Guerra e Paz, a mensagem de João Cândido Portinari:

“É o melhor trabalho que eu já fiz. Dedico-o à humanidade”.

Guerra e Paz, a mensagem de João Cândido Portinari:
Guerra e Paz, a mensagem de João Cândido Portinari:

Por Maria José Rocha Lima - 07/01/2024 07:42:57 | Foto: Reprodução Maria José Rocha Lima

Nestes dias que ainda ressoam, em nós, A Celebração do Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2024, não pude evitar a reflexão sobre a grandiosa obra de João Cândido Portinari, Guerra e Paz. São dois grandes painéis expostos na Organização das Nações Unidas – ONU.

“Os painéis foram presenteados à ONU em 1956 e prontamente instalados em um dos pontos de maior relevância da sede, construída em Nova York. ‘Guerra’ se encontra na entrada da Assembleia Geral, enquanto ‘Paz’ foi acondicionada na saída. Assim, o trabalho do brasileiro serve de alerta aos líderes do mundo do que está em jogo durante as assembleias, e qual o objetivo final que se busca: transformar guerra em paz, disse João Cândido, o filho único do pintor, em entrevista à Revista Época, 2015.

Para o filho do pintor, “estamos falando do grande anfiteatro onde se decidem os destinos do mundo, coração e alma da mais importante organização planetária dedicada à luta cotidiana pela Paz Mundial. Esta é uma grande mensagem ética e humanista e que se dirige ao principal problema que o mundo vive hoje em dia: a questão da violência, da não-cidadania, da injustiça social”.

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É voz, quase uníssona, de que “a obra máxima de um dos maiores pintores brasileiros no Plenário da Assembleia Geral das Nações Unidas é um feito sem precedentes”. Cada um dos murais tem 14 metros de altura por dez metros de largura e pesa mais de uma tonelada, mas a grandiosidade das obras não pode ser medida apenas pelo tamanho dos painéis e sim pela tocante mensagem de paz que destina ao mundo.

Em 2023, durante em uma visita à Exposição Portinari Raros, no CCBB- DF, acompanhada por Miguel Lucena, eu me esvaí em lágrimas do início ao fim. E me estranhei, mas ainda hoje li que o próprio Portinari disse certa vez: “O alvo da minha pintura é o sentimento”.

Quase setenta anos depois dos painéis Guerra e Paz, é inevitável destacar o quanto essa mensagem toca nos corações de quem os têm. Que dor pungente sentimos ao assistirmos nos canais de televisão notícias sobre a imensa população de criancinhas esqueléticas, vítimas da fome; quanta dor ao ouvirmos o estrondo de bombas atiçadas sobre hospitais, creches, sobre crianças inocentes, idosos e populares na Ucrânia. Sentimos uma dor lancinante quando vemos as imagens televisivas sobre a Guerra no Congo, que vem deixando milhões de pessoas, de criancinhas ao relento, além das práticas hediondas de estupros a mulheres. Dói acompanhar nas mídias os enormes contingentes de refugiados; a desenfreada fuga de venezuelanos para o norte do Brasil, além da frenética e desesperada saída dos mexicanos em direção aos Estados Unidos. Sem falar do inominável ataque do Grupo Terrorista Hamas a Israel, que provocou uma guerra, sem tempo para acabar. Tudo isto, para falar de situações limites ou de conflitos armados.

Portinari revela que a guerra não se dá apenas pelas armas, mas pelas desigualdades, pela promoção da fome, pelo abandono dos mais pobres.

E a secularização contemporânea produziu a (des) humanidade que segue impiedosa, sem o temor a Deus, sem temer as leis, sem temer a nada, fazendo o que dá na telha, à deriva, buscando nas drogas, no sexo, no consumo, uma tal de felicidade que ela , mesma, nem sabe do que se trata. Agora, entendo melhor Portinari, quando disse: “Só o coração nos poderá tornar melhores, e é essa a grande função da arte”.

Maria José Rocha Lima é Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Doutora em Psicanálise. Foi deputada de 1991-1999. É fundadora da Casa da Educação Anísio Teixeira. Soroptimist International SI Brasília Sudoeste.

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