A mensagem implícita é clara
Por Eduardo Pedrosa - 17/11/2025 18:18:35 | Foto: Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (d) recebe o primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz (e). Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Um vídeo recente de Friedrich Merz, líder do principal partido de oposição da Alemanha, a União Democrata-Cristã (CDU), discursando após sua participação na COP30 no Brasil, expõe uma verdade inconveniente sobre a agenda ambiental global. Em seu discurso, Merz relata sua experiência no país na companhia de jornalistas alemães. Ao perguntar-lhes quem gostaria de permanecer no país sul-americano, a resposta foi um silêncio unânime. Ninguém levantou a mão. Pelo contrário, todos sentiram-se “aliviados” por retornar à Alemanha. A fala, usada para exaltar a qualidade de vida alemã, inadvertidamente revela a profunda hipocrisia contida nas políticas ambientais que nações ricas buscam impor a países em desenvolvimento como o Brasil.
A mensagem implícita é clara: o modelo de “preservação” que eles defendem para nós gera condições nas quais eles mesmos se recusam a viver. A Alemanha, uma nação que construiu sua prosperidade sobre uma industrialização intensa e a exploração de seus próprios recursos naturais, hoje financia uma narrativa que essencialmente exige que o Brasil abdique de seu potencial para se tornar o “pulmão do mundo”. No entanto, ser o pulmão do mundo parece significar, na visão europeia, um destino de subdesenvolvimento perpétuo.
Essa visão condena a população brasileira a uma realidade sem acesso a saneamento básico, água potável e oportunidades econômicas, enquanto os países desenvolvidos desfrutam dos frutos de um progresso que agora nos é negado. A imposição de barreiras à exploração de nossas vastas riquezas minerais e energéticas não é uma defesa genuína da ecologia, mas uma estratégia geopolítica para impedir que o Brasil se consolide como uma superpotência, capaz de competir em pé de igualdade no cenário mundial.
A fantasia de uma floresta intocada, vendida ao mundo como um ideal nobre, serve como uma cortina de fumaça para manter o Brasil em uma posição de dependência e subordinação. O desenvolvimento é um privilégio que as nações ricas reservam para si, enquanto nos oferecem o papel de guardiões de uma natureza que só pode ser admirada à distância, de preferência do conforto de um país desenvolvido. A fala de Merz não é um deslize, mas um raro momento de sinceridade: o subdesenvolvimento que eles nos impõem é, de fato, inabitável até para eles.
Eduardo Pedrosa
Empresário
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