Mesmo internada, Dona Teresinha homenageia deputados brasilienses

Impressionante que, mesmo no leito de semi-UTI, Dona Teresinha escutou atentamente e juntou delicadamente as duas mãozinhas em gesto de aplauso. Aplaudiu. Não acreditei!

Mesmo internada, Dona Teresinha homenageia deputados brasilienses
Mesmo internada, Dona Teresinha homenageia deputados brasilienses

Por Maria José Rocha Lima* - 14/03/2024 16:36:55 | Foto: Arquivo pessoal  - Maria José Rocha Lima*

Ao conversar hoje com a minha mãe, Dona Teresinha, 92 anos, que está hospitalizada, dei-lhe notícias auspiciosas sobre projetos de Lei de deputadas como Silvye Alves (União-GO); Wellington Luiz, presidente da na Câmara Legislativa do Distrito Federal,(MDB/DF), e Doutora Jane Klébia (MDB/DF), com forte e importante movimento. Disse-lhe que são projetos que poderiam ser da autoria dela, se deputada fosse.

Contei que os projetos obrigam os órgãos públicos a facilitarem o acesso para consulta, pelas entidades de defesa, assistência e proteção dos direitos da mulher, dos dados armazenados em seus sistemas relativos à violência doméstica e familiar, além de outros crimes praticados com violência contra a pessoa ou ameaça.

Impressionante que, mesmo no leito de semi-UTI, Dona Teresinha escutou atentamente e juntou delicadamente as duas mãozinhas em gesto de aplauso. Aplaudiu. Não acreditei! Em seguida, pediu-me para falar mais alto e para que repetisse os nomes dos deputados, como se tivesse a demonstrar cortesia, honra e respeito pelos autores.

Dona Teresinha poderia ser uma precursora dessas leis, de verdade. Ela é uma das mulheres mais altivas, mais corajosas e autônomas das que conheço. Quando ficávamos mocinhas, ela nos apresentava uma lista de recomendações sobre a escolha do namoradinho ou futuro esposo:

Arquivo pessoal

1.Não namorar com rapaz viciado em álcool, nem viciado em jogo;

2.Não namorar com rapaz que não respeitasse sua mãe e seu pai. E ela lembrava o mandamento: “Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra que o Senhor, o teu Deus, te dá”;

  1. Não namorar com rapaz que nos isolasse dos nossos familiares e amigos;
  2. Não namorar homem que agisse de forma provocativa com outras pessoas do mesmo sexo ou sexo oposto, especialmente as pessoas mais humildes (empregados, garçons, lavadores de carro, pessoas que tomam conta de carro);
  3. De jeito algum namorar com homem galanteador, será traição quase certa;
  4. Não namorar com rapaz que lhe põe para baixo, que te diminui;
  5. Não namorar com homem encostado. Na Bahia, aquele que se encosta em mulheres são chamados de encostados, o mesmo que preguiçoso;

8. Não namorar com homem mentiroso, sem palavra. O que ele faz com os outros fará com você;

  1. Nunca namorar com rapaz que já tivesse cometido algum crime; que tenha sido chamado a uma delegacia por prática de violência doméstica, batendo em parentes, irmãos, em alguma namorada etc;
  2. Nunca namorar com rapazes valentões, violentos; nunca, nunca mesmo, aqueles que andassem em bandos, o que ela chamava “caterva” e neologizava, alertando para o cuidado com a catrevagem. Ao sairmos para festas, e morávamos no Largo do Bonfim, ela alertava: “Cuidado com a catrevagem ( pessoas de mau comportamento; vadias, desordeiras).

Dizia que quem ama não priva o outro da liberdade, porque quer ver o outro feliz.

E completava sempre: “Só o Senhor é o meu guia, cabra nenhum me governa”!

Há alguns anos, conversando com uma delegada sobre essas recomendações da minha mãe, recebi uma censura em tom de brincadeira: – Eita, Zezé, sua mãe está propondo antecedentes criminais para a moça namorar alguém. E não é que precisava mesmo?

*Maria José Rocha Lima Maria José Rocha Lima é mestre em educação pela UFBA e doutora em psicanálise. Foi deputada de 1991 a 1999. É diretora na Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas em Psicanálise. – ABEPP-. É presidente da Casa da Educação Anísio Teixeira. É da Organization Soroptimist International- SI Brasília Sudoeste.

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