Marcelo Rebelo de Sousa falou à ONU News às margens de sua participação na Assembleia Geral da ONU
Monica Grayley / Agência Onu News - 26/09/2025 07:49:36 | Foto: ONU News
Marcelo Rebelo de Sousa falou à ONU News às margens de sua participação na Assembleia Geral da ONU; segundo ele, o Brasil e demais membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, apostam na tarefa que deve aumentar também influência política das nações lusófonas no cenário geoestratégico.
Portugal estabeleceu em seu 25º Programa de Governo que o português deve se tornar língua oficial das Nações Unidas até 2030.
A proposta de Portugal foi endossada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante o Encontro de Cúpula dos dois países, em Brasília, e posteriormente foi adotada como um projeto de todos os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp.
Futuro sem medo
A declaração é do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Nesta entrevista à ONU News, ele disse acreditar que o prazo de 2030 para “cumprir a promessa” não é curto e que os países podem chegar lá.
“Eu acho que vai dar tempo. Vai sempre a tempo. Aliás, é uma ideia nossa, mas é uma ideia brasileira. É uma ideia de toda a Cplp. E é fundamental porque todo o mundo está aprendendo português. E é fundamental porque é uma língua franca. É uma das cinco línguas mais faladas no mundo. E uma das duas mais faladas no Hemisfério Sul e uma das duas mais faladas no digital. E, portanto, isto significa... Mas não é só língua. É juventude. Não é só juventude. É mobilidade. Claro que este tempo é um tempo anti mobilidade. E é um tempo cheio de hiper nacionalismos, de fechamento, de desconfiança, de medo. É um erro. Ninguém constrói o futuro com medo. Só com esperança.”
A proposta de internacionalizar o português tornando a língua oficial de nove países-membros da Cplp e da Região Administrativa de Macau, na China, foi apresentada pelo Governo de Portugal, em 2008, e confirmada por todos os países do bloco. De lá para cá, algumas ações ocorreram, mas a maior parte da proposta continua no papel.
Academias de línguas na lusofonia
A lusofonia tem hoje mais que o dobro de Academias da Língua, que tinha em 2008. Em 2022, o Brasil iniciou o Instituto Guimarães Rosa para ensino da língua em seus leitorados espalhados pelo mundo. O Instituto Camões, da Cooperação e da Língua, de Portugal, com sede em Lisboa, colabora com outras instituições de língua como a Aliança Francesa para promover o português em várias partes do globo.
Desde então, nasceu também o espaço das Três Línguas: português, espanhol e francês.
Em todo o globo, o português é falado num universo de quase 300 milhões de pessoas. Na diáspora, existem pelo menos 7 milhões de falantes, segundo o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Illp, com sede em Cabo Verde.
Atualmente, a ONU tem seis línguas oficiais: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo.
De volta às salas de aula
O chefe de Estado português é um dos maiores promotores do idioma mantendo a tradição de seu antecessor, o ex-presidente Aníbal Cavaco Silva e outros estadistas portugueses.
Ao ser perguntando nesta entrevista como queria ser lembrado após deixar a Presidência de Portugal, no próximo ano, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa disse que quer ser visto como a mesma pessoa que sempre foi.
“Para dizer como gostaria de ser conhecido é assim: entrei como era, fui como era e saio como era. Isto é: próximo das pessoas. Fui como professor, como comunicador, como político. Mas político dos sem-abrigo, não somente político dos partidos, político dos jovens, políticos dos auscultadores informais, das causas sociais. Fui assim e quero ser assim.”
Mas o projeto pós-reforma já está decidido. Ele deve voltar às salas de aula no ensino secundário para ajudar a formar a juventude e seguir compartilhando suas experiências na construção de um futuro melhor para os portugueses e para todos.
*Monica Grayley é editora-chefe da ONU News Português.
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