 24 anos e seis meses de prisão por articular medidas para viabilizar um golpe de Estado. Entre as acusações, está a tentativa de dificultar o voto de eleitores do Nordeste nas eleições de 2022.
Silvinei se soma a outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que buscaram sair do país após reveses judiciais: o filho, Eduardo Bolsonaro, a ex-deputada Carla Zambelli e o ex-deputado e ex-diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem.
Relembre.
Eduardo Bolsonaro
O filho 03 do ex-presidente foi o primeiro. Eduardo partiu para os Estados Unidos em março de 2025, na tentativa de convencer o governo de Donald Trump a pressionar e punir o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Meses depois, os EUA cancelaram os vistos de ministros do Supremo e incluíram o nome de Moraes na lista de sancionados pela Lei Magnitsky, aplicada contra corruptos e violadores de direitos humanos. O magistrado já foi retirado do rol.
Em novembro, a Primeira Turma do STF já havia decidido receber uma denúncia contra o ex-deputado federal e torná-lo réu sob a acusação de coação por atuar nos EUA para suspender o processo contra seu pai pela trama golpista.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados cancelou o passaporte diplomático de Eduardo, documento com o qual ele teria entrado no país estrangeiro. A medida ocorreu um dia depois da cassação do mandato do filho do ex-presidente.
Carla Zambelli
A ex-deputada Carla Zambelli foi a próxima. Ela deixou o país após ser condenada por planejar um ataque hacker a sistemas institucionais do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para emitir falsos alvarás de soltura e mandados de prisão.
Mais tarde, os ministros do Supremo também a condenaram pelo episódio em que ela apontou uma arma para um homem na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
Zambelli foi presa na Itália após ação da Polícia Federal brasileira em parceria com policiais italianos. A prisão ocorreu no apartamento onde ela vivia desde que chegou ao país.
Depois de um vaivém na Câmara sobre seu mandato, ela renunciou ao cargo. A ex-deputada agora aguarda a Justiça italiana decidir sobre sua extradição. Ela segue presa.
Alexandre Ramagem
O ex-deputado federal também foi para os Estados Unidos. Segundo informações da PF, ele saiu clandestinamente pela fronteira com a Guiana. Uma investigação tenta identificar quem o ajudou na fuga.
O ex-delegado da PF foi condenado no processo do núcleo principal da trama golpista pelo STF, com o ex-presidente Bolsonaro. Na última semana, Moraes reabriu o processo contra ele. O julgamento de alguns de seus crimes tinha sido suspenso pela Câmara.
Agora, no entanto, a Casa cassou o mandato de Ramagem. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também o demitiu da Polícia Federal.
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