Denúncia firme da violência, machismo e misoginia é papel do jornalismo

A escala de ódio contra as mulheres tem sido constante no Brasil, resultando em uma epidemia de feminicídios 

Denúncia firme da violência, machismo e misoginia é papel do jornalismo
Denúncia firme da violência, machismo e misoginia é papel do jornalismo

Por monyse Ravena - Portal Bdf - 08/12/2025 11:27:46 | Foto: AKEMI NITAHARA/AGÊNCIA BRASIL

Medo de andar na rua, pânico de ambientes fechados com homens, terror constante dentro de casa, pavor de discordar com homens em ambientes de trabalho. Esses sentimentos estão presentes na rotina das mulheres, no nosso cotidiano. Qualquer ato nosso: se arrumar de menos, se arrumar demais, ter filhos, não ter, se relacionar com homens, com mulheres, roupas longas, roupas curtas. Por qualquer uma dessas coisas, somos mortas. Isso mesmo, mortas.

Cartas, notas, caminhos e compromissos viram letra-morta todos os dias nas páginas da imprensa e nos gabinetes políticos. As ruas têm sido quase os únicos lugares em que a nossa indignação encontra espaço e acolhimento, sempre com outras mulheres de todas as idades, que já vêm ao mundo acompanhadas do medo da morte e da coragem espelhada nas outras.

Na última quinta-feira (4), as mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam a Secretaria de Políticas para a Mulher em São Paulo (SP), denunciando os casos de feminicídio no estado que, é sempre importante lembrar, é governado por um dos ícones da extrema direita, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Segundo a deputada estadual Paula Nunes (Psol), “ o estado de São Paulo não tem explodido em número de violência contra as mulheres à toa. Tem explodido porque não tem uma política consistente, séria, de segurança pública no combate a essa violênci a”.

Outro feito do governador e, até agora, pré-candidato à presidência, foi propor um orçamento para Secretaria de Políticas para a Mulher em 2026 54,4% menor do que a dotação inicial aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025.

A escala de ódio contra as mulheres tem sido constante no Brasil, resultando em uma epidemia de feminicídios que nos assusta, mas também nos mobiliza e desafia o jornalismo a como contribuir para não normalizar a violência de gênero em nosso país. Nos últimos anos, periodicamente, grandes mobilizações feministas ocupam os espaços públicos para intervir na política do nosso país. Os gritos “ele não”, “criança não é mãe” e “parem de nos matar” seguem ecoando em nossos ouvidos.

Dessa situação, é preciso que a imprensa também se responsabilize pelas vezes que classificou feminicídios como “crimes passionais” ou quando relativiza qualquer forma de violência contra as mulheres. Não podemos arriscar, como veículos e como mulheres jornalistas, retroceder na firme denúncia desses crimes de violência que compõem um sistema econômico e político machista e misógino.

No Brasil de Fato, as mulheres têm espaço, voz e atuação para fazer um jornalismo justo e responsável. Se você confia no nosso trabalho, apoie. Com apenas R$ 1 por dia, você ajuda a manter o nosso compromisso fortalecido.

Editado por: Rafaella Coury

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